



Ora, a penitência, além de nos ser necessária, é muito meritória, e a podemos aplicar em sufrágio das pobres almas do purgatório. Tiraremos duplo proveito: nossa santificação e o alívio das almas sofredoras. O sofrimento junto com a prece tem uma eficácia extraordinária para alcançar de Deus todas as graças. Outrora, vemos na Escritura, quando os Profetas e o povo de Deus desejavam obter do céu misericórdia ou graças, entregavam-se aos jejuns, cilícios e austeridades. Nossa penitência aqui é muito meritória. Soframos pelos mortos!“Se não fizerdes penitência, todos vós igualmente perecereis”
“Aliviemos as almas do purgatório, diz São João Crisóstomo, aliviemo-las por tudo o que nos penaliza, porque Deus tem cuidado em aplicar aos mortos os méritos dos vivos”

Dependem aquelas almas santas de nossos sufrágios, de nossas orações e sacrifícios. Deus as entregou à nossa caridade. Sempre é eficaz a nossa oração pelas almas.— Hominem non habeo! Senhor, eu não tenho um homem que me lance na piscina para ser curado
“É infinitamente mais útil e eficaz a oração pela libertação dos defuntos que padecem no purgatório, que a oração pelos pecadores da terra, cuja perversidade e más disposições paralisam os esforços para os salvar. As santas almas não põem obstáculo algum à eficácia das orações que por elas fazemos”Tal é a opinião do piedoso oratoriano Pe. Faber.

É verdade que a Eucaristia como alimento espiritual é destinada aos vivos. É o cibus viatorum — alimento dos viajores, no expressivo e belo dizer da Liturgia. Tem por fim sustentar a alma na peregrinação terrena, fortificá-la na luta contra os inimigos. Como pode ser um auxílio e sufragar os mortos? Discutiram os teólogos esta questão, mas todos estão de acordo que muito mérito e muitas obras boas faz quem recebe o Corpo de Cristo e esta união íntima da alma com seu Deus a torna mais agradável e mais poderosa para interceder pelos mortos, e torna a Comunhão um dos mais poderosos e úteis sufrágios depois da Santa Missa. Dizia Tobias:“Que a caridade te leve a comungar, porque nada há tão eficaz para proporcionar descanso aos que padecem no purgatório”
“Põe o teu pão e o teu vinho sobre a sepultura do justo”
Não tem Jesus motivo para te dirigir, por tua falta de fé, igual censura? Maiores são as graças e os benefícios que recebestes de Deus, do que os que foram dados aos judeus; és, pois, ainda mais culpado pelo abuso. Onde o progresso espiritual que deverias registrar de confissão em confissão? Onde o aumento de fervor em tuas comunhões?"Ó geração incrédula e perversa, até quando hei de estar convosco? Até quando vos hei de suportar?"

Caríssimos, estamos a poucas semanas do encerramento do Ano Litúrgico – Ai! como o tempo voa, como a vida passa! E a Igreja, como Mãe cuidadosa, faz-nos meditar sobre o final dos tempos e o fim da nossa vida! Fim como término, mas, sobretudo, fim como sentido, como finalidade! Eis!
Qual o sentido da nossa existência?
Para onde correm, velozes, os dias de nossa vida?
Que fazer, caríssimos, com o breve tempo que nos foi dado neste mundo?
Estas, as questões tão importantes; estas as perguntas definitivas, que realmente contam; questões das quais o mundo atual, atolado nas miudezas provisórias do dia-a-dia, procura fugir com tanto cuidado...