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Vale a pena ser Católico?

Vale a pena ser Católico?
Os que vivem de acordo com suas obrigações como católicos sabem por experiência que a Religião Católica não é uma religião fácil. Os católicos devem obedecer a algumas leis muito sérias e cumprir pesados deveres, o que não teriam de fazer se não fossem católicos.

Porém milhões de católicos continuam obedecendo a essas leis e cumprindo esses deveres, mesmo sabendo que, pertencendo a alguma outra religião, menos lhes seria exigido. E por que continuam obedecendo? Porque os católicos estão convencidos de que a Religião Católica é a única religião verdadeira, a nós dada pelo próprio Deus para nos habilitar a cumprir as nossas obrigações, como criaturas, para com Ele, nosso Criador, e para nos ajudar a sermos tão felizes como podemos sê-lo aqui na terra, e a sermos felizes com Ele para sempre no céu.

Mas não é esta a única razão por que os católicos continuam sendo católicos. Qualquer católico que presta a Deus o serviço razoável que a Religião Católica pede, qualquer católico que conhece e compreende o que a sua religião e as práticas desta podem fazer por ele, também sabe que continua sendo católico porque vale a pena ser católico.

Sem dúvida, os não-católicos muitas vezes se admiram disto, e perguntam:

“Que é que há na Religião Católica que compele à aceitação de deveres religiosos de caráter tão exigente?”

E muitos deles tomam-se curiosos a respeito do Catolicismo e se perguntam:

“Terá a Religião Católica algo a me oferecer?”

Para benefício de qualquer um que procure uma resposta para esta pergunta, o que se segue tornará claras as razões pelas quais dizemos que vale a pena ser católico.

1. Por que os católicos estão certos daquilo que creem.

Nós estamos persuadidos de que Jesus Cristo existiu e era Deus; de que fundou uma Igreja para todos os homens; de que enviou o Espírito Santo, o Espírito de Verdade, para guiar essa Igreja; de que, conseguintemente, a sua Igreja é infalível quando ensina o que devemos crer e fazer a fim de verdadeiramente servirmos a Deus. Sabemos que, a despeito de todos os poderes na terra e no inferno, a Igreja de Cristo não pode nem nos enganar nem nos faltar.

Todos os ensinamentos e práticas essenciais da Religião Católica estão contidos no pequeno catecismo. São tão simples, que uma criança pode facilmente ser ensinada a compreendê-los, e, no entanto, respondem às mais profundas indagações e às mais altas dúvidas dos sábios, filósofos ou teólogos. As lições do Catecismo católico traçam a única verdadeira filosofia da vida. Através dos séculos, ateus, agnósticos e zombadores têm atacado o catecismo, mas nem uma só vez conseguiram provar como falsa uma só das suas doutrinas.

2. O ensino católico concorda com o bom-senso.

Em tôda á linha da fé católica não há uma só contradição. Todos os ensinamentos combinam-se juntos como as partes de um modelo ou de um bem delineado plano que invoca em seu apoio a razão do homem e o bom-senso. Por exemplo, em regra geral outras seitas cristãs seguem a prática de alguma espécie de batismo para a remoção do pecado original, mas negam que Cristo tenha estabelecido qualquer outro sacramento para remover os pecados cometidos depois do Batismo, especialmente a Confissão. Isto passa por alto a grande dificuldade de libertar-se da culpa do pecado que o homem é capaz de cometer após o Batismo. Como obter perdão para esse? Os Sacramentos católicos incluem o Sacramento da Penitência ou Confissão, o qual é razoável e cumpre a incumbência de Cristo aos seus apóstolos e aos sucessores destes:

“Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados”.

3. A Igreja Católica está do lado direito das coisas.

Além da direção puramente espiritual que recebe da sua Igreja, o católico sente-se seguro seguindo a direção da Igreja em matérias de conduta cotidiana. A Igreja Católica está invariavelmente do lado direito, mesmo em questões que não são totalmente religiosas, mas que têm efeitos duradouros sobre a prosperidade do homem, prosperidade quer temporal quer espiritual. Por exemplo:

Governo

A Declaração de Direitos e a Constituição dos Estados Unidos, p. ex., poderiam ter sido escritas por um filósofo católico, tão de perto estão de acordo com o tradicional ensino católico sobre ciência política. A Igreja Católica, quer por proclamação quer por ação, tem sempre resistido firmemente à tirania, seja esta na forma do direito divino dos reis, seja na forma do Estado totalitário que procura converter os cidadãos livres em escravos privados dos seus direitos humanos básicos.

Justiça económica

Nos dias em que os trabalhadores tinham pouca proteção, foram homens da Igreja tais como o Papa Leão XIII, o Cardeal Manning e o Cardeal Gibbons que lutaram em favor deles e ganharam para eles o reconhecimento legal do seu direito de organizar-se. Hoje, enquanto a Igreja Católica ainda favorece as uniões operárias, lembra tanto ao capital como ao trabalho as suas solenes obrigações de justiça e de caridade um para com o outro e para com os seus concidadãos.

Justiça interracial

Onde quer que a educação e cultura católica têm plena liberdade, os direitos e a dignidade do homem como criatura de Deus são amparados sem discriminação de cor ou de nacionalidade. O católico que, em razão de preconceito racial, praticasse a discriminação em direitos básicos faltaria à sua religião.

Paz mundial

A Igreja Católica tem incessantemente trabalhado pelo afastamento da guerra, e, quando ocorrem guerras, tem trabalhado pelo alívio da miséria que elas causam. Desde a ruptura da unidade cristã em consequência da sua divisão em múltiplas seitas, os esforços dela para evitar a guerra e estabelecer uma paz justa e duradoura tem sido severamente estorvados.

Educação

A Igreja Católica defende firmemente o direito dos pais a terem seus filhos educados em escolas que ensinem religião e moralidade.

4. A Igreja Católica não transige.

Todos nós admiramos um homem de princípios. Porém muitos de nós não temos senão desprezo por alguém que transija com as suas convicções por algum ganho indigno. Assim sucede também em matéria de religião. A Igreja instituída por Cristo não pode mudar nos seus ensinamentos básicos e nos seus postulados morais, para ser conforme com as mutáveis práticas mundanas e com as variantes opiniões dos homens. Fazê-lo destruiria seu direito ao respeito e à confiança dos homens pensantes.

Em toda a sua história, a Igreja Católica nunca transigiu nas suas doutrinas e princípios morais. Houve ocasiões em que ela poderia ter afastado a perseguição ou salvado para si nações inteiras, se houvesse cedido sobre certos pontos de crença e de moral. Porém ela não poderia transigir e ao mesmo tempo ficar fiel à sua missão divina de “ensinar todas as nações tudo aquilo que eu vos mandei”.

Muito mais fácil para a Igreja Católica, e muito mais fácil para os membros da Igreja Católica seria, por exemplo, se ela pudesse aprovar o divórcio e o impedimento da natalidade, ou contentar-se com a educação secular das escolas públicas. Mas, para fazê-lo, a Igreja teria que transigir com os preceitos da Bíblia, com o seu ensino tradicional, e com a lei moral natural e revelada.

Uma vez que a Igreja Católica transigisse sobre estas e outras verdades fundamentais, falsearia o seu direito de ser a única e unicamente verdadeira Igreja de Jesus Cristo, e os seus membros, tanto como o povo no mundo inteiro, não poderiam ter confiança nela.

5. Só a Igreja Católica remonta aos Apóstolos.

Quando os católicos dizem o Credo dos Apóstolos, sabem com certeza estarem professando fé em verdades fundamentais exatamente com a mesma interpretação com que o fizeram os primitivos mártires cristãos e os primeiros convertidos dos apóstolos. Quando os católicos assistem à Missa ou recebem qualquer um dos sete Sacramentos, sabem estarem assistindo à mesma Missa e recebendo os mesmos sacramentos qual o fizeram os primeiros cristãos. Quando os católicos obedecem ao Papa como ao supremo governante espiritual da cristandade na terra, sabem estarem fazendo a mesma coisa que fizeram os primitivos cristãos, os quais sempre escutaram o bispo de Roma como o sucessor direto de São Pedro.

A história facilmente prova que só a Igreja Católica remonta, através dos séculos, aos Apóstolos, Por que só ela pode reivindicar Cristo como seu fundador. A mais antiga seita cristã não-católica data de pouco menos de 400 anos atrás, enquanto que outras são de mais recente origem. Assim sendo, entre Cristo e essas seitas não-católicas há, historicamente, uma brecha de cerca de 1.600 anos.

6. A Igreja Católica tem ordem e disciplina.

Qualquer organização, no campo quer de negócios, quer civil, quer social, que não tem disciplina e ordem, não tarda a cair em ruína. Assim também numa religião. Se os ministros podem desafiar o seu bispo, e os leigos ditar regras a um pastor, dificilmente se poderia achar nela a paz e a autoridade suave do manso, mas intransigente, Cristo.

A Igreja Católica tem ordem e disciplina, não raro para espanto de um mundo cruel, obstinado. Dois fatores contribuem para isso: um conjunto de leis conhecido como Direito Canônico, o qual foi experimentado e achado benéfico por séculos, e a profunda reverência que todo católico fervoroso nutre pelo seu pastor, pelo seu bispo e pelo Santo Padre. Este espírito de obediência inteligente habilita os chefes católicos a realizarem maravilhas nos campos tanto doméstico como das missões estrangeiras, como ainda nas paróquias estabelecidas nas dioceses organizadas da Igreja Católica.

7. A Igreja Católica ensina que todos os seres humanos tem direito à liberdade de consciência.

Os católicos são educados no respeito às convicções religiosas dos outros, mesmo se com elas não concordam. Aprendem que é pecado ridicularizar, desprezar ou caluniar a religião de outra pessoa. Contudo, esta tolerância não se estende a nenhum erro que esteja contido na religião da outra pessoa. Por esta razão, pode o católico manifestar-se contra doutrinas que reconhece como falsas, mas não em condenação daqueles que sustentam essas falsas crenças. Os sacerdotes e o povo católicos contentam-se com propagar a verdade da sua própria religião, estando convencidos de que o melhor meio de granjear a confiança, o respeito e a convicção dos não-católicos é ostentar diante deles o ensino real e prático da Igreja Católica e o edificante exemplo de milhões de católicos fervorosos.

8. A Religião Católica apresenta uma sadia visão da vida.

Alguns dos prazeres e recreações da vida que por muitos cristãos são considerados como sadios e inofensivos, por outros são condenados como pecaminosos. Dançar, jogar cartas, até mesmo ir a um jogo de futebol no domingo, são coisas condenadas por alguns como violações das leis de Deus e dos princípios da vida cristã.

Enquanto é inflexível em matéria de princípios, em dizer aos seus membros o que é moralmente certo e o que é errado, a Igreja Católica não lhes perturba a consciência declarando serem pecaminosos razoáveis prazeres e formas de recreação humana. Sem dúvida, por excessos e imoderação, certos indivíduos às vezes deturpam até mesmo prazeres sadios, tal como alguns convertem o seu “pão de cada dia” em gulodice. A pecaminosidade não está no próprio prazer ou divertimento, mas sim na amoral ou imoral condescendência do indivíduo. O ensino católico é “tranchant” e adamantino na condenação desses excessos.

9. A Religião Católica ajuda na dor.

É especialmente em tempo de tristeza e na morte que um católico mais aprecia a sua fé. Pode ele contar com a sua religião para aliviar muito da sua dor, não apenas por solidariedade, mas por auxílio positivo. Se se tratar de um infortúnio mundial, a Igreja lá estará usualmente para confortar e aliviar; se for dor física, tantas vezes a Igreja lá estará à cabeceira do leito no hábito de uma freira-enfermeira; se for angústia moral ou mental, o confessionário e a sacristia estão sempre abertos; se for morte, lá estará o padre, com os últimos sacramentos e orações pelo moribundo. Não sem razão nós padres tantas vezes ouvimos esta expressão brotada de lábios conturbados:

“Padre, eu não sei o que faria se não fosse a minha Fé católica”.

10. A Religião Católica traz paz de consciência.

Gilbert K. Chesterton, famoso escritor inglês, interrogado sobre a razão por que se fez católico, respondeu:

“Por querer estar seguro de que os meus pecados foram perdoados”

Todo ser humano adulto, a não ser que tenha pervertido a sua consciência por graves pecados repetidos, tem um senso de culpa, e isto em proporção do número de pecados graves que tenha cometido. O problema agora é assegurar-se de que esses pecados são perdoados.

Para um pagão ou um incrédulo, deve este ser um problema embaraçoso. A mera negação de Deus não vai mudar a natureza humana. A consciência acusa até mesmo o homem que não crê em Deus, e para esse homem não há ninguém para quem se volver em busca de perdão. Os que não reconhecem o Sacramento da Penitência como administrado pela Igreja Católica nem por isto estão em posição mais favorável. Porque só a Igreja Católica reivindica o direito de conceder o perdão de Deus para os pecados, em virtude da nítida incumbência de Cristo:

“Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos”.

Depois de sinceramente procurarem fazer uma boa confissão, com verdadeiro pesar dos seus pecados e com firme determinação de, com o auxilio das graças de Deus, não tornarem a pecar, os católicos não têm dúvidas sobre o perdão dos seus pecados. Também o bom-senso está do lado deles, como anteriormente indicamos, pois eles confiam em que, se Cristo deu à sua Igreja um sacramento (Batismo) para os prover da graça no começo, certamente deve ter instituído outro sacramento pelo qual eles pudessem obter com certeza o perdão dos pecados cometidos depois do batismo, e assim ser restituídos à graça e à amizade de Deus.

11. A Igreja Católica ajada a fazer bons cidadãos.

Alega-se às vezes que os católicos devem vassalagem a um governante estrangeiro e portanto não podem ser leais cidadãos do seu país. Esta acusação tem sido refutada desde muito tempo pela repetida demonstração de lealdade dos cidadãos católicos para com qualquer nação a que devem fidelidade. Exemplos notáveis desta lealdade têm sido dados, por exemplo, pelos católicos dos Estados Unidos e do Canadá, desde que os primeiros colonos brancos vieram para a América.

A autoridade que São Pedro e seus sucessores, os Papas, receberam de Cristo era inteiramente do reino espiritual. Isto subscrevem completamente os católicos do mundo inteiro, com razão persuadidos de que as suas convicções religiosas não são assunto de nenhum governo. Agora como no passado, é necessário ao Papa ser independente de qualquer governante civil. Por essa razão ele agora tem a Cidade do Vaticano, um estado soberano reconhecido pelas nações do mundo e cujos cidadãos são só aqueles que moram dentro dos seus limites. Os católicos em todas as partes do mundo devem fidelidade civil à autoridade legalmente constituída sob a qual vivem.

A Igreja Católica molda bons cidadãos porque ensina que o patriotismo é uma virtude moral que obriga em consciência. Isto é fundado na doutrina católica, e é um conveniente reconhecimento dos direitos do governo civil de governar para o bem comum temporal. Ademais, a Igreja Católica apóia ativamente este ensino quando inculca respeito a Deus, do qual toda autoridade legítima deriva o seu direito de governar, e respeito às leis morais de Deus, sem as quais a obediência à lei civil em última análise entraria em colapso. Ao católico ensina-se especialmente respeito ao juramento, do qual depende a integridade dos nossos Tribunais, dos nossos funcionários civis e dos nossos concidadãos.

12. A Igreja Católica apóia a família.

É evidente que em muitos casos o casamento e a vida de família estão em triste estado hoje em dia. Em prova disto, interrogue-se qualquer das milhares de vítimas dos tribunais de divórcio, ou qualquer filho infeliz de um lar desfeito. Agora não é incomum, para uma juventude refletida, hesitar muito tempo antes de empenhar a sua vida perante um altar. Leis divorcistas frouxas, imorais, hipócritas têm contribuído para este descalabro. Outro inconveniente são os fáceis e prontos meios de casar-se que pessoas desajuizadas frequentemente usam para contrair não somente o seu primeiro vínculo conjugal, porém não raro um segundo, um terceiro ou mais. E por trás de tudo isso está, muitas vezes, uma visão grosseira, material, que tira do Matrimônio tudo o que nele é santo e moral e divino e obrigatório.

Só a Igreja Católica defende o casamento como ele deve ser e como Deus ordenou que ele fosse. Isto não é coisa nova para a Igreja; é tão velho como as palavras de Nosso Senhor e como a Bíblia, que clara e forçosamente condenam o recasamento depois do divórcio, a supressão da natalidade, o descaso dos filhos e o adultério. Se a Igreja Católica houvesse sido condescendente com Henrique VIII e houvesse permitido que ele repudiasse sua legítima mulher Catarina, para desposar Ana Bolena, provavelmente teria conservado toda a Inglaterra na fé e evitado três séculos de perseguição. Sem embargo, a Igreja não podia transigir com a lei divina concernente ao matrimônio, como também não poderia incentivar uma violação de qualquer outro dos dez mandamentos.

Os católicos que ingressam no matrimônio crêem que estão ligados pelo seu voto conjugal, aconteça o que acontecer, até à morte. Por isso os casamentos católicos geralmente perduram e são bem sucedidos.

Os católicos crêem, e é sua convicção, que o casamento entre pessoas batizadas é um sacramento. Por isto encaram reverentemente a sua vida conjugal como um estado santo, comparável, nas palavras de São Paulo, à união de Cristo com a sua Igreja.

Os católicos crêem que, no exercício dos seus direitos conjugais, Deus coopera com eles em trazer ao mundo uma nova vida. Conseguintemente, os casamentos católicos geralmente são abençoados com filhos.

Via de regra, os jovens católicos não são precipitados no casamento. A sua educação e as leis da Igreja dão lugar a que eles só assumam essas solenes obrigações após devida instrução, reflexão e oração. Este é o casamento como deveria ser; este é o casamento como é aos olhos de Deus.

Na completa intimidade do matrimônio, é difícil viver felizmente com um parceiro juntamente com o qual o outro não possa ajoelhar-se e rezar. Ainda mais difícil deve ser permanecer verdadeiramente satisfeito com um marido ou uma mulher dos quais se discorde sobre princípios morais, tais como o controle da natalidade, e ter a torturante certeza de que, em vez de ajudar o companheiro a ir para o céu, o outro companheiro o esteja arrastando para o inferno. Deve ser um sentimento incômodo verificar que se está ligado por voto a um parceiro que pode não se sentir ligado desse mesmo modo. Estes fatores, e uma quantidade de outros, obrigam a Igreja a desaconselhar casamentos mistos que envolvem um católico.

Um católico devoto achará que a melhor escolha para um casamento duradouro e feliz é a união com outro bom católico. Então ambas as partes combinam nos essenciais de um casamento feliz — vida juntos até à morte, na boa e na má fortuna; compreensão mútua do certo e do errado no casamento; uma mútua boa-vontade para rezarem juntos, confessarem-se juntos, receberem juntos a Sagrada Comunhão. Melhor do que tudo, no meio das durezas e ciladas da vida de família, um homem e uma mulher assim unidos têm a consoladora segurança de que o seu casamento é um santo sacramento, de que, na fidelidade de um ao outro e nos cuidados da vida, a família será constantemente ajudada por graças especiais onde quer que o esforço humano sozinho certamente falharia.

13. A Religião Católica ajuda os pais a darem aos filhos uma educação verdadeira.

Os pais católicos sentem que têm uma decidida vantagem sobre os pais não-católicos na educação dos filhos. Muitos pais não-católicos interessam-se profundamente pela educação de seus filhos, o contudo não têm outra escolha senão mandá-los para uma escola pública onde, não raro, o ensino moral e religioso é barrado pela lei. Os pais católicos podem sentir-se seguros de que seus filhos estão tendo não somente uma sã instrução acadêmica, mas também proteção contra quaisquer influências materialistas que possam colidir com a filosofia católica básica.

Os pais católicos crêem, de fato, que, com religião proibida nas escolas públicas, as únicas escolas realmente democráticas são as escolas particulares, onde os pais podem exercer o seu direito de educar seus filhos de acordo com a sua consciência, direito dado por Deus e garantido pela Constituição. Certamente, em países como os Estados Unidos, a manutenção do vasto sistema escolar paroquial, com o seu duplo ônus de taxação, é uma pesada carga para os pais católicos. Todavia, estes se dão por felizes de suportá-lo, visto ele garantir que seus filhos recebam instrução experiente, especialmente em matéria de moralidade e religião.

14. Os católicos podem tornar-se, e realmente se tornam, santos.

Nessa luta com as dificuldades e perigos da vida, o católico está certo de não estar sozinho. Mui frequentemente, na sua juventude, ele teve a inapreciável vantagem de um bom lar católico e de uma instrução escolar católica. Através dos seus anos, teve a vantagem da direção e do incentivo de especialistas em bem-estar humano e divino, os seus sacerdotes. Ele participa da companhia e da ajuda dos santos no céu, os quais ganharam a sua partida por toda a eternidade e intercederão por ele junto a Deus no céu. E todo católico está convencido de que tem a oportunidade e o auxílio de que necessita para se tornar um santo, tal como muitos católicos se tornaram santos antes dele.

Em sentido geral, um santo é alguém que morre em estado de graça e ganha a felicidade eterna. Porém mui frequentemente a palavra “santos” pretende significar os santos canonizados e declarados pela Igreja como tendo atingido, com certeza, um alto lugar no céu. Tal declaração só é feita pela Igreja após exame muito crítico dessas vidas heroicas, e dos milagres que Deus operou em resposta às preces deles.

Dificilmente alguém nega que houve santos na idade apostólica e durante os primeiros séculos do cristianismo. Porém muitos dizem que nos tempos modernos a santidade já não é alcançada. Uma religião que não continuasse a ter santos deveria ser classificada como morta. Portanto, se nós admitimos que a Igreja Católica foi fundada por Cristo, podemos esperar que tenha havido santos em todos os séculos. E foi justamente o que aconteceu, até mesmo na primeira metade deste último século vinte.

Para se tornar um santo, obviamente uma pessoa deve ser ajudada, pois a santidade é uma meta sobrenatural que exige, em aditamento ao esforço humano, ajuda sobrenatural na forma da graça de Deus. Na Igreja Católica os santos têm sido inspirados, na sua busca de sublime virtude, não somente pelo ideal cristão dos Evangelhos, como também pelas numerosas vidas de heróis cristãos que houve antes deles. Ademais, os santos tiveram o benefício da oração coletiva e do culto da Igreja, e os meios de graça no santo Sacrifício da Missa e nos sete sacramentos. Sem as graças emanantes da Missa, do Batismo, da Confissão e da Comunhão, cremos que nenhum cristão pode vir a ser santo.

Todo católico hoje em dia tem todos os auxílios que os santos tiveram, e todas as oportunidades para vir a ser um santo.

15. A Igreja Católica ajuda na morte.

Não há sermão que mais claramente pregue a precariedade do homem do que a morte. Muita gente procura evitar os pensamentos da morte, e, quando esta chega para eles, ou para um ente amado, no mundo puramente materialista, eles não acham nada para os tranquilizar ou consolar.

O velho adágio de que “a Religião Católica é dura para viver, porém cômoda para morrer” encerra um quinhão de verdade. Os católicos em face da morte têm a vantagem de uma vida de treinamento para as apreensões do fim da vida, e ainda a segurança dos últimos sacramentos da Igreja. Enquanto, por natureza, para os católicos não é mais fácil contemplarem a morte do que o é para os outros, eles são grandemente ajudados a encontrar-se com ela calma e confiantemente por causa do seu treinamento religioso e da segurança dos sacramentos. Os católicos rezam dia após dia para terem uma morte feliz, e procuram viver de modo que estejam prontos para a morte quando quer que esta venha.

Um funeral católico não é uma coisa fria, sem esperança. Os enlutados, embora sob o peso da perda e separação mais amarga na terra, são alentados por uma firme confiança de reunião, um dia, no céu. Semelhantemente, sabem que podem ajudar o morto por meio da oração e ser por ele ajudados em troca, consolo que alivia o peso da dor quando a morte chega. Os amigos vem ao velório não apenas para exprimirem a sua condolência, mas para se ajoelharem e rezarem juntos o terço pela alma do defunto. Há um real conforto nisso. A Missa de Requiem, a bênção da sepultura, a inteira cerimônia do funeral — tudo respira esperança, que é mais forte do que o poder da morte.

Sem dúvida, o mundo todo procura a felicidade. Alguns experimentam achá-la no trabalho, outros no prazer, alguns na ociosidade e no repouso, outros numa atividade febril; alguns fazendo a vontade de Deus, outros caindo no pecado. Ninguém está perfeitamente satisfeito na terra; muitos, como lá diz o poeta, “vivem vidas de tranquilo desespero”. Nós não podemos ser completamente contentados enquanto não alcançarmos o céu, mas só poucos quererão reconhecer este fato. Muita gente vive como se existisse na terra para sempre.

Os católicos estão seguros de que no céu nós seremos perfeitamente felizes, porque os anseios da nossa mente e do nosso coração serão completamente satisfeitos. Contemplaremos Deus como a Verdade Infinita, e o nosso intelecto ficará satisfeito; contemplá-lo-emos também como o Bem Infinito, e a nossa vontade estará em repouso. Nesta união com o nosso Criador, todos os bons e razoáveis desejos da nossa natureza humana serão satisfeitos. Não haverá rebelião das paixões, como aqui na terra, não haverá frustração, nem insuficiência, nem fastio daquilo que temos — por outras palavras, no cumprimento do nosso destino haverá ordem perfeita.

Os católicos devem ser as pessoas mais felizes na terra, porque já desde esta vida começam a andar em unidade com Deus. Deles é o especial privilégio e dignidade de fazerem parte do corpo ou organismo vivo do qual Cristo é a Cabeça e eles são os membros. Para eles a graça não é apenas uma segurança contra o inferno, mas uma participação da vida de Deus.

A certeza de pertencer ao verdadeiro aprisco, a paz de consciência após uma boa confissão, o deleite de receber a Sagrada Comunhão, o senso de segurança e de fortaleza no Santo Sacrifício, a guia dos seus sacerdotes em todos os perigos e dificuldades, a companhia dos santos aqui na terra e especialmente no céu, a especial proteção de nossa Santíssima Mãe, a evidência do amor de Nosso Senhor a cada um de nós — todos estes e muitos outros fatores contribuem para definida finalidade de uma vida católica. Embora a sua religião seja estrita e exigente em tudo aquilo que Deus pede, uma fé que exige penitência, sacrifício pessoal e disciplina, todo católico sabe que a recompensa da sua fé contrabalança de longe todas as dificuldades e deveres que essa fé lhe impõe.

Deve você ser Católico?

Por certo, muitos não-católicos ficariam indignados. se lhes fizessem tal pergunta. Contudo, é uma pergunta que acreditamos razoável e merecedora de razoável consideração.

A ênfase na pergunta está na palavra deve. Não estamos perguntando se é boa coisa ser católico, ou coisa legal, ou coisa compensadora. Estamos-lhe pedindo considerar se está obrigado a ser católico, se essa é a única coisa que você pode ser se está interessado em salvar sua alma. Haverá alguma espécie de forca que o deve estar impelindo para dentro da Igreja Católica?

Quando nós dizemos “Deve você ser católico?”, queremos dizer:

“Há razões compulsórias que tornam ilógico, desarrazoado e pessoalmente desastroso, para você, ser outra coisa senão católico?”

Há algumas outras coisas que você pode ser além de católico.

1) Pode ser uma pessoa irreligiosa, que não crê que a religião seja necessária. Neste caso, você ou sustenta que não há Deus ou então não sabe nada sobre Deus.

2) Pode prestar sua fidelidade, teórica ou prática ou ambas, a uma religião não cristã.

3) Ou então pode ser cristão de uma das seitas não-católicas, caso em que sustentará que a Igreja apostólica falhou, coisa que Cristo prometeu que ela não poderia fazer.

4) Se você sustenta que qualquer uma ou todas as seitas cristãs não-católicas são igualmente autênticas na sua interpretação dos ensinamentos de Cristo, então é contrastado pelo fato perturbador de nem todas elas concordarem nas suas interpretações.

Portanto, estas são as quatro escolhas que você tem diante de si: ser católico, ser irreligioso, ser religioso sem aceitar Cristo, ou ser um cristão não-católico. Não há nada mais que você possa ser; e, se você pertence a uma destas quatro classes, não pode pertencer a nenhuma das outras. É nossa pretensão que a evidência, o raciocínio lógico, os fatos históricos, a vontade expressa de Cristo, tudo o obriga a fazer-se católico. Você bem sabe que poderia estar logicamente convencido de dever ser católico e, no entanto, pode não vir a sê-lo por falta da graça de Deus. Contudo, a graça necessária ser-lhe-á dada se você a pedir humildemente enquanto considerar a evidência aqui apresentada para ajudar a sua consciência fazer a escolha de uma religião.

As razões para você ser católico estão inevitavelmente ligadas às razões pelas quais você não deve pertencer a nenhuma das outras três classes em que os homens estão divididos em razão da sua atitude para com a religião. Portanto, se você pode estar convencido de que não deve ser 1) irreligioso, 2) uma pessoa religiosa não-cristã, 3) um cristão sectário, então achar-se-á na feliz situação de saber exatamente o que deve ser, isto é, um católico. Considere brevemente as razões que devem convencê-lo:

Necessidade da Religião

1. Você não deve ser irreligioso, porque não pode fugir a uma relação essencial entre você mesmo e Deus, relação que exige tanto reconhecimento como ação.

A mais simples definição geral de religião é esta:

“A comunicação do homem com Deus baseada na comunicação de Deus com o homem”

Se você está justificado em rejeitar toda religião, só o pode estar, na presunção de que Deus não lhe fez nenhuma comunicação. Nesse caso, deve dizer ou que não há Deus, ou que Deus não pode ser reconhecido, ou que Deus não se interessa por você, ou que Deus nunca lhe comunicou coisa alguma.

Por brevidade, passemos pela negação da existência de Deus, sob o fundamento de que aos que tal crêem não aproveitaria nenhuma das outras conclusões lógicas aqui oferecidas.

Podemos ser igualmente breve quanto à noção de que a existência de Deus não pode ser reconhecida, e sê-lo-emos sobre o fundamento de que quem quer que olhe para um efeito e declare que não pode saber absolutamente nada sobre a causa dele não está pronto para uma discussão razoável do que quer que seja. O possuidor de um “Cadillac” que afirma não poder ter por certo que exista um fabricante de “Cadillac” não seria diferente de alguém que, observando a Criação pretendesse que ela não tenha tido um Criador.

Deus o ama

O fato de Deus interessar-Se por você está escrito por todos os lados. Está escrito no fato de o haver Ele feito senhor da criação, de o haver feito um ser pensante no meio de um milhão de objetos sem mente da sua Criação. Está evidente no fato de lhe haver Ele posto, na sua própria natureza, a capacidade e o anseio de uma felicidade ilimitada. Deve Ele ter querido que algo de maravilhoso acontecesse a você, e isto certamente equivale a “interessar-se por você”.

Mas será que Ele lhe comunicou alguma coisa? Por enquanto, tome apenas uma só resposta a esta pergunta. Ele lhe comunicou algumas tremendas verdades práticas pela mesma maneira como o criou. Deu-lhe uma voz, e assim informou-o de que queria que você falasse, e falasse a verdade. Deu-lhe braços e pernas e olhos e ouvidos, destinados a certos fins, como as partes de qualquer objeto talhado por um ser inteligente, e quis que você os usasse para esses fins.

Sobretudo, deu-lhe uma mente que pode reconhecer finalidades, e um senso urgente de obrigação moral chamado consciência, e um livre arbítrio para obedecer a essas obrigações morais reconhecidas. Assim comunicou-lhe Ele a sua vontade. Religião significa fazer o que Deus quer que você faça, e você pode ver a vontade de Deus do próprio modo como Ele o criou. E é por isto que é absurdo e ilógico ser irreligioso.

2. Você não deve ser religioso sem nenhum reconhecimento de Cristo como Deus, porque, se Cristo era Deus encarnado, intelectual ou moralmente você não é livre de ignorar esta verdade. Nem é livre de procurar comunicar-se com Deus invisível quando Deus realmente se fez visível em Cristo para proporcionar os meios de Deus com o homem, então Deus só poderia ter-se feito homem para comunicar alguma coisa a todos os homens.

Milagres

A sua razão dir-lhe-á que não há nada contrário à onipotência de Deus na afirmação de que, se Cristo era Deus, esteve limitado só meio essencial de provar a você que era Deus, antes de lhe comunicar qualquer coisa. Tinha de mostrar que Ele mesmo era o senhor do universo e das Suas leis. E fez isso por meio dos Seus milagres. Manifestou domínio e suprema autoridade sobre o vento e as ondas; sobre os animais e as árvores; sobre corpos doentes e almas dementes; sobre a morte e o túmulo. Que sinal mais suficiente poderia você pensar em pedir-lhe?

Você não pode razoavelmente dizer: “Mas eu não acredito em milagres, e portanto não sou obrigado a crer que Cristo era Deus”. Isto poderia ser uma objeção lógica se não houvesse milagres para prová-lo. Mas, em face da evidência, dizer que não acredita em milagres e deliberadamente fechar os olhos e a mente à evidência de uma verdade suscetível de ser provada.

A sua escolha

3. Você não deve ser tão não-católico, 1) se a Bíblia lhe diz que Cristo estabeleceu uma Igreja com autoridade; 2) se a história lhe diz que, depois de 1.500 anos, os homens desafiaram essa autoridade e introduziram ensinamentos contrários aos da Igreja de Cristo; 3) se a sua razão o convencer de que nenhuma seita religiosa pode pretender ser o caminho de salvação proporcionado por Cristo se essa seita for sem autoridade, sem unidade, sem imutabilidade e sem universalidade.

Quase todas as seitas cristãs (não-católicas) denominam-se “Cristãos da Bíblia”. Com isto querem eles dizer duas coisas: primeiro, que a confiança na Bíblia elimina a necessidade de uma Igreja com autoridade; segundo, que a Bíblia é dada por Deus aos indivíduos com liberdade para lhe interpretarem o texto como melhor puderem, de acordo com as suas próprias luzes e inspirações. Os que neste sentido se denominam “Cristãos da Bíblia” usualmente pensam que a Bíblia veio ao mundo de alguma maneira milagrosa que substituiu todas as outras comunicações de Deus ao homem.

Entretanto, aqui estão os fatos, que cada um pode comprovar por si mesmo:

1) Uma Igreja com autoridade para ensinar em nome de Cristo assim esteve ensinando antes que o Novo Testamento inteiro fosse escrito, e muito mais tempo antes de a Igreja declarar inspirados por Deus esses escritos;

2) Com a sua suprema autoridade, essa Igreja decidiu o que realmente pertencia à Bíblia e o que não pertencia, e isto foi só quando os escritos inspirados ficaram finalmente completos, uns sessenta ou setenta anos depois da morte de Cristo.

3) Essa Igreja acha a Carta de outorga para a sua existência e para a sua autoridade nas páginas da Bíblia, mesmo nas páginas de versões não-católicas da Bíblia.

Genuíno “Cristão da Bíblia” é realmente o católico. Na própria Bíblia acha ele a explicação de não haver Cristo julgado necessário fornecer uma Bíblia completa até muitos anos depois da sua morte. Ele sabe que Cristo mandou seus apóstolos “ensinarem todas as nações”, ensinarem “com autoridade” (“Quem crer será salvo, quem não crer será condenado”); ensinarem com guia divina e com proteção contra o erro (“E eis que estou convosco todos os dias”; “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” — a Igreja). A Igreja que Cristo fundou esteve ensinando todas as nações antes que o Novo Testamento fosse composto; a Igreja que Cristo fundou determinou quais eram os livros inspirados e que pertenciam à Bíblia como a temos hoje; e essa Igreja usou a Bíblia, depois que esta foi composta e autenticada como mais uma fonte aditada: seu ensino e tradição orais. Certamente a Igreja que precedeu a Bíblia, que deu ao mundo a Bíblia, a Igreja que é descrita na Bíblia, essa é a única que representa a verdadeira religião de Cristo no mundo.

A segunda condição que torna ilógico ser você qualquer coisa senão cristão-católico é o fato de “a história nos dizer que, nas suas versões da Bíblia, os homens mudaram muita coisa que tinha sido aceita como cristianismo essencial vários séculos antes de eles virem à existência”.

Você está vivendo no século vinte, e, digamos, está convencido de que Cristo é Deus. Está convencido de que a coisa mais importante na vida para você é saber o que foi que Cristo lhe comunicou. Você não pode por sobre as cabeças de cem gerações de humanidade para interrogar Cristo, você mesmo. Mas pode voltar para trás, através dessas gerações, para saber quais ensinamentos de Cristo, quais interpretações das suas palavras e da Bíblia chegaram até você inalterados.

Os sacramentos

Se, olhando para trás, através da história, você verificar que alguma doutrina, como por exemplo a dos sete sacramentos, ou a da Missa como renovação incruenta do sacrifício de Cristo na cruz, foi firmemente sustentada durante quinze séculos ininterruptos, a começar do século de Cristo, e que depois, mil e quinhentos anos mais tarde, alguém começou a ensinar só ter havido três sacramentos, ou não ter havido sacramentos, ou que a Missa era uma superstição, que é que você pode logicamente concluir? Obviamente teria de concluir que esses novos “mestres” haviam rompido com Cristo, por haverem alijado ensinamentos que gerações haviam conservado inalterados desde o tempo de Cristo.

Isto não é, como pode parecer, uma super-simplificação. É simples no sentido de que Cristo deve ter tornado fácil a todas as gerações o saberem o que Ele disse e o que quis dizer com o que disse. Se Ele era verdadeiramente Deus, é absurdo pensar que Ele devesse fazer-Se homem, ensinar a humanidade, e depois esperar quinze séculos por alguém que decidisse haver sido o ensino dEle não compreendido desde o começo — por quinze séculos. O fato do terem vindo homens que mudaram os ensinamentos aceitos pelos discípulos de Cristo durante quinze séculos não é matéria de simples opinião. É fato histórico. E também é fato que há um só lugar, uma só Igreja, onde as doutrinas alijadas por esses pretensos reformadores foram conservadas invioladas desde o começo do Cristianismo.

Doutrina imutável

A defesa para as mudanças feitas pelos Reformadores é que alguns homens da Igreja haviam-se corrompido. Mas essa alegada corrupção era uma questão moral que envolvia indivíduos, e que não reclamava mudanças de doutrina tais como foram propostas nos séculos quinze e dezesseis. Isto não era mais lógico do que teria sido para os Apóstolos reclamarem uma mudança nos ensinamentos de Cristo pelo fato de um dos discípulos de Nosso Senhor, Judas, havê-lO traído. Daí dever necessariamente a Igreja de Cristo ser a única que tem pregado e continua a pregar sem alteração as doutrinas de Cristo, sem levar em conta as faltas pessoais dos indivíduos para continuar sendo verdadeira para eles.

A terceira condição que forçaria a sua mente a uma aceitação da Igreja Católica como sendo a Igreja de Cristo é “se a sua razão o convence de que, sem autoridade, unidade, imutabilidade e universalidade, nenhuma seita pode ser declarada caminho da salvação para todos”.

Contradição

Como desculpa para não encararem os fatos da religião, algumas pessoas sustentam que a verdade religiosa transcende a compreensão humana. Contudo, essas mesmas pessoas manifestam completa confiança na sua capacidade para raciocinarem sobre outras complexas matérias, práticas e intelectuais. O banqueiro agnóstico, que diz que não pode aprender ou saber coisa alguma sobre religião porque a sua mente não é capaz de conhecer, deposita na sua mente toda confiança quando se aplica às regras e práticas da arte bancária. Soma algarismos e fica certo das suas conclusões; calcula o valor dos investimentos e os juros de empréstimos, e age confiantemente baseado nas suas conclusões.

Semelhantemente pode você certificar-se da verdadeira religião cristã de acordo com algumas simples condições. Cristo falava com autoridade; você não achará a religião dEle em nenhuma Igreja que não continue a falar com a autoridade dEle. Cristo não deu a ninguém ocasião de dizer: “Não importa o que você crê”. Antes, disse: “Quem crer (aquilo que eu ensinei) será salvo”. Assim, todos os seus discípulos devem crer as mesmas coisas. Cristo não oferece às gerações vindas depois dEle ensejo para alterarem ou contradizerem qualquer coisa do que Ele disse. Portanto você achará a
Igreja dEle assinalada pela imutabilidade de doutrina através de todos os anos. Assim como Cristo pregou a todos os homens sem exceção, assim também os seus seguidores serão assinalados pela identidade das suas crenças e práticas essenciais em qualquer parte do mundo. Só uma Igreja lhe oferece o preenchimento destas condições. Sua mente deve dizer-lhe que, onde quer que elas não forem preenchidas, você não achará a religião de Jesus Cristo.

É triste que a compulsória simplicidade de todas essas provas tenha sido turvada por objeções que distraem os indivíduos da questão essencial. A questão essencial é: onde posso achar Cristo ainda ensinando, fortalecem guiando e salvando a minha alma hoje em dia? Quando você quase O está vendo, na Igreja Católica, operando através de instrumentos e representantes humanos, como os Seus doze primeiros apóstolos, para salvar a sua alma, alguém lhe murmura alguma razão pela qual a Igreja Católica não é o lugar onde você pode achar Cristo.

A razão lhe diz

Esses cochichos são, muitas vezes, puras falsidades — por exemplo, quando lhe dizem que a hierarquia e o clero católicos procuram conquistar o poder político e temporal. Às vezes eles dizem a verdade, mas para distraí-lo da verdade. Dizem que o clero não é tão santo como deveria ser, ou que este ou aquele clérigo caiu em pecado. Mesmo se isso fosse verdade, não é argumento contra a verdade da Igreja Católica, como tampouco a queda de Judas foi argumento contra a divindade de Cristo. A Igreja como meio oferecido por Cristo para salvar sua alma não está na dependência dos atos pessoais de nenhum membro individual do seu clero.

Algumas vezes esses cochichos distraem-no da verdade citando um texto individual da Bíblia e torcendo-lhe o significado real em relação a outros textos. Assim, alguns organizam uma lista de textos nos quais Cristo ou outros escritores inspirados falam for¬temente da necessidade da fé para a salvação. Então aditam à palavra “fé” a palavra “sozinha”; então descontam ou afastam as muitas outras diretrizes para a salvação dadas por Cristo, tais como as de dever você ser batizado, receber o Corpo e o Sangue de Cristo, escutar a Igreja de Cristo. E então lhe oferecem a confortadora conclusão de que você só precisa é crer firmemente em Cristo, para ser salvo. Obviamente, se você crê firmemente em Cristo, pretende crer tudo o que eEle disse e pô-lo em prática. Simplesmente crer, isto claramente não basta.

Este esboço da razão pela qual todos os homens são chamados a ser católicos não pode por si mesmo convencer aqueles que foram “distraídos” da verdade. Sobejamente sabemos que o simples conhecimento não basta para fazer alguém católico. A graça de Deus, só obtida pela oração humilde e submissa, é necessária se alguém quiser achar e seguir a trilha de Cristo para a salvação. Possa você ser cumulado dessa graça.

Será difícil a alguém fazer-se Católico?

Não é fora do comum encontrar pessoas que, embora não tenham antipatias arraigadas contra a Igreja Católica, e possam mesmo sentir-se atraídas para ela, têm, entretanto, a impressão de que é muito difícil a uma pessoa fazer-se católica. É até mais comum encontrarmos católicos que têm uma idéia fixa de que é excessivamente difícil servir de instrumento para conduzir os não-católicos ao longo da senda para a Igreja una, santa, católica e apostólica.

Que há dificuldade, isto é inteiramente verdadeiro. Mas, quando a gente separa e encara as espécies de dificuldades que realmente há, torna-se aparente que elas são dificuldades capazes de ser encaradas, analisadas e superadas. Realmente, se isto não fosse verdade, não haveria propósito no convite que constantemente é dirigido aos não-católicos para se aproximarem e verem se não podem achar a paz e a salvação no seio da Igreja Católica.

Com base no exame de diferentes tipos de indivíduos e na experiência feita com grande número deles, torna-se possível classificar em três categorias as dificuldades de se fazer alguém católico. E são as seguintes:

1. Acidentalmente, há certas dificuldades graves que podem erguer-se no caminho de uma pessoa que quer fazer-se católica.

2. Essencialmente ou substancialmente, nunca há dificuldades demasiado grandes que impeçam alguém de se fazer católico.

3. Praticamente, há sempre as dificuldades que naturalmente deveriam ser esperadas e corajosamente vencidas em perseguir tão importante objetivo como esse de achar a religião verdadeira.

Discutindo estes vários tipos de dificuldades, deve-se ter por pressuposto que a graça de Deus estará à mão para todos aqueles que sinceramente a pedirem. Nem mesmo aqueles que têm o menos de dificuldades a enfrentar podem fazer-se católicos sem a graça de Deus. Ao mesmo tempo, o principal fica sendo sempre que àqueles que por si mesmos fazem o que podem Deus nunca nega quaisquer graças de que eles necessitem.

1. Dificuldades acidentais. Pelo termo acidental pretendemos caracterizar dificuldades que surgem de algumas circunstâncias especiais na vida de uma pessoa, circunstâncias que criam um tropeço extraordinário à sua aproximação da Igreja Católica. Elas nada têm que ver com o apelo essencial da verdade à mente humana, nem com o poder da mente para achar e abraçar a verdade. Antes, usualmente impedem uma pessoa sequer de fazer um começo no sentido de considerar se a verdade pode ser achada na Igreja Católica.

Eis aqui vários exemplos dessas dificuldades acidentais ou circunstanciais:

Falsidades

a) De muito a mais comum é que se origina do fato de por muitos anos haver a pessoa estado sujeita a uma corrente de má informação e má educação a respeito da Igreja Católica. Milhões de pessoas tiveram trombeteado nas suas mentes desde a infância que certas doutrinas e práticas católicas são contrárias aos ensinamentos de Cristo e da Bíblia, e que os sacerdotes e Bispos e chefes leigos católicos são caracteres sinistros que só procuram a escravização e o empobrecimento daqueles que lhes estao sujeitos.

Esses indivíduos, na realidade, nunca examinaram os ensinamentos da Igreja, nem jamais conheceram pessoalmente quaisquer sacerdotes ou bispos. A sua educação foi tal que eles não quiseram fazê-lo, ou sentiram que seria errado fazê-lo. Que a Igreja Católica é terrivelmente e perigosamente má faz tanta parte das convicções intelectuais deles como o faz qualquer outra informação que eles recebem e consideram correta. Obviamente, isto cria uma dificuldade extraordinária no caminho da eventual disposição deles para estudar por que razão a Igreja Católica reivindica ser a única verdadeira religião de Cristo.

b) Outra dificuldade acidental que impede alguns de examinarem a Igreja Católica é um modo de vida que eles sabem ser contrário àquilo que a Igreja Católica estabelece como sendo a lei de Cristo para todos os seus filhos. Muitos sacerdotes têm deparado não-católicos divorciados e recasados que exprimem essa dificuldade de algum modo por estas palavras: “Eu pendo para a Igreja Católica. Realmente, eu gostaria de saber mais sobre ela. Mas, como o senhor vê, divorciei-me de uma mulher e casei-me com outra. Sei que pessoas divorciadas e recasadas não podem ser membros da Igreja Católica reais e praticantes. Ao mesmo tempo não posso e não quero despedir minha companheira atual. Assim, não há muita utilidade em cogitar de me fazer católico”.

A mesma dificuldade está presente para alguns não-católicos que praticam habitualmente a prevenção da natalidade, ou que vivem em contínuo estado de adultério. Eles têm propensão para a Igreja, mas sabem que os seus pecados habituais, que eles recusam abandonar, os impediriam de ser bons católicos de qualquer modo. Por isto não seguem a sua inclinação.

Uma escolha difícil

c) Uma terceira dificuldade acidental que alguns não-católicos acham custosíssima de vencer é a posse de muitos contatos humanos, sociais e rendosos que teriam de ser perdidos ou abandonados se eles se fizessem católicos. Para muitos, a perspectiva de tais perdas é justamente uma dificuldade grande demais para ser vencida, embora praticamente eles estejam convencidos de que a religião católica é a única verdadeira religião de Jesus Cristo.

d) Uma dificuldade mais acidental é simplesmente interesse demasiado por coisas sensíveis, materiais e mundanas. O seu negócio e as suas ambições, o seu lar e os seus confortos, as suas recreações e divertimentos, as suas festas e férias, permitem-lhes encher a sua vida. Eles absolutamente não tem tempo nem interesse para se ocuparem de religião.

2. Dificuldades essenciais. Por dificuldades essenciais para que alguém se faça católico entendemos as que poderiam ligar-se ao próprio processo de se preparar para se fazer católico e submeter-se à Igreja Católica. Na realidade, estas são dificuldades em grande parte imaginárias, e nenhuma delas é grande demais para que qualquer pessoal normal não possa vencê-la.

Você deve decidir

Se há uma só religião verdadeira, se há alguma Igreja à qual Cristo quer que todos os seres humanos pertençam e por meio da qual devam ser salvos, para qualquer ser humano deve ser essencialmente fácil achar essa Igreja, aprender-lhe os ensinamentos e leis essenciais, e fazer-se membro dela. Todavia, o fato de ser isso fácil não elimina a necessidade de algum esforço da parte do indivíduo para acertar com a verdade e agir com base nela quando convencido de que a religião de Cristo não é um mero clube ou irmandade a que “aderir” como matéria de conveniência.

A experiência prova que, para ninguém, em qualquer modo de vida, com qualquer lastro de educação, é essencialmente difícil achar a verdade da Igreja Católica e submeter-se a ela. Os convertidos à Igreja alinham-se desde homens e mulheres do trabalho, com apenas um mínimo de instrução escolar, até muitos dos maiores gênios e gigantes intelectuais de todas as épocas. Todos vêm aos mesmos simples atos de fé e submissão. Todos aprendem que Cristo era Deus, o único Redentor e Mestre da humanidade; que Ele fundou uma Igreja para distribuir os méritos da Sua Redenção e continuar o Seu ensino, sem desvio, até o fim dos tempos; que a única Igreja que corresponde às palavras do Seu fundador e à finalidade e tarefas que Ele lhe confiou é a Igreja Católica.

A Feliz escolha

Por ser coisa essencialmente fácil fazer-se católico é que muitos são capazes de vencer até mesmo as dificuldades acidentais extraordinárias anteriormente mencionadas. Muitos que desde a infância foram ensinados a temer, suspeitar e odiar a Igreja Católica, mediante leitura ou associação com católicos vieram finalmente a conhecer-lhe as verdadeiras doutrinas, e o seu real ministério, e a relação de tudo nela à vontade de Cristo, e tornaram-se os convertidos mais felizes de todos. Muitos cujos pecados por longo tempo os mantiveram afastados da Igreja foram finalmente impelidos, pelo remorso e pela necessidade do perdão de Deus, aos braços da Igreja de Deus. Muitos que viveram para o mundo e para as suas coisas boas, viveram o bastante para verem o seu mundo ruir à volta de si, e então buscaram refúgio no único lugar onde ele poderia ser achado, isto é, na Igreja que Cristo fundou para todos.

Na verdade, é tão essencialmente fácil a alguém fazer-se católico, e tantos com um milhão de diferentes lastros o tem feito, que é triste que tantos outros deixem de vencer as dificuldades acidentais que topam no seu caminho, ou não se movam a si mesmos numa séria procura da verdade.

3. Dificuldades práticas. Embora seja essencialmente fácil fazer-se católico, não quer isto dizer que tal coisa não requeira esforço. Fazer-se católico, como milhares de convertidos prontamente atestarão, é a maior coisa que possa acontecer a alguém. Isso transforma a inteira visão de uma pessoa sobre a vida; dá uma meta gloriosa pela qual lutar como fim da vida, e erige metas menores para cada dia da vida.

De fato, isso não poderia ser coisa tão maravilhosa se não requeresse algum esforço para ser alcançado. Fazer-se católico não é como um acidente que sobrevém a alguém, nem uma mera experiência emocional. É fruto de um esforço humano pessoal coroado pela graça de Deus. Todos os esforços humanos envolvem dificuldades proporcionais ao fim a ser atingido. Fazer-se católico assinala o mais alto fim concebível que cada um possa algum dia atingir; e quer dizer tornar-se filho de Deus, membro do Corpo Místico de Cristo, uma alma guiada segura e tranquilamente, através da vida, rumo ao céu, pela vontade do Filho de Deus. Há trabalho implicado em atingir tamanha meta.

O que fazer?

As dificuldades que os não-católicos podem esperar encontrar no processo de se fazerem católicos originam-se de três fontes não relacionadas com as dificuldades acidentais anteriormente descritas. Aqui estamos considerando o não-católico que sente que deveria saber mais do que sabe sobre a Igreja Católica, o não-católico que sente talvez uma insistente curiosidade a respeito dela. Tais pessoas podem experimentar as seguintes dificuldades naturais cm aproximar-se da Igreja:

a) A dificuldade de estabelecer o primeiro contato com alguém que possa ajudá-lo a ficar sabendo mais a respeito da Igreja.

Muitos não-católicos que sentem sincera curiosidade a respeito da Igreja ou inclinação para ela adquiriram-nas lendo material católico ou conversando com católicos. Mas vem o tempo em que eles não podem ir mais além no seu estudo sem procurarem um padre. E, para muitos, pode isto ser uma coisa terrivelmente difícil de fazer.

Aguarda-o uma boa acolhida

Essa dificuldade origina-se de uma combinação de várias coisas. Há sempre um pequeno receio que murmura:

“Talvez as horríveis coisas que dizem sobre a Igreja e sobre os padres sejam verdadeiras”.

Há outra espécie de timidez que murmura:

“Talvez eles não queiram incomodar-se comigo”

Às vezes há a noção equivocada de que aproximar-se de um padre e pedir-lhe maior informação é como mergulhar no abismo; isto se baseia na superstição de que, por algum meio oculto, o padre forçá-lo-á a ser católico mesmo contra a sua vontade. Nenhuma destas dificuldades deve-se permitir que prevaleça. Ir a um padre e pedir maior instrução sobre a Igreja deve ser olhado com a mesma calma que se poria em pedir informação a um agente de viagens, mesmo se o real desfecho aí envolvido é o mais tremendamente importante na vida inteira do homem.

b) A dificuldade de frequentar aulas de instrução e de fazer algum estudo e leitura privada.

Nenhum sacerdote pode aceitar na Igreja Católica um não-católico enquanto não estiver razoavelmente convencido de que esse não-católico conhece todos os ensinamentos essenciais de Cristo como são transmitidos através da sua Igreja e exprime a sua submissão intelectual e moral àquilo que aprendeu. Quer isto dizer que ordinariamente um sacerdote deve instruir um futuro convertido sozinho ou em grupo. O número de períodos de instrução requeridos variará de acordo com o que o não-católico já conhece sobre os ensinamentos de Cristo e da Sua Igreja. Usualmente, em qualquer parte, serão necessários de dez a vinte períodos de instrução.

Assim, o não-católico tem de tomar suas providências para frequentar as instruções, e de aplicar a sua mente para aprender o que está sendo ensinado. Isto é uma dificuldade para alguns, especialmente para os que pensavam que tudo o que tinham a fazer era dizer que queriam ser católicos, para serem imediatamente recebidos na Igreja.

Instrução

Mas, se tais pessoas pensarem por um momento, compreenderão como são indispensáveis as instruções. Cristo veio ao mundo tanto para redimir a humanidade como para ensinar a humanidade. Levou quase três anos ensinando, e tudo o que disse, seja o que está registrado nos Evangelhos, seja o que Ele confiou aos apóstolos, de alguma maneira deve ser repassado por aqueles que desejam tornar-se seus fiéis seguidores.

De outro ângulo, a necessidade de instruções deve ser clara. Ser um verdadeiro seguidor de Cristo ou um membro da Igreja que Ele fundou constitui um modo de vida — um novo modo de vida, um modo sobrenatural de vida, um caminho que leva à visão de Deus no céu. Certamente, alguém que pense em entrar nesse novo caminho deve ficar sabendo em que é que ele consiste, quais são os deveres que ele impõe, quais os auxílios e recompensas que oferece. É isto que é ensinado nas instruções ministradas a um convertido em perspectiva. Ele não pode com razão crer em Cristo senão conhecendo o que Cristo ensinou; não pode ser obediente às leis estabelecidas por Cristo, diretamente ou através da sua Igreja, senão conhecendo essas leis.

A estrada verdadeira

É trágico haver algumas pessoas que sentem inclinação para a Igreja e, no entanto, permitem que a dificuldade implicada em tomar instruções as mantenha afastadas disso. O tempo gasto nessas instruções e a energia despendida no estudo é um preço pequeno a pagar pelo privilégio de achar a única estrada verdadeira para o céu.

c) A dificuldade de fazer o ato final de submissão à autoridade da Igreja Católica como à verdadeira Igreja de Cristo no mundo.

Alguns convertidos terão pouca dificuldade em fazer o seu ato final de submissão. Uma vez que lhes tenham sido explicadas as doutrinas da Igreja e eles tenham visto como elas são perfeitamente razoáveis, eles anseiam pela chegada do dia em que serão aceitos no seio da Igreja e terão concedidos a si todos os sublimes privilégios disponíveis aos filhos da Igreja.

Alguns, porém, têm grande dificuldade em fazer a sua submissão final, a despeito do pleno reconhecimento, por parte da sua mente, de que a Igreja representa a verdade em matéria de religião. O Cardeal Newman lutou com esta dificuldade por uma porção de anos antes de vir a ser o grande católico que foi. Esta dificuldade pode ser devida a antecedentes de família, a pressão de amigos, ou aos últimos esforços do demônio para suscitar uma perturbação na alma.

Seja qual for a causa, o único meio seguro de resolver esta dificuldade é a oração. Realmente, todo não-católico que começa a pensar na Igreja Católica, ou a tomar instruções sobre ela, deveria formular diariamente preces pedindo a guia e a graça de Deus, mesmo antes de haver aprendido bastante sobre a Igreja para estar seguro de que precisa fazer-se católico. A graça de Deus virá em abundância a quem lha peça diariamente, e fará parecerem como nada todas as dificuldades, em face daquilo que finalmente deverá ser ganho.

Pode, portanto, este artigo ficar como uma repetição do perpétuo convite endereçado pela Igreja Católica a todos os que estão fora do seu aprisco — para virem e verem se ela não tem aquilo que as suas mentes estão buscando e os seus corações desejando e as suas almas necessitando. Especialmente é ele dirigido aos muitos milhares de pessoas que por longo tempo têm vivido com o pensamento de aprender mais acerca da Igreja, mas nada têm feito sobre isso.

Ele é também um lembrete aos católicos sobre os muitos meios pelos quais podem ser capazes de ajudar um amigo não-católico sobre algumas das dificuldades que este último deve enfrentar. É fácil, para um não-católico, fazer-se católico, se alguém que já possui a alegria da verdadeira fé o ajudar nos momentos em que isso parece ser tão difícil.

Como travar conhecimento com a Igreja Católica

Alguns anos atrás, um moço timidamente tocou a campainha da casa de um padre. Quando a porta se abriu, disse o moço:

“Padre, eu não sou católico, mas gostaria de fazer um curso de instruções sobre a religião católica”.

“Terei muito prazer em ministrar-lhas”, disse o padre.

“Compreenda-me bem agora, Padre”, continuou o moço. “Eu não quero fazer-me católico. Quero só verificar se são verdadeiras todas as coisas horríveis que meu pai costumava dizer sobre a Igreja Católica”.

Desnecessário é dizer que o padre sorriu e combinou o tempo para as instruções.

Cada ano, mais de 100.000 não-católicos americanos estão se aproximando de sacerdotes e pedindo instruções sobre a Religião Católica. Variados podem ser os seus motivos imediatos, mas, no principal, eles estão simplesmente buscando a verdade no negócio mais importante da vida humana — a religião.

Para um não-católico, seria pouco honesto aceitá-lo na Igreja Católica sem lhe ministrar antes um curso de instrução, e isso simplesmente porque não se pode ser genuíno católico sem compreender o que a Igreja Católica ensina e quais são as provas que apoiam os seus ensinamentos. Para alguém que queira converter-se à fé católica, há novas verdades a serem aprendidas e apreciadas, novas obrigações a serem assumidas e novas práticas a serem observadas.

Nos primeiros séculos do Cristianismo, aos candidatos ao Batismo era ministrado um longo período de instrução e um ainda mais longo período de provação. Isto era devido ao fato de aqueles neófitos (como eles eram chamados) saírem de um mundo pagão, imoral, para buscar admissão à vida, mais alta e espiritual, oferecida por Jesus Cristo, o Filho de Deus. Hoje em dia, o curso de instrução e provação muitas vezes é consideravelmente encurtado, porque muitos convertidos são grandemente católicos em pensamento e em sentimento, e já conhecem muitas doutrinas católicas antes de se aproximarem da Igreja.

Um não-católico pode pedir a um amigo católico que o leve a um padre e o apresente a ele. Se você não tem amigo católico, não hesite em ir ter com um padre e apresentar-se por si mesmo. Pode estar certo de uma amável acolhida, porque a instrução de convertidos é uma das tarefas favoritas de todo padre zeloso e apostólico.

Muitos padres usam um livrinho para instrução chamado o Catecismo. Em forma de perguntas e respostas, contém ele toda a instrução essencial sobre a Igreja Católica: o que é que os católicos crêem, com que é que d¬vem viver em conformidade, como é que rezam e prestam culto. No curso de instrução o padre explicará e suprirá as perguntas e respostas, e responderá a objeções e dúvidas que os convertidos suscitem. A finalidade da instrução não é somente que o convertido conheça tudo o que a Igreja Católica ensina, mas também que fique completamente convencido de que a Igreja Católica é a única Igreja verdadeira, que o ajudará a resolver os problemas da vida e o levará a Deus no céu.

Fácil de compreender

Um dos aspectos satisfatórios do Cristianismo é o fato de as mais profundas verdades de fé e de moral poderem ser expressas em palavras que até mesmo uma criança pode compreender. Isto, sem dúvida, é devido ao fato de Deus, que é a Fonte de toda verdade, ser o autor dos ensinamentos da Igreja Católica.

Usualmente as instruções são ministradas privada e individualmente pelo sacerdote, embora às vezes, se assim o desejar, possa o candidato juntar-se a uma classe, a um grupo de pessoas que estão sendo instruídas todas ao mesmo tempo. Via de regra, não é exigido que se decore, exceto as orações. O objetivo importante é compreender cada coisa profundamente. Para este fim as instruções são tornadas mais semelhantes às de um clube de discussão, no ambiente de conversa amigável.

Curso de instrução

Quando o não-católico se aproxima do padre, decidem ambos sobre o tempo mais conveniente para as instruções. Este será, ordinariamente, de uma ou duas vezes por semana, geralmente por uma hora de cada vez. O curso inteiro levará de quatro a seis meses, dependendo da frequência à instrução, da regularidade com que o candidato vem, e do conhecimento que ele já tem da verdade católica. Em casos de emergência, pode esse tempo ser consideravelmente encurtado; realmente, quando um não-católico muito doente ou moribundo chama o padre, só alguns minutos são precisos para ministrar as instruções essenciais para o batismo e para a recepção dos outros sacramentos. Se um doente, assim batizado, se restabelece, deve então procurar as instruções mais completas e detalhadas.

Em via de regra, os candidatos vão ter com o padre para as instruções. Contudo, no caso de não-católico doente ou inválido, qualquer sacerdote terá satisfação em ministrar o curso de instruções na casa da própria pessoa. No caso de desejar um não-católico fazer-se católico antes de um casamento, deve iniciar as instruções ao menos seis meses antes da data do casamento. Sob algumas condições, pode este tempo ser algo encurtado.

A finalidade de tomar instruções é ficar sabendo tudo sobre a Igreja Católica. Se você não compreender um ponto, ou se lhe acudir uma objeção contra algum ponto de ensino, não hesite em interromper o padre e perguntar sobre isso. O único interesse dele é que você aprenda e fique convencido. Via de regra, os sacerdotes recebem com satisfação perguntas e objeções, visto mostrarem interesse e sinceridade.

Cada igreja católica é um santuário de culto e de instrução católica. Há muitos pequenos atos acidentais de devoção católica que o padre não terá tempo de lhe ensinar mesmo num curso profundo de instruções. Para ficar tranquilo, ele lhe ensinará plenamente o significado da Missa, dos sacramentos, etc. Mas há muitas pequenas práticas devocionais que você pode aprender observando os católicos e interrogando-os.

Em igreja

Quando você entrar numa igreja católica, faça como fazem os outros à volta de si. Ninguém prestará especial atenção a você, nem notará que você não é católico. Pode você ali orar e receber alguns dos frutos espirituais da Missa, mas, sem dúvida, não tem permissão para se confessar ou receber a Sagrada Comunhão senão depois que tiver sido batizado ou recebido na Igreja.

O padre presume que todos os candidatos vêm a ele com propósito de investigar a verdade da Igreja Católica. Tem prazer em ajudar nisso tanto quanto puder, mas nunca deseja forçar ninguém a fazer-se católico. Pelo contrário, a nenhum padre é lícito receber na Igreja uma pessoa que admissivelmente não está convencida da verdade das pretensões católicas. Se uma pessoa se faz católica ou não, isto depende da sua própria consciência e convicção.

Fora da Igreja Católica há muitas noções supersticiosas sobre a fé. Algumas pessoas consideram-na um estado emocional em que elas apenas se sentem perto de Deus. Outras parecem confundir fé com superstição; crêem certas coisas sobre Deus e religião quase como uma pessoa acreditaria no poder de certos encantos ou objetos misteriosos, sem possuir nenhum fundamento racional ou inteligente para a sua crença. Outras crêem que a fé é dada a alguns e recusada a outros por uma espécie de decreto tirânico da parte de Deus, e que o indivíduo nada pode fazer sobre isso.

Que é a fé?

Para o não-católico, o acesso natural à fé é considerá-la como um modo de aprender a verdade sobre religião.

Na educação comum, há três modos de aprender. Um é vendo e ouvindo alguma coisa suceder: isto é aprender por experiência. Outro é raciocinando sobre as coisas, tal como provar que um ser humano tem uma alma espiritual: isto é aprender pelo raciocínio, O terceiro modo e o mais comum é lendo um livro de confiança ou escutando um mestre fidedigno: isto é aprender pela .

Aplicada à religião, a fé é, portanto, um modo de aprender as verdades de Deus com base na palavra e na autoridade de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que as ensina por intermédio da sua Igreja infalível.

Assim pode-se ver que, de um ponto de vista humano, a fé religiosa é primeiramente uma questão do intelecto e da vontade, e não uma cega emoção ou sentimento. Enquanto os católicos aceitam todas as verdades católicas com base na palavra de Cristo que as ensinou, também aprendem o por quê de cada coisa, porque a religião católica é mui racional em todos os seus ensinamentos. Nas suas instruções, os convertidos são incentivados a exigirem prova de toda doutrina cristã. Tal prova pode estar disponível na razão ou no claro ensino de Jesus Cristo.

Sem dúvida, deve ser notado que há uma fé sobrenatural, isto é, uma fé capaz de merecer os maravilhosos favores e recompensas sobrenaturais que só Deus pode dar e que Ele preparou para os homens. Essa fé é, com razão, chamada um dom de Deus que é infundido na alma por ocasião do Batismo. Mas, por um adulto, a preparação para esse dom só é convenientemente feita mediante o uso da sua razão em chegar a uma compreensão e aceitação das palavras de Deus.

Simples lógica

Às vezes as pessoas são muito lógicas e razoáveis sobre algumas coisas, mas parece perderem a sua lógica e até mesmo o seu bom-senso quando se vem à religião. Assim, considerariam idiota uma pessoa que dissesse que dois e dois fazem quatro e que dois e dois também fazem cinco. Todavia, ao mesmo tempo, dirão que uma religião é tão boa como outra, ou que todas as religiões são igual mente verdadeiras, mesmo se ensinam doutrinas contraditórias. Deus não pode ensinar doutrinas contraditórias, e, uma vez que uma pessoa aceite o fato de que a fé significa a racional aceitação daquilo que Deus realmente disse, ficará sabendo que só pode haver uma única religião verdadeira. As mesmas regras concernentes à verdade aplicam-se à religião como a todos os outros ramos da ciência e da instrução.

O auxilio da oração

Deixado a si mesmo, o intelecto humano é sujeito ao erro e facilmente afetado por sentimentos e preconceitos. Por esta razão, o sincero perquiridor da verdade em matéria de religião deve rezar ardentemente a Deus em busca de auxílio. É por isto que usualmente um padre pede ao candidato sob instrução dizer cada dia uma prece em busca da guia de Deus e da coragem para seguir as suas convicções. Quando um não-católico sinceramente busca a verdade e reza, não será deixado sem iluminação e sem coragem.

Durante o último século, um clérigo notável, uma das mais brilhantes sumidades da Inglaterra, ficou desgostoso e começou a procurar a verdade. Finalmente achou o seu caminho na Igreja Católica e mais tarde veio a ser o afamado Cardeal John Henry Newman. Enquanto tateava em busca da verdade, ele compôs e muitas vezes usou esta oração, que também pode ser usada por qualquer não-católico:

“Ó meu Deus, confesso que Vós podeis iluminar as minhas trevas. Confesso que só Vós o podeis. Desejo que minhas trevas sejam iluminadas. Não sei se o quereis; mas que Vós o possais e que eu o deseje são razões suficientes para que ao menos eu peça aquilo que não proibistes que eu pedisse. Abraçarei seja o que for que finalmente eu sinta com certeza ser a verdade, se algum dia eu chegar a essa certeza. E, pela Vossa graça serei guardado contra toda ilusão que me leve a tomar aquilo que a natureza quereria ter, de preferência àquilo que a razão aprova”.

Quando um candidato termina as suas instruções, é-lhe dada oportunidade de dizer ao padre se está convencido da verdade da Igreja Católica e se deseja tornar-se um membro desta. Se ele deseja fazer-se católico, é privadamente recebido numa cerimônia que hoje em dia é, em muito, a mesma que nos primeiros séculos cristãos.

O batismo

Se o convertido nunca foi anteriormente objeto de uma cerimônia batismal, é imediatamente batizado, e lhe é dado um nome cristão. Esta função de vinte minutos é uma das mais belas cerimônias da Igreja, compreendendo orações e atos que simbolizam a libertação da pessoa humana do poder de Satanás, a purificação e enobrecimento da alma pela graça santificante, e a resultante consagração ao cuidado e serviço de Deus, culminando tudo no derrame da água batismal sobre a sua cabeça com as palavras:

“Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

Se o candidato já foi batizado numa seita cristã, então o processo é ligeiramente diferente. O seu batismo pode ter sido válido, e, se isto puder ser provado, o sacramento não deve ser repetido. Por isto, pelo Direito Canônico da Igreja o padre é mandado investigar até onde possível o batismo anterior. Em muitos casos, entretanto, é praticamente impossível saber se o batismo anterior foi válido ou não. Nestes casos, ou sempre que houver qualquer dúvida sobre a validade de um batismo anterior, o convertido é convidado privadamente a ler com o padre uma profissão de fé, depois é batizado condicionalmente, e depois faz uma confissão desde o tempo do seu primeiro batismo. Esta confissão é uma medida de segurança; se o batismo anterior foi realmente válido, só por meio da confissão é que podem ser perdoados os pecados cometidos desde esse batismo. Assim, tudo é feito para não deixar o convertido sem a plena riqueza da graça santificante. Está ele então pronto para receber a Sagrada Comunhão. E então é membro da única verdadeira, santa e apostólica Igreja estabelecida por Cristo.