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O puríssimo Coração de Maria

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O Coração mais perfeito

O Coração de Maria é o mais perfeito, o mais digno de nossa veneração e respeito, obra prima das mãos do Criador. Toda a Santíssima Trindade concorreu para a formação deste primor de perfeição, e se empenhou em enriquecê-lo dos mais excelentes dons, das mais preciosas e abundantes graças. O Pai Eterno empenhou todo o Seu poder para formar em Maria um coração de filha, cheio de respeito, docilidade e obediência para com o Criador; o Filho deu-lhe um coração de mãe, repleto de ternura, onde Ele havia de habitar como num santuário bendito; o Espírito Santo deu-lhe um coração de esposa, todo abrasado no mais puro e ardente amor. O espírito humano nunca poderá compreender todas as grandezas, riquezas e perfeições, que encerra este sagrado Coração.

Unamo-nos aos espíritos bem-aventurados, que não cessam de cantar no céu os seus louvores; honremo-o com terna devoção, para que mereçamos ir celebrar a sua glória e inefáveis grandezas na bem-aventurança eterna.

O Coração mais santo

O Coração de Maria é o coração mais santo, que a mão do Criador formou numa simples criatura. Modelo admirável das mais puras virtudes, imagem perfeita do Coração de Jesus, o Coração de Maria abrasou-se sempre na mais ardente caridade. Ele só amou a Deus com mais fervor que todos os serafins; deu-lhe mais glória pelo menor de seus afetos, do que lhe tem dado todas as outras criaturas com as mais santas ações.

Ó Coração puríssimo da Mãe de Deus, tesouro de graça e de santidade, santuário de todas as virtudes, sereis daqui em diante o meu modelo; de vós aprenderei a humildade, a pureza, a mansidão, a paciência, o desprezo do mundo e sobre tudo o amor de Jesus.

O Coração mais amável depois de Jesus

O Coração de Maria é, depois do de Jesus, o mais amável de todos os corações, o mais digno da nossa ternura e gratidão, pela amabilidade incomparável que encerra, por sua doçura e pela bondade e caridade que tem para conosco. Sempre atenta às nossas necessidades, esta divina Mãe oferece-nos o seu Coração, para que seja nosso refúgio, asilo e consolação em todas as penas. Retribuamos-lhe, pois, amor com amor; mostremos-lhe gratidão e ternura pela fidelidade em seu serviço, pelo zelo em imitar suas admiráveis virtudes.

ORAÇÃO

Ó Coração de Maria, que sois o trono da caridade, da misericórdia e da paz; Coração amabilíssimo, objeto das complacências da adorável Trindade, digno de toda, a veneração dos anjos e dos homens; Coração santíssimo, modelo de todas as virtudes, perfeita imagem do Coração de Jesus; Coração maternal que tão vivamente sentis as nossas misérias, que tanto sofrestes por nossa salvação, que nos amas com tanta ternura, e que mereceis por todos estes títulos o respeito, o amor, a gratidão e a confiança de todos os homens, dignai-vos aceitar as nossas fracas homenagens; escutai os nossos votos, ouvi as nossas súplicas, convertei os nossos corações, enchei-os do amor de vossas virtudes, inflamai-os nesse fogo celeste, em que continuamente ardeis. Sede nosso auxílio em todas as necessidades, alívio nas aflições, força nas tentações, socorro nos perigos, refúgio na hora da morte e ventura na eternidade.

Agora se faz o Ato após a Meditação

EXEMPLO

A medalha da Santíssima Virgem

No princípio do ano de 1890, era Paris assolada pela — influenza — que fazia numerosas vítimas.

Um pobre velho, gravemente atacada pela epidemia e em grave risco de morrer sem sacramentos, foi cuidadosamente recomendado aos cuidados de um padre da sua freguesia. A tarefa era difícil, porque o doente inconsciente do perigo em que se achava, não pedira o sacerdote, e, para cúmulo de desgraça, sua mulher, completamente hostil a toda à ideia religiosa, não o deixava um momento.

Visitar um doente em tais circunstâncias, para tentar despertar-lhe bons sentimentos, por muito tempo sepultados no som no da indiferença, e facilitar-lhe o cumprimento de um dever, desde que não há a menor ideia de o contrariar na sua vontade, longe de ser um atentado contra a liberdade, é antes um ato de verdadeira caridade.

Escolhendo um momento favorável, dirigiu-se o sacerdote a casa do doente, que, ao vê-lo lhe disse surpreendido:

— Certamente vem enganado, senhor, porque nesta casa apenas me encontra a mim, pobre velho e doente e minha mulher, que não recebemos visitas.

— Visto que está doente, meu amigo, é certo que me não enganei. — respondeu o sacerdote. — Tenho o costume de visitar os enfermos mais abandonados, principalmente nesta época de epidemia, e se a minha presença o não incomoda, tomo a liberdade de vir saber notícias suas.

— Tenha a bondade de entrar, disse atenciosamente o velho, e queira sentar-te.

O sacerdote entrou imediatamente e, após alguns momentos de conversação, o digno sacerdote compreendeu com tristeza que a alma desse pobre velho estava lamentavelmente cerrada às doces consolações da fé! Às discretas tentativas que fez para o chamar ao cumprimento dos seus deveres, respondia simplesmente:

— Eu não estou tão doente como vossa reverendíssima julga; além disso não sou inimigo da religião, portanto, quando eu vir que é preciso, fique certo de que o mandarei chamar.

Era uma despedida formal, e o sacerdote, que assim o compreendeu, levantou-se, mas ao despedir-se disse sorrindo:

— Como recordação da minha visita, peço-lhe que aceite esta medalhinha.

—Da melhor vontade e muito lh’a agradeço. — Respondeu delicadamente o pobre velho, metendo-a no bolso do colete.

— Eis-vos na praça, minha boa Mãe, refúgio dos pecadores, disse o sacerdote ao sair, agora é de Vós que depende o apoderar-vos dele completamente!

O resultado desejado fez-se esperar ainda muito tempo. Eram muitas as dificuldades a vencer, às quais se reuniam os maus conselhos da esposa, que pelas suas palavras e exemplos, tornava inúteis todos os esforços!

Contudo, o que humanamente é impossível, torna-se fácil desde que Maria o empreende, e neste caso a divina Mãe mostrou mais uma vez que é senhora absoluta dos corações, que ninguém resiste à sua benigna influência. Mesmo do seio das trevas fez Ela brotar a luz do bom exemplo, mudando o maior obstáculo que se opunha a esta conversão num motivo edificante! Eis como a misericordiosa bondade de Maria dirigiu os acontecimentos. Tinham decorrido cinco ou seis meses depois do que acabamos de narrar. O velho completamente restabelecido, nem já da medalha se lembrava, quando a mulher adoeceu gravemente. Aos dois pobres octogenários, impossibilitados de saírem de casa, valheu-lhes uma boa irmã de caridade que lhe foi oferecer os seus serviços, que foram imediatamente aceites. A religiosa vendo o estado gravíssimo da doente, e conhecendo ao mesmo tempo que seria inútil falar-lhe em confissão, disse-lhe num momento em que ela mais lamentava a perda da saúde:

— Senhora, peço-lhe que aceite e tenha consigo esta medalha da Santíssima Virgem, é verdade que está muito doente, mas Ela é chamada — Saúde dos enfermos — e, se lhe pedir com verdadeira confiança, pode curá-la.

Contra toda a expectativa a medalha foi aceite ao mesmo tempo que o marido exclamava:

— Minha irmã, eu também tenho uma medalha como essa, recordação de um sacerdote que me visitou na minha última doença!

— Então já vê que tenho razão, visto que ela o protegeu restituindo-lhe a saúde. — disse a boa irmã.

Mas a doença parecia querer desmenti-la, porque em poucos dias se mostrou tão ameaçadora, que a religiosa, sem hesitar, falou à doente nos deveres que tinha a cumprir, nos sacramentos a receber. Maria principiava a sua obra, e a doente, sem opor a menor resistência, disse que estava disposta a confessar-se, se o marido o consentisse. Este respondeu que não só não se opunha ao desejo de sua mulher, mas que até prometia à Santíssima Virgem de se confessar também, se lhe restituísse a saúde.

Imediatamente foi chamado um padre da igreja de Nessa Senhora das Vitórias, que administrou à enferma todos os sacramentos, os quais ela recebeu com os sinais do mais vivo arrependimento. Contudo não era ainda chegada a sua última hora e em poucos dias, quase milagrosamente, foi-lhe restituída a saúde. A pobre velha, animada do mais vivo reconhecimento, não cessava de repetir que devia a vida à Santíssima Virgem, e era esta também a convicção do marido que procurou imediatamente cumprir a sua promessa.

Para esse fim, dirigiu-se um dia para uma igreja, onde havia muitos anos não entrava, caminhou até ao meio da nave, quando do lado direito lhe feriu a vista um vivo resplendor de luzes e, descobrindo entre elas a milagrosa imagem de Nossa Senhora das Vitórias, foi tão grande a comoção que experimentou que, quase sem saber o que fazia, se dirigiu para a sacristia perguntando pelo sr. capelão a quem foi imediatamente apresentado; e dirigindo-se a ele, soluçando como criança, descreveu-lhe a comoção que acabou de sentir em frente do altar da Virgem, pedindo-lhe que por caridade o ouvisse em confissão.

O sacerdote julgou todavia conveniente espaçar por mais alguns dias a satisfação deste pedido, passados os quais lhe concedeu o perdão dos pecados que sinceramente contrito implorava.

— É um verdadeiro prazer, diz a irmã da caridade que continua a visitar os pobres velhos, ver como estas duas almas, por tanto tempo distanciadas de Deus, cumprem agora fielmente os deveres de bons cristãos, julgando-se muito felizes por terem recobrado a fé da sua juventude.

Pela nossa parte nada nos surpreende tão maravilhosa conversão, pois há muito conhecemos o poder e extraordinária misericórdia de Maria, refúgio dos pecadores!

OUTRO EXEMPLO

Flores de Maria

Santa Rosa de Lima estava no costume de levar ou mandar à Santíssima Virgem todos os sábados do ano um bouquet de flores, que cultivava com essa intenção no seu jardim.

Foi tão agradável a Maria a intenção filial de Santa Rosa de Lima, que nunca lhe faltaram flores, ainda na estação em que as não há, e eram admiradas por todos que frequentavam a casa de seus pais.

Estes pequeninos presentes, porém, estavam longe de exprimir todo o bem que Santa Rosa queria à sua augusta Mãe.

— Se eu fosse rica, dizia ela, ofereceria à Virgem uma corôa de ouro cravejada de pedras preciosas; mas a pobreza só me permite oferecer algumas flores.

Não dizia, porém, toda a verdade; porque a sua grande devoção dispensava-lhe meios para lhe oferecer, duas vezes por ano, presentes magníficos. Falo dos trabalhos espirituais que ela compunha para a Virgem e para o Menino Jesus. Eis o projeto de um desses trabalhos que foi encontrado nos seus papeis depois da sua morte.

— Ideia de um vestido, que eu Rosa de Santa Maria, me propunha fazer para a Rainha dos Anjos, com o auxílio do Senhor. Farei um vestido de seiscentas Ave-Maria e outras tantas Salve Rainha, com quinze dias de jejum, em memória da puríssima alegria que tivera com a sua Anunciação. Acrescentarei mais um manto composto do mesmo número de Ave Maria e Salve Rainha, de quinze rosários e quinze dias de jejum, em memória da sua visita a Santa Isabel. As franjas e os outros ornamentes serão feitos de seiscentas Ave-Maria e outras tantas Salve Rainha, em memória das consolações que recebera com o nascimento de seu adorado Filho. Farei as mesmas despesas para lhe oferecer um véu. O colar que destino à Virgem terá o mesmo valor, e a minha intenção por estes dois trabalhos, celebrar o júbilo da Apresentação de Jesus no templo. Finalmente colocarei na sua mão real um bouquet composto de trinta e trés Pai-Nosso, com igual número de Ave-Maria, de Gloria ao Pai, de Salve e de Rosários para honrar os 33 anos que Jesus viveu neste mundo.

Lia-se em seguida num post-scriptum o seguinte:

— Este trabalho está concluído. Bendito seja Deus! Não me resta senão, ajoelhada aos pés de minha santa Mãe pedir desculpa dos defeitos da minha obra e da demora que tenho tido em oferecer-lh’a.

Se igual narração fosse feita por outrem, não faltariam com certeza as gargalhadas da impiedade. Isto, porém, é perfeitamente verdadeiro e mais sério e importante que todos os negócios do mundo.

Quem imitar o exemplo de Santa Rosa de Lima encontrará a recompensa na bem- aventurança celeste.

LIÇÃO
Sobre o fervor no serviço de Deus

O coração que ama a Deus não se descuida de tudo que Lhe pode agradar.

Se vos portais com melindres a seu respeito, não conheceis quanto merece o Senhor a quem servis.

Considerai o que os homens do século fazem pelo mundo e aprendei deles o que deveis fazer no serviço de Deus.

Vede que se não poupam a incômodos nem trabalhos para servirem o mundo; que se submetem a mil humilhações para lhe agradarem.

Parece-vos grande violência agradar a Deus, dar-Lhe frequentes provas do vosso amor? Pedir-vos que O sirvais com fidelidade e sujeição, parece-vos exigir demasiado abatimento?

Ah! Não vos deixeis vencer em generosidade pelos filhos do século; não sofrais que o mundo blasone de que os seus escravos o servem com maior zelo, do que os cristãos servem a Deus.

Não queirais ser do número dos que se persuadem ter muita piedade, uma vez que evitem os delitos mais graves, os pecados mais horrendos a que está imposta a pena eterna.

Não fazem eles suspeitar que facilmente consentiriam nestas culpas, se o pudessem fazer sem incorrer no castigo? Pelo menos mostram que mais temem do que amam a Deus.

Temei-O sim, temei a este Deus justo e terrível nos Seus castigos; porém temei mais que tudo não O amar bastante, sendo Ele infinitamente amável.

O amor generoso não se limita ao que é obrigatório; aproveita todas as ocasiões de agradar ao objeto amado.

Se tivésseis para com Deus um amor fervoroso, quanto obrásseis por Ele seria sempre menos do que quereríeis fazer.

Amai com fervor e o amor vos suavizará o trabalho. Deus derrama na alma fervorosa tal unção, que lhe faz achar consolação e gozo nas obras mais custosas.

Máxima Espiritual

“A vida do bom cristão deve ser um desejo contínuo da perfeição” – Santo Agostinho

Jaculatória

Regina Virginum, ora pro nobis

Rainha das virgens, rogai por nós

Agora se faz as Encomendações e outras Orações


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(SILVA, Pe. Martinho António Pereira da. Flores a Maria ou Mês de Maio consagrado à Santíssima Virgem Mãe de Deus. Tipografia Lusitana, Braga, 1895, 7.ª ed., p. 374-385)