ÊXTASE significa ser «arrebatado para fora de si mesmo», e falando em sentido lato, o fato mesmo de amar arrebata o amante para fora de si mesmo, levando-o a centrar os seus pensamentos, para além de si mesmo, no ser amado. Os adolescentes ficam, por vezes, surpreendidos ao verificar que pessoas mais idosas descobrem que eles estão enamorados; denunciam-se pela distração sonhadora, pelo seu olhar imóvel para os espaços celestes e pela indiferença em coisas tais, como a hora das refeições. O amor «arrebatou-os para longe».
Meditação para o Dia 27 de Junho
“Jesus, havendo tomado o vinagre, disse: Tudo está consumado. Clamando então, segunda vez, com grande voz disse: Pai, nas Tuas Mãos encomendo o meu espírito. E, dizendo isto, abaixando a cabeça, rendeu o espírito”
LÁ vem um momento, em que o mistério desaparece, mesmo no mais nobre amor humano. Uma pessoa tornou-se «habituada» ao melhor e chegou a considerar isto a coisa mais natural do mundo, como os joalheiros podem lidar desinteressadamente com as pedras mais preciosas, sem se incomodar a admirá-las. O que plenamente possuímos, não o desejamos mais. Nem podemos esperar o que já conseguimos. No entanto a esperança, o desejo e sobretudo o mistério são necessários para conservarem vivo o nosso interesse na vida.
Meditação para o Dia 26 de Junho
“Depois sabendo Jesus que tudo estava cumprido para se acabar de cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! Tinha, porém, ali perto um vaso cheio de vinagre. Então, correndo logo um deles, tomando uma esponja, a ensopou em vinagre e a pôs sobre uma cana e Lhe dava de beber” (1)
O EU tem uma maneira peculiar de disfarçar as verdadeiras razões do seu amor. Pode dar a aparência de interesse pela felicidade de outrem, quando, na realidade, está buscando o prazer próprio. Há muita gente que gosta de vangloriar-se da sua tolerância, mas o que afinal a inspira é o egoísmo; porque desejam que não se toque nas suas próprias ideias, por mais errôneas que sejam, advogam a tolerância das ideias dos outros. Mas esta espécie de tolerância é muito perigosa, porque, quando o eu é incomodado ou ameaçado, converte-se em intolerância. É por isso que uma civilização que é tolerante das falsas ideias, em lugar de ser benevolente com as pessoas, está em vésperas duma grande onda de intolerância e perseguição.
Meditação para o Dia 25 de Junho
“Era então, quase a hora sexta, e toda a terra se cobriu de trevas até a hora nona,e escureceu-se o sol. E, perto da hora nona, exclamou Jesus: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes?”
DE todas as coisas que conhece o homem, aquela que ele menos conhece é a si próprio. Não cessa de tentar decifrar o enigma de si mesmo, de sondar qual o sentido da sua natureza. Esforçam-se alguns escritores modernos por encontrar uma solução simplista, reduzindo o homem apenas a um dos seus numerosos instintos — o instinto sexual. Enleados na dificuldade de entender o homem total, apagam do seu conhecimento tudo quanto lhe diz respeito, exceto uma minúscula região, e, depois de a estudarem, simulam ter esgotado as incógnitas do homem.
Meditação para o Dia 24 de Junho
“Entretanto estavam em pé, junto da cruz de Jesus, sua Mãe e a irmã de sua Mãe,Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, pois tendo visto sua Mãe e o discípulo que Ele amava, de pé, junto Dela, disse à Sua Mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis a tua Mãe.” (1)
NO MUNDO, há muito quem não seja amado. Alguns, por causa do seu egoísmo, não se tornam amáveis; outros não têm espírito cristão bastante para amar aqueles que os não amam. Como consequência, o mundo está cheio de corações solitários. Fala-se aqui não do amor no sentido romântico ou carnal, mas num sentido mais elevado de generosidade, perdão, bondade e sacrifício. Talvez possa ser útil conhecer alguns dos efeitos psicológicos de não amar os outros de um modo realmente nobre e desinteressado.
Meditação para o Dia 23 de Junho
“Ora, um daqueles ladrões, que estavam dependurados, blasfemava contra Ele,dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós. Mas o outro, respondendo o repreendia, dizendo: Nem ainda tu temes a Deus estando no mesmo suplício? E nós temos o castigo que merecem as nossas obras; mas este nenhum mal fez. E dizia a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (1)