Sumário. Para a nossa salvação, é mister que no dia do juízo a nossa vida se ache conforme à de Jesus Cristo. Esforcemo-nos, pois, por imitar os exemplos luminosos de virtude que Ele nos dá continuamente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia: a sua humildade profunda, a sua mansidão inalterável, aceitando de boa vontade o que Deus manda. Para suprirmos ao que nos falta, ofereçamos a Deus muitas vezes, e particularmente na missa, os merecimentos do divino Redentor.Qui appropinquant pedibus eius, accipient de doctrina illius - “Os que chegam a seus pés, receberão da sua doutrina” (Dt 33, 3)
Sumário. Imaginemos ver uma alma que faz a sua primeira entrada no céu. Ó Deus! Qual será a sua consolação ao entrar pela primeira vez nessa pátria bem-aventurada, ao ver os parentes e amigos, os Anjos e os Santos; ao beijar os pés de Maria Santíssima, ao receber os amplexos de Jesus Cristo; ao ser abençoada pelo Pai celestial. Pois bem, é um ponto de nossa fé que gozaremos igual consolação, contanto que vivamos bem, ao menos durante o tempo que ainda nos resta. Ó dulcíssima esperança, tu nos deves confortar no meio das nossas mais duras tribulações.Laetatus sum in his, quae sunt mihi; in domum Domini ibimus - “Eu me alegrei no que me foi dito: iremos à casa do Senhor” (Sl 121, 1)
Sumário. Vendo tantos ímpios em prosperidade e tantos justos em tribulação, os próprios pagãos, guiados pela luz da razão, reconheceram que a terra não é nossa pátria, mas somente um lugar de passagem e de merecimento. Quão insensatos, pois, somos, se, sendo cristãos e crendo as verdades da fé, nos afeiçoamos aos bens deste mundo, do qual teremos de sair um dia e, entretanto, nos descuidamos de construir com as boas obras uma morada no outro mundo, onde ficaremos por toda a eternidade!Non enim habemus hic manentem civitatem, sed futuram inquirimus - “Não temos aqui cidade permanente, mas procuramos a futura” (Hb 13, 14)
Sumário. Deus não costuma geralmente falar-nos no meio dos tumultos e negócios mundanos, pelo receio de não ser entendido. Quando quer elevar uma alma a um grau eminente de perfeição, excita-a a que se retire para algum lugar solitário, longe da conversação com as criaturas. Ali é que lhes fala ao coração, as ilumina e abrasa em seu amor divino. Se quisermos, pois, ouvir a voz de Deus, amemos a solidão e procuremos, o mais possível, ter vida retirada afim de tratarmos a sós com Deus.Ducam eam in solitudinem, et loquar ad cor eius - “Eu a levarei à solidão e lhe falarei ao coração” (Os 2, 14)
Confira as importantes advertências de Santo Afonso para bem aproveitar esta obra!
CONSIDERAÇÃO XI
Fili, conserva tempus - "Filho, aproveita o tempo" (Sr 4, 23)
PONTO I
Diligencia, meu filho, — diz o Espírito Santo, — em empregar bem o tempo, porque é a coisa mais preciosa, riquíssimo dom que Deus concede ao homem mortal. Até os próprios gentios tinham conhecimento de seu valor. Sêneca dizia que nada pode equivaler ao valor do tempo. Com maior estimação ainda o apreciaram os Santos. Afirma São Bernardino de Sena que um só momento vale tanto como Deus, porque nesse instante, com um ato de contrição ou de amor perfeito, pode o homem adquirir a graça divina e a glória eterna. O tempo é um tesouro que só se acha nesta vida, mas não na outra, nem no céu, nem no inferno. É este o grito dos condenados: Oh! se tivéssemos uma hora!”... Por todo o preço comprariam uma hora a fim de reparar sua ruína; porém, esta hora jamais lhes será dada. No céu não há pranto; mas se os bemaventurados pudessem sofrer, chorariam o tempo perdido na sua vida mortal, o qual lhes poderia ter servido para alcançar grau mais elevado na glória; porém, já se passou a época de merecer. Uma religiosa beneditina, depois da morte, apareceu radiante de glória a uma pessoa e lhe revelou que gozava plena felicidade, mas, se algo pudesse desejar, seria unicamente voltar ao mundo para sofrer mais e assim alcançar maior mérito. Acrescentou que de boa vontade sofreria até ao dia do juízo a dolorosa enfermidade que a levou à morte, contanto que conseguisse a glória que corresponde ao mérito de uma só Ave Maria.19º Domingo depois de Pentecostes
Sumário. Pelo banquete do qual fala o Evangelho de hoje, entende-se a doutrina católica, os sacramentos e a abundância das graças celestiais. Como filhos da Igreja católica, somos do número dos convidados, e portanto, agradeçamos sempre a Jesus Cristo tão grande favor que nos foi concedido com preferência a tantos outros. Cuidemos, porém, que estejamos vestidos da veste nupcial, isto é, da graça santificante, afim de não sermos, cedo ou tarde, lançados às trevas exteriores, no inferno. Quantos cristãos não se perdem, porque as obras não respondem à fé que professam!Simile factum est regnum caelorum homini regi, qui fecit nuptias filio suo - “O reino dos céus é semelhante a um rei que fez núpcias para seu filho” (Mt 22, 2)
Sumário. A Santíssima Virgem amava tanto a solidão, que, sendo ainda criança de três anos apenas, deixou seus pais e foi encerrar-se no templo. Imagina, pois, a que grau de recolhimento e de união com Deus deve ela ter chegado quando, feita Mãe de Deus, teve a sorte feliz de viver tantos anos com Jesus Cristo. Se aspiras a honra de ser filho de Maria, aplica-te com todo o cuidado a sua imitação, levando uma vida solitária e retirada. Por isso, ama o silêncio, conserva-te sempre na presença de Deus, e volve-te muitas vezes a Ele por meio de fervorosas orações jaculatórias.Quae est ista, quae ascendit de deserto... innixa super dilectum suum? - “Quem é esta que sobe do deserto... firmada sobre o seu amado?” (Ct 8, 5)
Sumário. Ó ternura do amor de Jesus! Os judeus, depois de O pregarem na cruz, injuriam-No e prorrompem em blasfêmias. Ao mesmo tempo, Jesus, movido pelo desejo de salvar a todos, volve-se ao Pai Eterno, roga-Lhe pelos que O crucificaram e procura desculpar o crime. Meu irmão, se pelos nossos pecados temos renovado a crucifixão do Senhor, não desanimemos; porque Jesus nos abrangeu também em sua oração. É, porém, necessário que Lhe imitemos o exemplo, perdoando a nossos inimigos e dando o bem pelo mal.Pater, dimitte illis: non enim sciunt quid faciunt - “Pai, perdoai-lhes; pois não sabem o que fazem” (Sl 118, 131)
Por Dom Henrique Soares da Costa
Sei que o título desde texto é instigante. Ele se inspira no Catecismo da Igreja (nn. 31-43):II. Os caminhos de acesso ao conhecimento de Deus 31. Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, c homem que procura Deus descobre certos «caminhos» de acesso ao conhecimento de Deus. Também se lhes chama «provas da existência de Deus» – não no sentido das provas que as ciências naturais indagam mas no de «argumentos convergentes e convincentes» que permitem chegar a verdadeiras certezas. Estes «caminhos» para atingir Deus têm como ponto de partida criação: o mundo material e a pessoa humana. 32. O mundo: A partir do movimento e do devir, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode chegar-se ao conhecimento de Deu: como origem e fim do universo. São Paulo afirma a respeito dos pagãos: «O que se pode conhecer de Deus manifesto para eles, porque Deus lho manifestou. Desde a criação do mundo, a perfeições invisíveis de Deus, o seu poder eterno e a sua divindade tornam-se pelas suas obras, visíveis à inteligência» (Rm 1, 19-20) (8). E Santo Agostinho: «Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar interroga a beleza do ar que se dilata e difunde, interroga a beleza do céu [...] interroga todas estas realidades. Todas te respondem: Estás a ver como somo belas. A beleza delas é o seu testemunho de louvor [«confessio»]. Essas belezas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo [«Ptdcher»], que não está sujeite à mudança?» (9). 33. O homem: Com a sua abertura à verdade e à beleza, com o seu sentido do bem moral, com a sua liberdade e a voz da sua consciência, com a sua ânsia de infinito e de felicidade, o homem interroga-se sobre a existência de Deus. Nestas aberturas, ele detecta sinais da sua alma espiritual. «Gérmen de eternidade que traz em si mesmo, irredutível à simples matéria» (10), a sua alma só em Deus pode ter origem. 34. O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmos, nem o seu primeiro princípio, nem o seu fim último, mas que participam do Ser-em-si, sem princípio nem fim. Assim, por estes diversos «caminhos», o homem pode ter acesso ao conhecimento da existência duma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo, «e a que todos chamam Deus» (11). 35. As faculdades do homem tornam-no capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Mas, para que o homem possa entrar na sua intimidade, Deus quis revelar-Se ao homem e dar-lhe a graça de poder receber com fé esta revelação. Todavia, as provas da existência de Deus podem dispor para a fé e ajudar a perceber que a fé não se opõe à razão humana. III. O conhecimento de Deus segundo a Igreja 36. «A Santa Igreja, nossa Mãe, atesta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido, com certeza, pela luz natural da razão humana, a partir das coisas criadas» (12). Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade porque foi criado «à imagem de Deus» (Gn 1, 27). 37. Nas condições históricas em que se encontra, o homem experimenta, no entanto, muitas dificuldades para chegar ao conhecimento de Deus só com as luzes da razão: «Com efeito, para falar com simplicidade, apesar de a razão humana poder verdadeiramente, pelas suas forças e luz naturais, chegar a um conhecimento verdadeiro e certo de um Deus pessoal, que protege e governa o mundo pela sua providência, bem como de uma lei natural inscrita pelo Criador nas nossas almas, há, contudo, bastantes obstáculos que impedem esta mesma razão de usar eficazmente e com fruto o seu poder natural, porque as verdades que dizem respeito a Deus e aos homens ultrapassam absolutamente a ordem das coisas sensíveis; e quando devem traduzir-se em actos e informar a vida, exigem que nos dêmos e renunciemos a nós próprios. O espírito humano, para adquirir semelhantes verdades, sofre dificuldade da parte dos sentidos e da imaginação, bem como dos maus desejos nascidos do pecado original. Daí deriva que, em tais matérias, os homens se persuadem facilmente da falsidade ou, pelo menos, da incerteza das coisas que não desejariam fossem verdadeiras» (13). 38. É por isso que o homem tem necessidade de ser esclarecido pela Revelação de Deus, não somente no que diz respeito ao que excede o seu entendimento, mas também sobre «as verdades religiosas e morais que, de si, não são inacessíveis à razão, para que possam ser, no estado actual do género humano, conhecidas por todos sem dificuldade, com uma certeza firme e sem mistura de erro» (14). IV. Como falar de Deus? 39. Ao defender a capacidade da razão humana para conhecer Deus, a Igreja exprime a sua confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Esta convicção está na base do seu diálogo com as outras religiões, com a filosofia e as ciências, e também com os descrentes e os ateus. 40. Mas dado que o nosso conhecimento de Deus é limitado, a nossa linguagem, ao falar de Deus, também o é. Não podemos falar de Deus senão a partir das criaturas e segundo o nosso modo humano limitado de conhecer e de pensar. 41. Todas as criaturas são portadoras duma certa semelhança de Deus, muito especialmente o homem, criado à imagem e semelhança de Deus. As múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) reflectem, pois, a perfeição infinita de Deus. Daí que possamos falar de Deus a partir das perfeições das suas criaturas: «porque a grandeza e a beleza das criaturas conduzem, por analogia, à contemplação do seu Autor» (Sb 13, 5). 42. Deus transcende toda a criatura. Devemos, portanto, purificar incessantemente a nossa linguagem no que ela tem de limitado, de ilusório, de imperfeito, para não confundir o Deus «inefável, incompreensível, invisível, impalpável» (15) com as nossas representações humanas. As nossas palavras humanas ficam sempre aquém do mistério de Deus. 43. Ao falar assim de Deus, a nossa linguagem exprime-se, evidentemente, de modo humano. Mas atinge realmente o próprio Deus, sem todavia poder exprimi-Lo na sua infinita simplicidade. Devemos lembrar-nos de que, «entre o Criador e a criatura, não é possível notar uma semelhança sem que a dissemelhança seja ainda maior» (16), e de que «não nos é possível apreender de Deus o que Ele é, senão apenas o que Ele não é, e como se situam os outros seres em relação a Ele»(17).A Igreja é convicta – e penso que com toda razão – de que o homem, precisamente por ter sido criado por Deus e para Deus, traz no seu íntimo o chamado irrefreável a conhecer e amar o seu Criador. Se de antemão o ser humano não se fechar preconceituosamente, descobre “certas vias” para chegar a um conhecimento da existência de Deus através de argumentos convergentes e convincentes. Para isto há, fundamentalmente, dois pontos de partida: o mundo e o próprio ser humano.
Sumário. A comunhão espiritual consiste num desejo ardente de receber Jesus sacramentalmente e num amoroso amplexo, como se fosse recebido realmente. Esta devoção é um meio eficacíssimo para chegar à perfeição e ao mesmo tempo é uma devoção facílima, porque pode ser praticada todos os dias, por todos, e quantas vezes se quiser, sem ser vista ou observada por pessoa alguma. Pratica-a, pois, com frequência, em particular, na oração mental, na visita ao Santíssimo Sacramento e na assistência à Missa à hora da comunhão do sacerdote.Os meum aperui, et attraxi spiritum - “Abri a minha boca, e atraí o alento” (Sl 118, 131)