Sumário. Os bem-aventurados contemplando a Deus face a face e conhecendo as suas infinitas perfeições, amam-No imensamente mais que a si próprios e não desejam outra coisa senão verem-No feliz. Sabendo, além disso, que o seu Senhor goza e gozará eternamente uma felicidade infinita, acham nisto a sua complacência e o seu gozo e é este gozo de Deus que constitui o seu verdadeiro paraíso. Habituemo-nos a fazer muitas vezes atos de amor perfeito a Deus, alegremo-nos com o Senhor pela sua felicidade infinita, e assim começaremos a exercer na terra o ofício dos bem-aventurados no céu.Intra in gaudium Domini tui - “Entra no gozo de teu Senhor” (Mt 25, 21)
Sumário. O que mais atormenta o réprobo no inferno é o ver que perdeu o céu e o Bem supremo, que é Deus; e perdeu-O não por qualquer acidente ou por malevolência d´outrem, mas por sua própria culpa. Meu irmão, se no passado nós também tivemos a insensatez de renunciar por malícia própria ao paraíso, remediemo-lo enquanto houver tempo, antes que tenhamos de chorar eternamente a nossa desgraça. Talvez seja este o último apelo que Deus nos dirige.Perditio tua, Israel; tantummodo in me auxilium tuum - “A tua perdição, ó Israel, toda vem de ti; só em mim está o teu auxílio” (Os 13, 9)
22º Domingo depois de Pentecostes
Sumário. Para convencer os fariseus da obrigação de pagarem tributo a Cesar, o divino Redentor mostrou-lhes a imagem estampada na moeda com que costumavam pagar o tributo. Lancemos nós também um olhar sobre nós mesmos: consideremos que fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança; lembremo-nos mais que no santo batismo nos foi impresso o caráter indelével de discípulos de Jesus Cristo, e facilmente chegaremos a esta bela conclusão: Dai a Deus o que é de Deus.Reddite quae sunt Caesaris Caesari, et quae sunt Dei Deo - “Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21)
Sumário. Para a salvação, a graça divina é indispensável. Verdade é que esta graça nos foi merecida por Jesus Cristo, o Medianeiro de justiça; mas a dispensadora da graça é Maria Santíssima, por ser Mãe de Deus. É por isso que o demônio tanto esforço faz para arrancar da alma a devoção à Santa Virgem. O espírito maligno sabe que obstruído este canal de graças, tudo está perdido. Examinemo-nos, pois, se temos devoção verdadeira à divina Mãe e, descobrindo que nos temos relaxado, retomemos o nosso primeiro fervor.Gens et regnum, quod non servierit tibi, peribit - ““A gente e o reino que te não servir, perecerá” (Is 60, 12)
Sumário. É dupla a sede que sofre Jesus moribundo: a sede corporal, causada pelo cansaço das caminhadas, pela tristeza interior e pelo muito sangue derramado. Outra sede espiritual, isso é, o desejo da salvação eterna de todos os homens, que O faz anelar maiores tormentos, se for preciso. Ah! Se nos lembrássemos sempre desta dúplice sede do Senhor, não procuraríamos delicadezas supérfluas e esforçar-nos-íamos por reconduzir as almas a Deus. Longe de nos queixarmos das tribulações, desejá-las-íamos maiores por amor de Jesus Cristo.Sciens Jesus quia omnia consummata sunt, ut consummaretur Scriptura, dixit: Sitio - “Sabendo Jesus que tudo estava cumprido, para se cumprir ainda a escritura, disse: Tenho sede” (Jo 19, 28)
Sumário. Se os mundanos estimam tanto serem chamados pelos reis para habitarem nos seus palácios, quanto mais os religiosos devem estimar o habitarem continuamente com o Rei do céu em sua casa? Meu irmão, já estás morando muito tempo com Jesus Cristo debaixo do mesmo teto; mas que fruto tiraste até agora de sua presença?... Procura ao menos aproveitá-la para o futuro, demorando-te o mais possível a seus pés, expandindo ali os teus afetos, as tuas aflições, os teus desejos de amá-Lo de todo o coração e de O contemplar um dia no céu.Beati qui habitant in domo tua, Domine; in saecula saeculorum laudabunt te - “Bem-aventurados, Senhor, os que moram em tua casa; pelos séculos te louvarão” (Sl 83, 5)
Sumário. Durante a vida, as paixões fazem que os bens terrestres pareçam de modo muito diferente do que são; a morte, porém, mostra-os na sua verdade: fumaça, lodo e miséria. Meu Deus! Para que servirão as riquezas, quando não nos restar senão uma simples mortalha? Para que servirão honras e dignidades, quando não tivermos nada senão um cortejo fúnebre? Para que servirá a beleza do corpo, quando nada mais nos ficar senão vermes e podridão? Que grande segredo é o da morte! Como seria bem regrada a nossa vida se o soubéssemos aproveitar bem!O mors, bonum est iudicium tuum homini indigenti - “Ó morte, é bom o teu juízo para o homem necessitado” (Eclo 41, 3)
Das Cartas de São Paulino de Nola (355-431), bispo
Desde a origem do mundo que Cristo sofre em todos os Seus. Ele é «o princípio e o fim» (Ap 1,8); escondido na lei, revelado no Evangelho, Ele é o Senhor «sempre admirável», que sofre e triunfa «nos Seus santos» (2Ts 1,10; Sl 67,36). Em Abel foi assassinado pelo irmão; em Noé foi ridicularizado pelo filho; em Abraão conheceu o exílio; em Isaac foi oferecido em sacrifício; em Jacó foi reduzido a servo; em José foi vendido; em Moisés foi abandonado e rejeitado; nos profetas foi lapidado e dilacerado; nos apóstolos foi perseguido em terra e no mar; nos Seus inúmeros mártires foi torturado e assassinado.Sumário. Para fazer bem a oração mental e tirar proveito dela, é preciso conhecer os seus fins, que são principalmente três: primeiro, a união mais íntima com Deus; segundo, a obtenção das graças necessárias; terceiro, o conhecimento da Santíssima vontade de Deus e a força para executá-la plenamente. Enganam-se, pois, aqueles que deixam de fazer meditação, porque nela não acham consolações ou doçuras. Lembremo-nos bem, que o que não faz oração mental, dificilmente perseverará na graça de Deus e dificilmente se salva.In meditatione mea exardescet ignis - “Na minha meditação se acenderá o fogo” (Sl 38, 4)