Caríssimos irmãos, no dia 2 de Novembro - quinta-feira - a Igreja celebrou todos os Fiéis Defuntos, no Dia de Finados. No dia anterior - 1° de Novembro - comemoramos a Solenidade de Todos os Santos, que, no Brasil, transfere-se para o domingo de hoje. Estas duas datas do calendário litúrgico - Todos os Santos e Finados - devem ser vistas juntas, e falam a todos nós, pois falam da vida a que somos chamados. Em Finados, rememoramos a verdade da nossa presente condição mortal e os novíssimos que sempre devem estar presentes diante do coração de todos os cristãos. Nós morreremos, e, com a morte, virá o juízo. Após este, aguardamos com esperança a graça do céu, se vivermos segundo a Lei de Deus. No entanto, ensina-nos a Santa Igreja que somente os perfeitos entrarão diretamente no céu: aqueles que já se purificaram de todas as imperfeições causadas pelos pecados cometidos - seja pela penitência e mortificação, seja pelas indulgências: os mártires, os recém-batizados, os penitentes, os grandes santos.
Meditação para o Dia 05 de Novembro
1. "E eis que uma mulher cananéia, saída daqueles confins, gritou, dizendo-lhe: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim; minha filha está muito atormentada de demônio. Mas Ele não lhe respondeu palavra". Quanta fé numa pagã! Contenta-se em expor sua necessidade e segue a Jesus, apesar de ver-se repelida.Mas ela veio e o adorou, dizendo:"Eu não fui enviado - diz Jesus - senão às ovelhas que se perderam da casa de Israel"
Mostras igual fé e perseverança?"Senhor, valei-me"
A Justiça e a Misericórdia
Meditação para o dia 04 de Novembro
Existe o purgatório, isto é, um lugar de expiação onde se purificam as almas para a visão beatifica. Quem é digno de subir à Montanha Santa? Quis ascendit in montem Domini? Quanta santidade e pureza de vida exige o Senhor dos que há de admitir à Sua presença, à presença daquele Deus três vezes Santo, ante o qual os serafins cobrem as faces com suas asas e os céus repetem: Sanctus, Sanctus, Sanctus — Santo, Santo é o Senhor Deus dos Exércitos! A pobre criatura humana tão miserável nem sempre, ao deixar a terra, é bastante pura e santa e merece a presença do Senhor, a visão beatífica. E também como há de ser condenada às chamas eternas a alma que, embora não tivesse pago a dívida dos seus enormes pecados na penitência desta vida, não é todavia merecedora do castigo eterno? Há de entrar no céu? Não. Lá só se encontram os santos e os puros de coração. E que pureza angélica requer a divina Justiça para o céu!Meditação para o Dia 04 de Novembro
1. O desejo irresistível e inato de felicidade não fica satisfeito pelos bens da terra; tanto os bens internos, como externos, são insuficientes. Se conseguires saber muito, restará ainda mais que ignoras; menos ainda poderão satisfazer-te outros bens. A riqueza, longe de apagar, aumenta a sede e tira a paz do coração. Honras e poder trazem desassossego de ânimo, expõem à crítica e à inveja. Ainda menos que tudo isto, gozos sensuais poderão trazer-te a felicidade, pois eles prejudicam a saúde corporal e espiritual, causam fastio e deixam remorsos.Com a morte tudo se acaba?
Meditação para o dia 03 de Novembro
Sim, é verdade, com a morte tudo se acaba. Lá se vão as riquezas, as honras, o luxo, as glórias terrenas e até nosso pobre corpo tão miserável se transforma num monturo asqueroso e horrível. Vamos ao pó donde viemos. Tu és pó e em pó te hás de tornar. Seremos quanto ao corpo, nada, pó, um punhado de lodo. Todavia, temos uma alma imortal, criada à imagem e semelhança de Deus, e esta não se acaba. É espiritual. Separa-se do corpo que ela vivificou, mas não morre. A morte não é mais do que a separação da alma do corpo. Então nem tudo se acaba na morte. Fica o principal, a alma. Fica tudo — uma alma remida pelo Sangue de um Deus. Não somos um bruto que nasce, cresce, morre e desaparece num monturo para sempre. Um amigo de Sócrates, o célebre filósofo grego condenado à morte, perguntou-lhe antes que o veneno da cicuta arrebatasse a preciosa vida:— Tem algum deseja para que o cumpramos? Porventura alguma disposição sobre o enterro?
Resposta de um pagão consciente da sua imortalidade.— Que querem? Meu amigo, pensam então em me sepultar? Podem enterrar meu corpo, mas a mim não poderão sepultar.
Meditação para o Dia 03 de Novembro
1. "Alegrai-vos e exultai, porque alto galardão vos espera no céu". As alegrias do céu são tantas que não é possível encará-las devidamente de uma vez. Se amigos verdadeiramente bons já na terra muito contribuem para tornar mais intensiva a alegria, o que será no céu, na companhia dos anjos, dos santos, do próprio Deus? Difícil é achar-se na terra amigos de todo bons. O caráter, a educação, a maior ou menor ilustração, as ideias, a cobiça, etc., prejudicam a completa harmonia. No céu, porém, a união de vistas é perfeita, a amizade sincera e constante.Dia de Finados: os Fiéis Defuntos
Meditação para o dia 02 de Novembro
É o dia dos fiéis defuntos em toda Igreja. Uma lembrança dos que já passaram e dormem o sono da paz. Qui dormiunt in somno pacis. Toda a Liturgia recorda o dogma do purgatório e pede-nos orações pelos nossos mortos. A Igreja se cobre de luto e os sacerdotes podem, neste dia, celebrar três vezes o Santo Sacrifício. As multidões afluem aos cemitérios. É a lembrança de nossos mortos despertada. Avivam-se as saudades. Finados! Dia dos mortos! Lembramo-nos deles apenas com algumas flores e umas lágrimas que com o tempo se vão estancando, ou procuramos sufragar-lhes as pobres almas que talvez ainda estejam sofrendo no purgatório? Este dia nos foi dado pela Igreja, não para as pompas e manifestações de um sentimentalismo estéril, mas para sufrágio dos mortos. Como se esquecem disto muitos cristãos! Multidões que enchem os cemitérios, sorrindo e até brincando muitas vezes, sem orações, sem um pensamento sobrenatural dos mortos! Santifiquemos este dia. Seja, sim, o dia da nossa saudade, mas principalmente seja o do nosso sufrágio.Meditação para o Dia 02 de Novembro
1. A infinita justiça e a incompreensível pureza de Deus não admitem no céu nada que não seja perfeitamente puro. As almas do purgatório sofrem males terríveis. Querendo arremessar-se a Deus, qual flecha ao alvo, são sempre repelidas, crescendo-lhes a saudade infinita que sentem sem cessar. Sofrem, além disto, penas que excedem as maiores desta vida. Acham-se entre estas almas talvez parentes teus, que com as outras bradam:"Compadecei-vos, ao menos vós outros que sois meus amigos, porque a mão do Senhor me feriu"