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Método de Oração

Meditação para a Oitava Terça-feira depois de Pentecostes. Método de Oração

Meditação para a Oitava Terça-feira depois de Pentecostes

SUMARIO

Meditaremos sobre o método de orar, e veremos que ele consiste:

1.° Em nos penetrarmos bem do objeto da oração;

2.° Em examinarmos a nossa consciência sobre este objeto, e com um ato de contrição renunciamos aos defeitos que este exame nos descobrir;

3.° Em implorarmos a graça de Deus para bem cumprir o firme propósito incluído no ato de contrição.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De seguirmos nas nossas meditações este método tão simples;

2.° De nos lembrarmos muitas vezes no dia dos bons sentimentos e resoluções da oração.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra de Davi:

“Os meus olhos estão sempre elevados para o Senhor” – Oculi mei semper ad Dominum (Sl 24, 13)

Meditação para o Dia

Adoremos Jesus Cristo em oração no Horto das Oliveiras, onde está de joelhos, ou prostrado com o rosto no chão (1). Quão bem nos ensina este espetáculo a abismar-nos diante de Deus, quando oramos, no sentimento do nosso nada à vista da sua infinita majestade! Agradeçamos a Nosso Senhor este exemplo que nos dá, e supliquemos-Lhe que nos permita imitá-lO.

PRIMEIRO PONTO

Quanto importa que nos penetremos bem do objeto da oração

Sem dúvida, meu Deus, quando nos apresentamos diante de Vós para fazer oração, devemos, primeiro que tudo, penetrar-nos bem da Vossa adorável presença, pois que nada é mais próprio para nos conservar atentos e respeitosos durante o tempo da oração. Devemos implorar a assistência do Vosso Santo Espírito, porque sem ele não podemos sequer ter um bom pensamento. Mas, depois disto, nada mais necessário do que penetrarmo-nos bem dos Vossos divinos ensinos sobre o objeto da nossa meditação e das razões de conformarmos com eles a nossa conduta: dois elementos de que se compõe todo o objeto da oração. Em primeiro lugar, Senhor, não são porventura os Vossos ensinos que se deduzem do que haveis dito, feito ou pensado sobre o objeto que meditamos, tudo o que há no mundo de mais digno das nossas sérias reflexões? Que mais justo do que estudá-los, ponderá-los, louvando, admirando, e amando essa bondade infinita que não se despreza de nos instruir? E que mais razoável do que depois penetrarmo-nos das razões de conformar com eles a nossa conduta: de assimilarmos, se assim posso dizer, esses divinos ensinos, não com especulações sutis e uma série de raciocínios mais convenientes a um exercício de estudo do que a um exercício de oração, mas com piedosos afetos e santas aspirações? Ai! Com mágoa o reconheço, meu Deus; por não me fixar nesta primeira parte da oração, a minha fé tem fraquejado, as minhas convicções diminuído, e não sinto já tanto a necessidade de entrar em uma melhor vida.

SEGUNDO PONTO

Exame de Consciência seguido de um Ato de Contrição,
segunda parte da oração

Depois de ter visto o que devo ser, ó meu Deus, que há mais natural do que examinar o que sou, em que diferem os meus sentimentos dos Vossos sentimentos, as minhas ações dos Vossos modos de proceder, as minhas palavras das Vossas divinas palavras; e se, vivendo como vivo, poderei apresentar-me com confiança diante de Vosso Pai celestial, que declarou que somente admitiria no céu aqueles que fossem conformes à Vossa imagem? (2) Terei, pois, de examinar as minhas culpas, estudar a sua origem, e afastar as ocasiões de as cometer. Depois de me ter, com este exame, reconhecido culpado, não deverei eu, Senhor, deplorar tão triste passado, lamentar amargamente ter-Vos tão mal servido, confundir-me na Vossa presença, e tomar resoluções de ter uma vida nova, resoluções práticas, particulares, atuais e adaptadas ao dia presente? Ai de mim, Senhor! Eu confesso, gemendo, que tenho deixado e deixo quase todos os dias de seguir estas santas regras; e é por isso que tenho feito tão mal as minhas orações.

TERCEIRO PONTO

Implorar a graça de cumprir as nossas resoluções,
terceira parte da oração

De nada me valeria fazer considerações, tomar resoluções, ó meu Deus, sem o auxílio da Vossa graça! Vós o dissestes, Senhor, e eu o creio:

“(…) o homem sem Vós não pode fazer nada” – Sine me nihil potestis facere (Jo 15, 5)

Mas como obterei eu da Vossa misericórdia esta graça? Vós o dissestes ainda, e eu o creio: será somente pedindo (3); mas com fervor, isto é, com um ardente desejo de conformar a minha vida com a virtude e a verdade que eu tiver meditado; com humildade e confiança; recorrendo aos merecimentos de Nosso Senhor, à intercessão da Santíssima Virgem, de São José, dos anjos, dos nossos santos patronos e dos santos, que a Igreja honra neste dia. Ai! Até ao presente eu não tenho feito oração ou tenho-a feito mal, e é por este motivo que não tenho cumprido as minhas resoluções; mas, para o futuro, a farei com humildade, confiança e perseverança, e me atendereis.

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Positis genibus orabat… (Lc 22, 41). Procidit in faciem suam orans (Mt 26, 39)

(2) Quos praescivit, et praedestinavit conformes fieri maginis ilii sui (Rm 8, 29)

(3) Petite et accipietis (Jo 16, 24)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo VI, p. 26-29)