Meditação para o Dia 15 de Fevereiro
Há duas cruzes ao lado de Nosso Senhor, no Calvário: a do bom e a do mau ladrão. Sem cruz não se vive na terra. O sofrimento é condição de nossa vida. Uma das cruzes nos há de pertencer. A do Bom Ladrão é a cruz do penitente. Dimas viu-se miserável, e pobre, carregado de crimes, pregado no madeiro infame. Contemplou ao seu lado a Misericórdia, resignou-se ao sofrimento e pediu a Nosso Senhor:E ouviu a doce voz da Misericórdia:“Senhor, lembrai-Vos de mim em Vosso Reino”
“Hoje estarás comigo no Paraíso”
Mais uma vez, chegada a santa Quaresma, desejo partilhar com você, caro Amigo deste espaço virtual, meditações diárias da Palavra de Deus, que nos ajudem, a você e a mim, a bem percorrer o caminho até as celebrações pascais. É tradição mística muito antiga da Igreja aproveitar o sagrado tempo de preparação para a Páscoa dedicando-se mais à escuta orante e saborosa da Palavra de Deus. Sobretudo nos tempos atuais, quando é tão forte a eterna tentação do homem de viver do seu modo, pelos seus critérios, na sua verdade mentirosa, é, mais que nunca, necessário, essencial, abrir o ouvido do coração para o Senhor, deixando-nos ferir, iluminar e guiar pela Sua santa Palavra. O próprio título que dei a esta série de meditações, “São estas as palavras…”, é tirado dos primeiros dizeres do Deuteronômio. Pois bem, estas são as palavras que o Senhor Deus nos dirige, a mim e a você, neste sagrado tempo de conversão, de oração, de combate espiritual, de luta contra nossos demônios, para que cheguemos, com o coração dilatado pela caridade de Cristo, às festas pascais. Fazendo isto, nossa Quaresma será, realmente, um tempo de graça e celebraremos na alegria espiritual a Páscoa da Ressurreição.
Parte III Capítulo I
A rainha das abelhas nunca sai da colmeia, sem ser rodeada de todo o enxame de seu povinho, e a caridade nunca entra num coração senão como rainha, seguida de todas as outras virtudes, que aí introduz, dispõe em ordem, segundo a sua dignidade, e fá-las agir, regulando-lhes as funções mais ou menos como um capitão dirige e ordena os seus soldados; mas não as faz agir todas ao mesmo tempo nem do mesmo modo, nem a todo momento, nem em todos os lugares. O justo — diz David — será corno uma árvore plantada junto às correntes das águas, que a seu tempo dará o seu fruto, porque a caridade, animando o coração, o leva à prática de muitas boas obras, que são os frutos das virtudes, mas cada uma a seu tempo e em seu lugar. Esforça-te por compreender exatamente o provérbio da Escritura: A música, sendo em si tão agradável, é importuna no pranto.Meditação para o Dia 14 de Fevereiro
Já conheceis a expressão de São Francisco de Sales. A adversidade é mãe e a prosperidade madrasta da virtude. Quereis a prova? Manassés, no trono real, cercado de glória e de honras, era um sacrílego; na prisão, humilhado, sofrendo, torna-se um santo. Que foi David na prosperidade? Um homicida, um adúltero. Ferido pela morte de Absalão, chora, arrependido, quando a adversidade o visita. Reconhece o seu crime e canta o seu "Miserere" e o seu "Bonum mihi quia humiliasti me!":“Foi bom para a minha alma, Senhor, que me tivesses humilhado!”
Parte II Capítulo XXI
Começa já na véspera do dia da comunhão a te preparar com repetidas aspirações do amor divino e deita-te mais cedo que de costume, para te levantares também mais cedo. Se acordas durante a noite, santifica esses momentos por algumas palavras devotas ou por um sentimento que impregne tua alma da felicidade de receber o divino Esposo; enquanto dormes, Ele está velando sobre o teu coração e preparando as graças que te quer dar em abundância, se te achar devidamente preparada. Levanta-te de manhã com este fervor e alegria que uma tal esperança te deve inspirar, e depois da confissão aproxima-te com uma grande confiança e profunda humildade da mesa sagrada, para receber este alimento celeste, que te comunicará a imortalidade. Depois de pronunciares as palavras: Senhor, eu não sou digno, etc., já não deves mover a cabeça ou os lábios para rezar ou suspirar; mas, abrindo um pouco a boca e elevando a cabeça de modo que o padre possa ver o que faz, estende um pouco a língua e recebe com fé, esperança e caridade aquele que é de tudo isso ao mesmo tempo o princípio, o objeto, o motivo e o fim.Meditação para o Dia 13 de Fevereiro
A prosperidade gera muitas enfermidades graves. E não é possível curá-las sem remédio amargo, sem regime, e, quando o perigo é iminente, sem operação. Há de intervir hábil e sábio cirurgião. E é Nosso Senhor, o Cirurgião Divino da Misericórdia. Médico e Pai de nossas almas, quem nos vem salvar. Pode uma criança chorar, revoltar-se, gritar desesperada, quando, enferma, necessita de uma operação dolorosa. Não importa! A operação há de ser feita e quem vai levar à mesa operatória esse entezinho, objeto de todo o seu amor e ternura, é a própria mãe carinhosa.Parte II Capítulo XX
É conhecido o que se diz de Mitridates, rei do Ponto, na Ásia, o qual inventou um alimento preservativo de todo veneno. Nutrindo-se dele, este rei tornou o seu temperamento tão robusto que, estando a ponto de ser preso pelos romanos e querendo evitar o cativeiro, por mais que fizesse, não conseguiu envenenar-se. Não foi isso mesmo que fez nosso divino Salvador dum modo verdadeiro e real, no augustíssimo Sacramento do altar, onde ele nos dá o Seu corpo e sangue, como um alimento, que confere a imortalidade?Meditação para o Dia 12 de Fevereiro
Sim, vem de Deus o sofrimento. Será possível?!... Tudo o que existe no mundo, exceto o pecado, é verdade certa que vem de Deus, Criador de todas as coisas. As trevas e o mal não se produzem por criação divina, mas por subtração da luz e do bem. Diz a Sagrada Escritura:Ego Dominus formans lucem et creans tenebras, factens pacem et creans malum - O Senhor, na sua munificência, nos dá a luz. Retirando-se esta, vêm as trevas. O Senhor nos dá a paz, a sua graça