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Author page: Gabriel

Dos enganos que o inimigo sugere ao pecador

A Tentação, pintura por André Jacques Victor Orsel, 1832
A Tentação, pintura por André Jacques Victor Orsel, 1832

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CONSIDERAÇÃO XXIII

(Apesar de que muitos pensamentos incluídos nesta meditação já tenham sido considerados nas precedentes, é útil, todavia, compendiá-los e reuni-los aqui a fim de combater os enganos usuais de que se serve o demônio para iludir os pecadores à reincidência em suas culpas.)

PONTO I

Imaginemos que um jovem, réu de graves pecados, se confessou e recobrou a graça divina. O demônio tenta-o novamente, a fim de que recaia em seus pecados. O jovem resiste no princípio, mas começa a vacilar em vista das ilusões que o inimigo lhe sugere.
“Meu irmão — lhe direi — que queres fazer? Desejas, porventura, sacrificar a uma vil satisfação essa excelsa graça de Deus, que reconquistaste, e cujo valor excede ao do mundo inteiro? Queres firmar por tuas próprias mãos a tua sentença de morte eterna e condenar-te a sofrer para sempre no inferno?” — “Não — responder-me-ás — não quero condenar-me, mas salvar a minha alma. Mesmo que cometa esse pecado, confessá-lo-ei logo...”
Tal é a primeira sugestão do tentador. Confessar-se depois! Entretanto, perde-se a alma! Dize-me: se tivesses na mão uma formosa joia de altíssimo valor, lançá-la-ias ao rio, dizendo: procurá-la-ei com cuidado, pois espero encontrá-la? Tens entretanto, em tua mão, essa joia riquíssima de tua alma, que Jesus Cristo resgatou com seu sangue.

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Das penas do Inferno

Das penas do Inferno

Omnis dolor irruet super eum - “Toda a sorte de dores virá sobre ele” (Jó 20, 22)

Sumário. É artigo de fé que há um inferno, isto é, uma prisão miserabilíssima toda cheia de fogo, onde cada sentido e cada faculdade do réprobo sofrem uma pena particular. Enquanto fazemos esta meditação, tantos cristãos desgraçados, talvez da mesma idade que nós, talvez conhecidos nossos, estão ardendo nessa fornalha ardente, sem a mínima esperança de saírem de lá. Reflete agora, meu irmão: qual é o estado de tua consciência? Se o Senhor te deixasse morrer na primeira noite, para onde iria a tua alma?

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Dos mau hábitos

Maus hábitos causam cegueira

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CONSIDERAÇÃO XXII

Impius, cum in profundum venerit peccatorum, contemnit - "O ímpio, depois de ter caído no abismo dos pecados, tudo despreza" (Pr 18, 3)

PONTO I

Uma das maiores desventuras que nos legou a culpa de Adão é a nossa propensão ao pecado. Dela se lamenta o Apóstolo, sentindo-se levado pela concupiscência ao próprio mal que aborrecia:
“Veio outra lei a meus membros que... me leva preso à lei do pecado” (Rm 8,25)
Resulta daí que nós, infeccionados de tal concupiscência e cercados de tantos inimigos que nos incitam ao mal, dificilmente chegaremos sem culpa à glória. Reconhecida, pois, esta fragilidade a que estamos sujeitos, pergunto eu:
“Que dirias de um viajante que, devendo atravessar o mar durante forte tempestade e num barco meio avariado, quisesse carregá-lo com tal peso que, mesmo que não houvesse tempestade e ainda que o navio fosse de construção resistente, bastaria para fazê-lo soçobrar?..."
Que prognóstico formarias sobre a vida deste viajante? Pois pensa o mesmo do indivíduo de maus hábitos e costumes, que deve cruzar o mar tempestuoso da vida, em que tantos naufragam, num barco frágil e avariado, como é nosso corpo no qual viaja a alma. Que sucederá se o carregarmos ainda com o peso irresistível dos pecados habituais? É difícil que tais pecadores se salvem, porque os maus hábitos cegam o espírito, endurecem o coração e ocasionam provavelmente a obstinação completa na hora da morte. Primeiramente, o mau hábito nos cega. Qual o motivo que fazia os Santos implorar incessantemente a luz divina, temendo converter-se nos pecadores mais abomináveis do mundo? É porque sabiam que, se chegassem a perder a luz divina, poderiam cometer culpas horrendas.

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A filha de Jairo, a hemorroíssa, e a alma pecadora

Ressurreição da filha de Jairo

23º Domingo depois de Pentecostes

Domine, filia mea modo defuncta est: sed veni, impone manum tuam super em et vivet - “Senhor, nesta hora acaba de expirar minha filha; mas vem, impõe sobre ela a tua mão, e viverá” (Mt 9, 18)

Sumário. Meu irmão, se porventura te achares enfermo espiritualmente por causa do pecado, imita a hemorroíssa, da qual nos fala o Evangelho, chega-te a Jesus, na pessoa de seu representante, o sacerdote, no sacramento da penitência. Se, como espero, a consciência não te acusa de pecado grave, imita a confiança de Jairo, e roga ao Senhor faça reviver espiritualmente tantos pecadores, teus irmão. Considera, porém, atentamente que não seja daqueles que têm o nome de vivos e estão mortos ou moribundos por causa de sua tibieza.

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Maria Santíssima, modelo de Oração

Maria, modelo de Oração

Oportet semper orare et non deficere - “Importa orar sempre e não cessar de o fazer” (Lc 18, 1)

Sumário. Desde o instante em que a Santíssima Virgem recebeu a vida, e com esta o uso perfeito da razão, começou também a orar e nunca mais deixou de orar até ao seu último suspiro. Se Maria, tão santa e imaculada, foi tão amante da oração, quanto mais nós a devemos amar, que estamos tão propensos ao mal e temos inimigos tão fortes que combater? À imitação de nossa querida Mãe, habitemos com os nossos afetos no céu, nunca percamos de vista a eternidade e seja a oração o nosso único ornato.

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Sexta palavra de Jesus Cristo na Cruz

"Tudo está consumado" - Sexta palavra de Jesus na Cruz

Cum ergo accepisset Jesus acetum, dixit: Consummatum est - “Jesus, havendo tomado o vinagre, disse: Tudo está consumado” (Jo 9, 30)

Sumário. Consideremos como Jesus moribundo, antes de expirar, percorreu em espírito toda a sua vida. Viu todos os seus trabalhos penosos, as suas dores, as ignomínias suportadas e tudo isso ofereceu-o de novo a seu eterno Pai para a salvação do mundo. Em seguida, virando-se para nós, disse: Tudo está consumado. — Foi como se dissesse: “Ó homens, nada mais tenho a fazer para ser amado por vós; tempo é que afinal resolvais amar-me.” Amemos, portanto, a Jesus e provemos-Lhe nosso amor fazendo e sofrendo alguma coisa por seu amor, assim como Ele fez e sofreu tanto por nosso amor.

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Vida infeliz dos pecadores e vida ditosa do que ama a Deus

"Meu Deus, meu tudo!" (São Francisco de Assis)
"Meu Deus, meu tudo!" (São Francisco de Assis)

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CONSIDERAÇÃO XXI

Non est pax impiis, dicit Dominus - "Não há paz para os ímpios, disse o Senhor" (Is 58, 24)

Pax multa diligentibus legem tuam - "Muita paz para os que amam tua lei" (Sl 118, 65)

PONTO I

Nesta vida, todos os homens se esforçam para conseguir a paz. Trabalham o comerciante, o soldado, o advogado, porque pensam que, realizando tal negócio, obtendo tal promoção, ganhando tal demanda, alcançarão os favores da fortuna e poderão gozar da paz. Mas, ó pobres mundanos, que procurais a paz no mundo, que não a pode dar! Deus somente no-la pode dar. Dá a teus servos, — diz a Igreja em suas preces, — aquela paz que o mundo não pode dar. Não, não pode o mundo com todos os seus bens satisfazer o coração humano, porque o homem não foi criado para essa espécie de bens, mas unicamente para Deus; de modo que somente em Deus pode encontrar felicidade e repouso. O ser irracional, criado para gozos materiais, procura e encontra a paz nos bens terrestres. Dai a um jumento um feixe de capim, dai a um cão um pedaço de carne, e ficarão satisfeitos, sem desejar mais coisa alguma. Mas a alma, criada para amar a Deus e unir-se a ele, não encontra paz nos deleites sensuais; só Deus a pode fazer plenamente feliz. Aquele rico de que fala São Lucas tinha obtido de seus campos abundantíssima colheita, e dizia de si para consigo:
“Minha alma, agora possuis bens abundantes, armazenados para muitos anos; descansa, come, bebe...” (Lc 12,19)
Mas este rico infeliz foi chamado louco, e com toda a razão, diz São Basílio.
“Desgraçado — exclama o Santo. Acaso, te equiparas a um animal e pretendes contentar tua alma com beber e comer e com os deleites sensuais?"

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O que tenha de fazer a alma na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento

Santo Sacramento de Amor

Delectare in Domino, et dabit tibi petitiones cordis tui - “Deleita-te no Senhor, e te outorgará as petições do teu coração” (Sl 36, 4)

Sumário. Estas palavras ensinam-nos como temos de nos haver na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento. Diante do tabernáculo, agradeçamos ao Senhor os muitos benefícios que nos fez, especialmente o querer Ele ficar conosco sobre o altar; amemo-Lo com todas as nossas forças e ofereçamo-nos a Ele sem reserva. Afinal supliquemos a Jesus Cristo as graças de que necessitamos, principalmente o aumento do amor e a união à sua vontade divina. Oh! Se nós soubéssemos aproveitar bem da companhia de nosso divino amante, em breve seríamos todos santos.

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Loucura do Pecador

Soberba, mosaico da Basílica de Notre Dame
Soberba, mosaico da Basílica de Notre Dame

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CONSIDERAÇÃO XX

Sapientia enim hujus mundi stultitta est apud Deum - "A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus" (1 Cor 3, 19)

PONTO I

O bem-aventurado João d’Ávila dizia que neste mundo deveria haver dois grandes cárceres: um para aqueles que não têm fé, e outro para aqueles que, tendo-a, vivem em pecado e afastados de Deus. A estes, acrescentava, conviria o hospício de loucos. Mas a maior desdita destes miseráveis consiste em que, não obstante sua cegueira e insensatez, julgam ser sábios e prudentes. E pior é que seu número é infinito (Ecl 1,15). Há quem enlouqueça pelas honras; outros, pelos prazeres; não poucos, pelas futilidades da terra. E se atrevem a considerar loucos os santos, que desprezam os bens mesquinhos do mundo para conquistar a salvação eterna e o Sumo Bem, que é Deus. A seus olhos é loucura sofrer desprezos e perdoar ofensas; loucura, o privar-se dos prazeres sensuais e preferir a mortificação; loucura, renunciar às honras e às riquezas, e amar a solidão, a vida humilde e oculta. Não consideram, no entanto, que a essa sua sabedoria mundana Deus chama necessidade:
“A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1Cor 3,19)
Ah!... Virá o dia em que confessarão e reconhecerão a sua demência... Quando, porém? Quando já não houver remédio possível e tenham que exclamar desesperados: “Desgraçados de nós, que reputávamos loucura a vida dos santos! Agora compreendemos que os loucos fomos nós. Eles já se contam no número feliz dos filhos de Deus e compartilham a sorte dos bem-aventurados, que durará eternamente e os fará felizes para sempre... ao passo que nós ficamos escravos do demônio, condenados a arder neste cárcere de tormentos por toda a eternidade!... Enganamo-nos, pois, querendo cerrar os olhos à luz divina (Sb 5,6), e nossa maior desventura é sabermos que o nosso erro não tem nem terá remédio enquanto Deus for Deus.

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Para a Salvação é necessário o sacrifício da vontade própria

Sacrifício de Isaac (Caravaggio)
Sacrifício de Isaac (Caravaggio)

Qui facit voluntatem Patris mei, qui in coelis est, ipse intrabit in regnum coelorum - “O que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse entrará no reino dos céus” (Mt 7, 10)

Sumário. O que faz a vontade de Deus, entrará no céu; o que não a faz, não entrará. Se portanto quisermos ser salvos, renunciemos à nossa vontade própria, e entregando-a sem reserva a Deus, digamos frequentes vezes cada dia: Senhor, ensinai-me a cumprir a vossa vontade santíssima; protesto não querer senão o que quereis Vós. Para que estejamos sempre dispostos a cumprir a vontade divina, é utilíssimo que desde de manhã nos representemos as contrariedades que nos possam suceder durante o dia.

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