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Espiritualidade

Espiritualidade

A Misericórdia de Deus e as Ilusões do Pecador

Ne dixeris: Peccavi, et quid mihi accidit triste? Altissimus enim est patiens redditor — “Não digas: Pequei, e que mal me veio daí porque o Altíssimo, ainda que sofrido, é justiceiro” (Eclo 5, 4)

Sumário. Eis aí uma ilusão comum aos pecadores, a qual fez e ainda faz com que muitos se condenem. Os miseráveis dizem: Deus é misericordioso, e assim como no passado tem sido tão indulgente para conosco, sê-lo-á também no futuro. Consideremos, porém, que o Senhor não é só misericordioso, mas também justo. Por isso, quando estiver cheia a medida dos pecados que ele quer perdoar, faz descer os mais formidáveis castigos. Ah! Quantos daqueles que sempre adiavam a sua conversão, confiados na bondade divina, estão agora queimando no inferno!

Deus deve ser o nosso único fim

Meus cibus est, ut faciam voluntatem eius qui misit me, ut perficiam opus eius — “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou, para consumar a sua obra” (Jo 4, 34)

Sumário. Pobre da alma que conserva apego a qualquer bem terrestre com desagrado de Deus! Ela nunca terá paz na vida presente, com grande risco de nem na outra a conseguir. Bem-aventurado, ao contrário, aquele que só busca ao Senhor e pelo amor dele renuncia a todas as coisas! Alcançará a verdadeira liberdade dos filhos de Deus, e mesmo cá na terra terá um antegosto dos bens que lhe estão preparados no céu. Procuremos, pois, em todas as nossas ações, não ter outra coisa em mira, senão o agrado do Senhor, e digamos muitas vezes: Meu Jesus, só a Vós quero, e nada mais.

Maria Santíssima é cheia de Graça

Ave, gratia plena, Dominus tecum — “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28)

Sumário. Querendo a Santíssima Trindade ostentar as suas grandezas, criou a Santíssima Virgem, destinou-a para Mãe do Verbo encarnado, e em vista desta dignidade imensa e incomparável, enriqueceu-lhe a alma bendita de toda a espécie de graças, superiores às repartidas entre todas as criaturas. Por isso a Santíssima Virgem está no céu assentada num trono de majestade, à direita de Jesus Cristo, forma uma hierarquia separada, e só ela dá mais brilho à pátria bem-aventurada do que tudo o mais que há no paraíso. Façamos ato de fé nesta grandeza inefável de nossa querida Mãe, rendamos graças a Deus e unamo-nos aos espíritos angélicos para a amar e bendizer.

Estada amorosa de Jesus no Santíssimo Sacramento

Ecce ego vobiscum sum omnibus diebus, usque ad consummationem saeculi — “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28, 20)

Sumário. O amantíssimo Jesus não quis pela morte ficar separado dos seus fiéis; e por isso instituiu o Santíssimo Sacramento. Já que o Senhor, para nos patentear o seu amor, quis ficar continuamente conosco sobre os altares, também nós, para lhe patentear o nosso amor, devemos visitá-lo frequentemente, e expor-lhe as nossas necessidades. Permaneçamos o mais tempo possível diante do Tabernáculo, e pelo nosso fervor procuremos reparar as muitas ingratidões que Jesus recebe da parte dos homens. Todos os santos acharam cá na terra o seu paraíso na presença de Jesus sacramentado.

Festa das Dores de Maria Santíssima

Compatimur ut et glorificemur — “Padecemos com ela para sermos também com ela glorificados” (cf. Rm 8, 17)

Sumário. Ó! Como aprouve a Deus glorificar já nesta terra as dores da Santíssima Virgem! Primeiro deu-lhe assim ocasião para patentear as suas belas virtudes, e especialmente a sua caridade para com Deus e o próximo. Em segundo lugar fê-la merecer o título glorioso de Rainha dos Mártires. Finalmente, foi pelas suas dores que Maria se tornou Mãe de todos os fiéis e Co-redentora do gênero humano. Se nos quisermos mostrar seus dignos filhos, alegremo-nos com a nossa boa Mãe e esforcemo-nos por a imitarmos, carregando com paciência as nossas cruzes. Assim virá também para nós o dia em que seremos glorificados com ela no céu.

Festa da Exaltação da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo

Mihi absit gloriari, nisi in cruce Domini nostri Iesu Cristi; per quem mihi mundus crucifixus est, et ego mundo — “De mim esteja longe o gloriar-me, senão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo; por quem o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6, 14)

Sumário. Esta terra é um lugar de merecimentos e, portanto, também de sofrimentos. Para nos exortar à paciência, Jesus Cristo levou uma vida de sofrimentos contínuos, e é a exemplo de Jesus que todos os santos abraçaram as tribulações com alegria, de modo que nenhum deles chegou à glória senão por um caminho semeado de espinhos. Que vergonha para nós! Adoramos a santa Cruz, gloriamo-nos de combater sob este estandarte triunfante, de ser herdeiros dos santos, e somos-lhes tão dessemelhantes! Há de ser sempre assim ? Senhor, enviai-me as cruzes que as minhas culpas merecem, mas dai-me também força para carregá-las com paciência.

Do amor a Deus

Diliges Dominum Deum tuum ex toto corde tuo — “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração” (Mt 22, 37)

Sumário. Entre todos os amigos do mundo, onde encontraremos um mais fiel, mais amante do que Deus? Amemo-lo, pois, conforme o seu desejo, de todo o coração, e agradeçamos-lhe muitas vezes o obséquio que nos fez chamando-nos a seu amor. Estejamos certos de que Jesus Cristo não se deixará vencer em amor, e recompensará, cem por um, o que fizermos por amor dele. Cada ato intensivamente perfeito de amor para com Deus, faz-nos adquirir um novo mérito igual a todos os méritos dantes adquiridos.

Festa do Santíssimo Nome de Maria

Et Nomen Virginis Maria — “E o Nome da Virgem era Maria” (Lc 1, 27)

Sumário. O santíssimo Nome de Maria é, depois do de Jesus, superior a todo outro nome, e, assim como o de Jesus, é para nós um nome de salvação, esperança e amor. Procuremos, portanto, tê-lo sempre no coração e nos lábios: em todos os perigos, em todas as angústias, em todas as dúvidas invoquemo-lo sempre juntamente com o do seu divino Filho, dizendo: Jesus e Maria, salvai-me! Lembremo-nos, porém, que para experimentarmos todos os efeitos do nome de Maria, é preciso que imitemos as virtudes daquela que o possui.

A morte é para o Justo o fim de perigos

Absterget Deus omnem lacrimam ab oculis eorum, et mors ultra non erit — “Deus enxugará toda lágrima de seus olhos, e não haverá mais morte” (Ap 21, 4)

Sumário. Se alguém habitasse uma casa cujas paredes ameaçam ruína, cujas traves e telhado estremecem, quanto não desejaria sair dela? É este exatamente o nosso caso durante a vida terrestre; o mundo, o inferno e as paixões levam-nos ao pecado e nos ameaçam com ruína irreparável. Como, pois, a morte é desejável para o bom cristão! Que grande obséquio faz Deus a uma alma chamando-a a si, enquanto está na sua amizade!