Sumário. O que os pecadores mais receiam na terra é a morte, mas no inferno será a morte o que mais desejarão e nunca obterão. Ali a morte fará seu repasto nos condenados; mata-os a todos os instantes, mas deixa-lhes a vida para continuar eternamente a infligir-lhes o mesmo tormento. Se quisermos evitar tamanha desgraça, lembremo-nos frequentes vezes da eternidade no tempo de vida que nos resta, e meditemos nestas duas palavras: Sempre! Nunca! Quantos grandes pecadores se converteram por meio desta meditação e são agora grandes Santos no céu!Sicut oves in inferno positi sunt; mors depascet eos - “Como ovelhas são postos no inferno; e eles serão pasto na morte” (Sl 48, 15)
“Senhor, por que estás tão longe e Te escondes no tempo da angústia?”Por que, Senhor, és um Deus fugidio? Por que parece que não ligas para nossas angústias, para o sofrimento dos Teus, para o grito dos oprimidos desta vida? Tu não és amor? Não és providência? Não és piedade e compaixão? Por que, então fazes assim? Por que parece até que não existes, que fugiste deste nosso tempo de dores, impiedades e descrença?
Sumário. É sobretudo por três motivos que o Senhor permite que as suas mais queridas almas sejam mais frequente e fortemente tentadas: para as conservar na humildade, para as desapegar da terra, e para as enriquecer de merecimentos. Cada tentação vencida é uma pedra preciosa engastada em nossas coroa celestial. Nem por isso devemos desejar as tentações; mas quando o demônio nos assalta, sem que lhe tenhamos dado ocasião, entreguemo-nos a Deus e não temamos; pois, se ele nos lança ao combate, dar-nos-á também com a tentação a força para resistir.Fidelis Deus est, qui patietur vos tetari supra id quod potestis; sed faciet etiam cum tentatione proventum - “Deus é fiel, e não permitirá sejais tentados mais do que podem as vossas forças; antes fará que tireis proveito da tentação” (1 Cor 10, 13)
Sumário. A sombra sinistra da morte escurece o brilho de todos os cetros e coroas; faz-nos compreender que o que o mundo estima não é senão fumaça, lodo e miséria. Com efeito, para que servem as riquezas, as dignidades e as honras, já que depois da morte não nos restará nada senão um caixão, dentro do qual nosso corpo se corromperá? Para que serve a beleza e a saúde do corpo, já que afinal não restará nada senão um punhado de pó nojento e alguns ossos descarnados? Nossas obras somente acompanhar-nos-ão para a eternidade. Todavia quão poucos são os que procuram fazer provisão de boas obras?Qui utuntur hoc mundo, tamquam non utantur; praeterit enim figura huius mundi - “Os que usam deste mundo, sejam como se não usassem; porque a figura deste mundo passa” (1 Cor 7, 31)
17º Domingo depois de Pentecostes
Sumário. Eis aí a bela resposta que Jesus deu ao fariseu que lhe perguntou sobre qual era o maior preceito da lei: “Amarás”, disse-lhe, “o Senhor teu Deus de todo o teu coração... Este é o máximo e o primeiro mandamento. E o segundo é semelhante a este: Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Nestes dois mandamentos está encerrada toda a lei e os profetas.” Meu irmão, como é que praticas o grande mandamento da caridade? Amas a teu Senhor de todo o teu coração?... Amas a teu próximo como a ti mesmo?In his duobus mandatis universa lex pendet et prophetae - “Nestes dois mandamentos está encerrada toda a lei e os profetas” (Mt 22, 40)
Sumário. O Rei do céu deseja sumamente enriquecer-nos das suas graças; mas como da nossa parte é necessária a confiança, afim de aumentá-la em nós, nos deu por Mãe e Advogada a sua própria Mãe, a quem deu todo o poder para nos ajudar. Por isso quer o Senhor que nela ponhamos a esperança de nossa salvação e de todo o nosso bem. Qual não deve, pois, ser nossa gratidão para com a bondade divina! Qual a confiança que devemos ter em Maria!In me omnis spes vitae et virtutis - “Em mim há toda a esperança da vida e da virtude” (eclo 24, 25)
Sumário. A vida do Redentor foi destituída de qualquer consolação; porquanto os suplícios que devia sofrer até à morte eram-Lhe em todo tempo presentes. O que, porém, O afligia não era tanto esta previsão, como a vista dos pecados que os homens haviam de cometer e a eterna perdição que dali havia de provir. Quando nos acharmos em desolação, animemo-nos unindo a nossa desolação à de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, lembremo-nos de que pelos nossos pecados temos também concorrido para afligir e contristar o seu amabilíssimo Coração.Magna est velut mare contritio tua. Quis medebitur tui? - “É grande como o mar o teu desfalecimento; quem te remediará?” (Lm 2, 13)
“Um senhor de Angers encontrava-se na pradaria de Marillais, na noite de 8 de setembro daquele ano, quando ouviu os anjos cantando no Céu. Perguntou-lhes qual o motivo do cântico. Responderam-lhe que cantavam em razão de sua alegria pelo nascimento de Nossa Senhora durante a noite daquele dia”.
O Poço e o Túnel
O teólogo belga Jacques Leclecq usa uma comparação sugestiva. Diz que muitos são como um homem que vive agachado no fundo de um poço, estreito, escuro e cheio de lama. Não é um poço alto. Bastaria que fizesse o esforço de ficar em pé, de apoiar as mãos na borda do poço, retesar os músculos e erguer-se até colocar a cabeça para fora. Veria, então, um panorama maravilhoso: campos verdejantes, caminhos, riachos, montanhas ao longe, cidades... Uma paisagem que poderia ser para ele um mundo novo, um mundo maravilhoso, se se decidisse a sair do poço. Quando alguém começa a ter presença de Deus, sai do poço; ou então, sai de dentro de um túnel, como dizia São Josemaria, mostrando, além disso, em que consiste este “mundo novo”:"Alguns passam pela vida como por um túnel, e não compreendem o esplendor e a segurança e o calor do sol da fé" (Caminho, n. 575).
Sumário. Posto que o Senhor esteja sempre disposto a nos conceder as suas graças, dispensa-as todavia com mais largueza no tempo da missa aos rogos do sacerdote, juntos aos de Jesus Cristo que é o oferente principal. Os mesmos anjos aproveitam o tempo da missa para intercederem mais eficazmente em nosso favor; e o que então se não obtém, obter-se-á dificilmente em outro tempo. Que tesouros podemos, pois, ajuntar pela celebração devota do divino sacrifício e pela sua devota assistência!In omnibus divites facti estis in illo - “Em todas as coisas fostes enriquecidos nele” (1 Cor 1, 5)