Existe uma palavra aramaica, Gebirah, que significa "Rainha Mãe. Tradicionalmente, ao lado do trono do Rei, existe um segundo trono. Muitos afirmariam que o segundo trono pertenceu à esposa do Rei, mas em Israel ele pertencia à mãe do Rei. A Gebirah era uma posição oficial e que era conhecida por todos (inclusive por Jesus e seus discípulos). Sua função era ser advogada do povo; qualquer pessoa que tinha um pedido ou solicitava uma audiência com o Rei fazia-o através dela. Ela era uma intercessora, apresentando os desejos e interesses do povo para o Rei. Isto não significa que o Rei era inacessível, ou que o povo tinha medo ou era incapaz de falar com ele. Isso meramente significava que o Rei honrava sua mãe e tratava os pedidos dela com especial consideração. Da parte das pessoas do povo, elas se sentiam muito próximos à ela, como se fossem também seus filhos. Tal função é mencionada em:
1Reis 15,13:
"Até Maaca, sua avó, depôs da dignidade de rainha-mãe".
2Reis 10,13:
"Somos irmãos de Acazias, e descemos a saudar os filhos do rei e os filhos da rainha-mãe".
Jeremias 13,18:
"Dize ao rei e à rainha-mãe: humilhai-vos, e assentai-vos no chão".
Positusque est thronus matri regis, quae sedit ad dexteram eius - “Foi posto um trono para a mãe do rei, a qual se assentou à sua mão direita” (1 Rs 2, 19)
Sumário. O ofício da Santíssima Virgem no céu é compadecer-se dos miseráveis e socorrê-los, pois que exatamente para este fim o Senhor a constituiu Rainha de Misericórdia. Se nos quisermos salvar, recorramos com confiança a esta amada Mãe. A nossa confiança deve ser tanto maior quanto mais profunda for a nossa miséria, porque os miseráveis são destinados a ser a sua coroa de glória no paraíso. É, porém, mister que tenhamos a vontade de nos emendarmos.
Et Iesus proficiebat sapientia et aetate et gratia apud Deum et homines - “E Jesus crescia em sabedoria, e em idade e em graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52)
Sumário. Posto que Jesus, desde o primeiro instante de sua vida, estivesse enriquecido de todos os carismas celestiais; contudo, crescendo em idade, crescia também em sabedoria, isso é, manifestava-a mais e mais. No mesmo sentido se diz que crescia em graça diante de Deus e dos homens. Nós também, com o progredir dos anos, devíamos ter crescido no amor, mas talvez tenha aumentado a nossa tibieza e culpabilidade. Imploremos o perdão do Senhor com o propósito de sermos para o futuro mais fervorosos.
Descendit (Iesus) cum eis, et venit Nazareth, et erat subditus illis - “Desceu (Jesus) com eles, e veio para Nazaré e lhes estava sujeito” (Lc 2, 51)
Sumário. De volta do Egito, São José foi para a Galiléia e fixou a sua morada na pobre casa de Nazaré. Foi portanto ali que o Filho de Deus passou na obscuridade e no desprezo o resto de sua infância e mocidade, até a idade de trinta anos, a fim de nos ensinar a vida humilde, recolhida e oculta. E apesar disso há tantos cristãos tão orgulhosos, que só ambicionam ser vistos e honrados!... Examinemo-nos, se por ventura somos do número desses ambiciosos.
Videbunt Filium hominis venientem in nubibus coeli, cum virtute multa et maiestate - “Eles verão o Filho do homem, que virá sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade” (Mt 24, 30)
Sumário. Eis que se abrem os céus e os anjos vêm assistir ao juízo trazendo as insígnias da Paixão de Jesus Cristo, e especialmente a Cruz. Vêm depois os santos apóstolos e todos os seus imitadores; vem a Rainha dos Santos, Maria Santíssima, e por fim o eterno Juiz mesmo, que, sentado num trono de majestade e de luz, procederá ao exame. Reflitamos aqui: O que será de nós nesse dia? Que desculpas poderemos alegar, se por ventura formos condenados?
Ego dilecto meo, et ad me conversio eius - “Eu sou para o meu amado e Ele para mim se volta” (Ct 7, 10)
Sumário. Meu irmão, cuida em expulsar do teu coração tudo que não seja Deus, ou não conduza ao seu amor e consagra-te a Ele inteiramente e sem reserva. Não será justo por ventura que sejas todo daquele que se fez todo teu? Além disso lembra-te de que Jesus Cristo ama mais uma alma que inteiramente se Lhe consagra do que mil almas tíbias e imperfeitas. São as almas generosas e todas de Deus que estão destinadas a preencher o coro dos Serafins.
A cidade eterna, Roma, atrai constantemente uma multidão de peregrinos, vindos de todos os pontos do mundo. Na verdade, fora a Terra Santa, cujo solo foi pisado pelo Filho de Deus, e fora a nossa terra natal, em cujo seio repousam os restos dos nossos antepassados, não há em todo o universo, lugar tão santo, para os cristãos, como o solo de Roma. Mas não é a vetusta capital do mundo antigo que nos entusiasma. Nem tão pouco é a cidade de incomparáveis obras-primas que nos inflama. O que amamos é a pedra fundamental que está em Roma, e sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja. Amamos o coração que pulsa em Roma, e faz circular a vida cristã nos membros da Igreja universal. Amamos a cabeça que, de Roma, dá as suas diretrizes, e promulga a doutrina cristã no mundo inteiro. Amamos a mão paternal que, de Roma, se eleva abençoando o mundo inteiro. É nisso que consiste o atrativo misterioso da “Roma eterna”.
Vidi in omnibus vanitatem et afflictionem animi - “Vi em tudo vaidade e aflição do ânimo” (Ecl 2, 11)
Sumário. Os irracionais que foram criados para a satisfação dos sentidos acham a felicidade nos bens da terra, e possuindo-os nada mais desejam. A alma humana, porém, criada para amar a Deus e estar-lhe unida, nunca achará a paz nos prazeres dos sentidos, como demasiadamente prova a experiência. Só Deus pode contentá-la plenamente. Qual não será, pois a nossa loucura, se, deixando o Senhor, corrermos atrás dos bens falazes do mundo!
Amen dico vobis: non inveni tantam fidem in Israel - “Em verdade vos digo: não achei tamanha fé em Israel” (Mt 8, 10)
Sumário. Prouvera a Deus que todos os cristãos imitassem a fé do Centurião! Então o Senhor não terá de dirigir-lhes também a eles a queixa: “Não achei tamanha fé em Israel”. Mas infelizmente é demasiadamente grande o número dos homens de meia fé, dos que creem nos dogmas do Evangelho sem se importar com a observância das suas máximas. Os infelizes! Tal fé repartida servir-lhes-á de maior condenação perante o tribunal de Jesus Cristo.
Quando um não católico quer insultar gravemente um católico, quando pensa na maneira como feri-lo vivamente em pleno coração, diz-lhe com um tom de superioridade e com um ar de desprezo: “Papista!”. E crê, assim, cobrir de vergonha o seu interlocutor, pois não pode imaginar maior injúria e ofensa do que chamar alguém de “papista”, isto é, um fiel do papa. Realmente, é assim que fala todo homem sem reflexão. É assim que fala todo aquele que não sabe nada de História. Mas aquele que conhece, mesmo nas grandes linhas apenas, a História do mundo, - seja qual for a sua religião, seja ele judeu ou muçulmano, - esse não pode recusar o seu respeito ao papado, a essa instituição que tem feito o máximo no mundo, no interesse da civilização intelectual e material, da justiça e do direito. Na verdade, para nós, católicos, não é esse o maior mérito do papado. Somos agradecidos ao papa, primeiramente e antes de tudo, porque ele conserva na sua pureza, sem alteração, a doutrina de Cristo, e porque ele é “a pedra” que sustenta inabalavelmente a Igreja de Cristo. Sim, eis ai, porque lhe somos gratos em primeiro lugar. Mas vale a pena examinarmos também os méritos do papa em relação ao mundo, afim de ainda aumentarmos com isso o respeito que lhe tributamos. Vale a pena considerarmos agora o papado não só com os olhos de católico, mas ainda o estudarmos, colocando os seus méritos na balança da História, para encararmos, do ponto de vista puramente humano, se é realmente uma vergonha sermos chamados “papistas”, ou se, antes, não devemos bater ufanamente no peito, dizendo: “Deus seja louvado por ser eu um papista”.