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Espiritualidade

Espiritualidade

Do juízo particular

O Juízo Particular

Confira as importantes advertências de Santo Afonso para bem aproveitar esta obra!

CONSIDERAÇÃO XXIV

Omnes nos manifestari oportet ante tribunal Christi - "Porque é necessário que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo" (2 Cor 5, 10)

PONTO I

Consideremos o comparecimento do réu, a acusação, o exame e a sentença deste juízo. Primeiramente, quanto ao comparecimento da alma perante o juiz, dizem comumente os teólogos que o juízo particular se efetua no mesmo instante em que o homem expira, que no próprio lugar onde a alma se separa do corpo é julgada por Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual não delega seu poder, mas vem ele mesmo julgar esta causa.

“Na hora que não cuidais, virá o Filho do homem” (Lc 12,40).

“Virá com amor para os fiéis — disse Santo Agostinho — e com terror para os ímpios”.

Qual não será o espanto daquele que, vendo pela primeira vez o seu Redentor, vir também a indignação divina!
“Quem poderá subsistir ante a face de sua indignação?” (Na 1,6)
Meditando nisto, o Padre Luís de la Puente estremecia de tal modo, que a cela em que se achava tremia com ele. O venerável Padre Juvenal Ancina se converteu ao ouvir cantar o Dies irae, porque, considerando o terror que se apodera da alma quando se apresentar em juízo, resolveu deixar o mundo, o que efetivamente fez.

Necessidade da oração

Crianças orando

Oportet semper orare et non deficere - “É preciso orar sempre e não deixar de o fazer” (Lc 18, 1)

Sumário. É certo que Deus, excetuando as primeiras graças, tais como a vocação para a fé ou penitência, nenhuma outra graça concede em regra geral (e menos ainda a perseverança) senão àquele que ora. Pelo que a oração é necessária aos adultos por necessidade de meio, de modo que o que ora, certamente se salva e o que não ora, certamente se condena. Este será o maior motivo de desespero para os réprobos, verem que tão facilmente se podiam salvar pela oração e que não há mais tempo para orar. Meu irmão, como usaste até hoje deste grande meio?

Dos enganos que o inimigo sugere ao pecador

A Tentação, pintura por André Jacques Victor Orsel, 1832
A Tentação, pintura por André Jacques Victor Orsel, 1832

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CONSIDERAÇÃO XXIII

(Apesar de que muitos pensamentos incluídos nesta meditação já tenham sido considerados nas precedentes, é útil, todavia, compendiá-los e reuni-los aqui a fim de combater os enganos usuais de que se serve o demônio para iludir os pecadores à reincidência em suas culpas.)

PONTO I

Imaginemos que um jovem, réu de graves pecados, se confessou e recobrou a graça divina. O demônio tenta-o novamente, a fim de que recaia em seus pecados. O jovem resiste no princípio, mas começa a vacilar em vista das ilusões que o inimigo lhe sugere.
“Meu irmão — lhe direi — que queres fazer? Desejas, porventura, sacrificar a uma vil satisfação essa excelsa graça de Deus, que reconquistaste, e cujo valor excede ao do mundo inteiro? Queres firmar por tuas próprias mãos a tua sentença de morte eterna e condenar-te a sofrer para sempre no inferno?” — “Não — responder-me-ás — não quero condenar-me, mas salvar a minha alma. Mesmo que cometa esse pecado, confessá-lo-ei logo...”
Tal é a primeira sugestão do tentador. Confessar-se depois! Entretanto, perde-se a alma! Dize-me: se tivesses na mão uma formosa joia de altíssimo valor, lançá-la-ias ao rio, dizendo: procurá-la-ei com cuidado, pois espero encontrá-la? Tens entretanto, em tua mão, essa joia riquíssima de tua alma, que Jesus Cristo resgatou com seu sangue.

Das penas do Inferno

Das penas do Inferno

Omnis dolor irruet super eum - “Toda a sorte de dores virá sobre ele” (Jó 20, 22)

Sumário. É artigo de fé que há um inferno, isto é, uma prisão miserabilíssima toda cheia de fogo, onde cada sentido e cada faculdade do réprobo sofrem uma pena particular. Enquanto fazemos esta meditação, tantos cristãos desgraçados, talvez da mesma idade que nós, talvez conhecidos nossos, estão ardendo nessa fornalha ardente, sem a mínima esperança de saírem de lá. Reflete agora, meu irmão: qual é o estado de tua consciência? Se o Senhor te deixasse morrer na primeira noite, para onde iria a tua alma?

Dos mau hábitos

Maus hábitos causam cegueira

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CONSIDERAÇÃO XXII

Impius, cum in profundum venerit peccatorum, contemnit - "O ímpio, depois de ter caído no abismo dos pecados, tudo despreza" (Pr 18, 3)

PONTO I

Uma das maiores desventuras que nos legou a culpa de Adão é a nossa propensão ao pecado. Dela se lamenta o Apóstolo, sentindo-se levado pela concupiscência ao próprio mal que aborrecia:
“Veio outra lei a meus membros que... me leva preso à lei do pecado” (Rm 8,25)
Resulta daí que nós, infeccionados de tal concupiscência e cercados de tantos inimigos que nos incitam ao mal, dificilmente chegaremos sem culpa à glória. Reconhecida, pois, esta fragilidade a que estamos sujeitos, pergunto eu:
“Que dirias de um viajante que, devendo atravessar o mar durante forte tempestade e num barco meio avariado, quisesse carregá-lo com tal peso que, mesmo que não houvesse tempestade e ainda que o navio fosse de construção resistente, bastaria para fazê-lo soçobrar?..."
Que prognóstico formarias sobre a vida deste viajante? Pois pensa o mesmo do indivíduo de maus hábitos e costumes, que deve cruzar o mar tempestuoso da vida, em que tantos naufragam, num barco frágil e avariado, como é nosso corpo no qual viaja a alma. Que sucederá se o carregarmos ainda com o peso irresistível dos pecados habituais? É difícil que tais pecadores se salvem, porque os maus hábitos cegam o espírito, endurecem o coração e ocasionam provavelmente a obstinação completa na hora da morte. Primeiramente, o mau hábito nos cega. Qual o motivo que fazia os Santos implorar incessantemente a luz divina, temendo converter-se nos pecadores mais abomináveis do mundo? É porque sabiam que, se chegassem a perder a luz divina, poderiam cometer culpas horrendas.

A filha de Jairo, a hemorroíssa, e a alma pecadora

Ressurreição da filha de Jairo

23º Domingo depois de Pentecostes

Domine, filia mea modo defuncta est: sed veni, impone manum tuam super em et vivet - “Senhor, nesta hora acaba de expirar minha filha; mas vem, impõe sobre ela a tua mão, e viverá” (Mt 9, 18)

Sumário. Meu irmão, se porventura te achares enfermo espiritualmente por causa do pecado, imita a hemorroíssa, da qual nos fala o Evangelho, chega-te a Jesus, na pessoa de seu representante, o sacerdote, no sacramento da penitência. Se, como espero, a consciência não te acusa de pecado grave, imita a confiança de Jairo, e roga ao Senhor faça reviver espiritualmente tantos pecadores, teus irmão. Considera, porém, atentamente que não seja daqueles que têm o nome de vivos e estão mortos ou moribundos por causa de sua tibieza.

Maria Santíssima, modelo de Oração

Maria, modelo de Oração

Oportet semper orare et non deficere - “Importa orar sempre e não cessar de o fazer” (Lc 18, 1)

Sumário. Desde o instante em que a Santíssima Virgem recebeu a vida, e com esta o uso perfeito da razão, começou também a orar e nunca mais deixou de orar até ao seu último suspiro. Se Maria, tão santa e imaculada, foi tão amante da oração, quanto mais nós a devemos amar, que estamos tão propensos ao mal e temos inimigos tão fortes que combater? À imitação de nossa querida Mãe, habitemos com os nossos afetos no céu, nunca percamos de vista a eternidade e seja a oração o nosso único ornato.

Sexta palavra de Jesus Cristo na Cruz

"Tudo está consumado" - Sexta palavra de Jesus na Cruz

Cum ergo accepisset Jesus acetum, dixit: Consummatum est - “Jesus, havendo tomado o vinagre, disse: Tudo está consumado” (Jo 9, 30)

Sumário. Consideremos como Jesus moribundo, antes de expirar, percorreu em espírito toda a sua vida. Viu todos os seus trabalhos penosos, as suas dores, as ignomínias suportadas e tudo isso ofereceu-o de novo a seu eterno Pai para a salvação do mundo. Em seguida, virando-se para nós, disse: Tudo está consumado. — Foi como se dissesse: “Ó homens, nada mais tenho a fazer para ser amado por vós; tempo é que afinal resolvais amar-me.” Amemos, portanto, a Jesus e provemos-Lhe nosso amor fazendo e sofrendo alguma coisa por seu amor, assim como Ele fez e sofreu tanto por nosso amor.

Vida infeliz dos pecadores e vida ditosa do que ama a Deus

"Meu Deus, meu tudo!" (São Francisco de Assis)
"Meu Deus, meu tudo!" (São Francisco de Assis)

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CONSIDERAÇÃO XXI

Non est pax impiis, dicit Dominus - "Não há paz para os ímpios, disse o Senhor" (Is 58, 24)

Pax multa diligentibus legem tuam - "Muita paz para os que amam tua lei" (Sl 118, 65)

PONTO I

Nesta vida, todos os homens se esforçam para conseguir a paz. Trabalham o comerciante, o soldado, o advogado, porque pensam que, realizando tal negócio, obtendo tal promoção, ganhando tal demanda, alcançarão os favores da fortuna e poderão gozar da paz. Mas, ó pobres mundanos, que procurais a paz no mundo, que não a pode dar! Deus somente no-la pode dar. Dá a teus servos, — diz a Igreja em suas preces, — aquela paz que o mundo não pode dar. Não, não pode o mundo com todos os seus bens satisfazer o coração humano, porque o homem não foi criado para essa espécie de bens, mas unicamente para Deus; de modo que somente em Deus pode encontrar felicidade e repouso. O ser irracional, criado para gozos materiais, procura e encontra a paz nos bens terrestres. Dai a um jumento um feixe de capim, dai a um cão um pedaço de carne, e ficarão satisfeitos, sem desejar mais coisa alguma. Mas a alma, criada para amar a Deus e unir-se a ele, não encontra paz nos deleites sensuais; só Deus a pode fazer plenamente feliz. Aquele rico de que fala São Lucas tinha obtido de seus campos abundantíssima colheita, e dizia de si para consigo:
“Minha alma, agora possuis bens abundantes, armazenados para muitos anos; descansa, come, bebe...” (Lc 12,19)
Mas este rico infeliz foi chamado louco, e com toda a razão, diz São Basílio.
“Desgraçado — exclama o Santo. Acaso, te equiparas a um animal e pretendes contentar tua alma com beber e comer e com os deleites sensuais?"

O que tenha de fazer a alma na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento

Santo Sacramento de Amor

Delectare in Domino, et dabit tibi petitiones cordis tui - “Deleita-te no Senhor, e te outorgará as petições do teu coração” (Sl 36, 4)

Sumário. Estas palavras ensinam-nos como temos de nos haver na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento. Diante do tabernáculo, agradeçamos ao Senhor os muitos benefícios que nos fez, especialmente o querer Ele ficar conosco sobre o altar; amemo-Lo com todas as nossas forças e ofereçamo-nos a Ele sem reserva. Afinal supliquemos a Jesus Cristo as graças de que necessitamos, principalmente o aumento do amor e a união à sua vontade divina. Oh! Se nós soubéssemos aproveitar bem da companhia de nosso divino amante, em breve seríamos todos santos.