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Volta dos Magos

Meditação sobre a Volta dos Magos

SUMARIO

Concluiremos as nossas meditações sobre os magos considerando:

1.° A sua despedida de Jesus, de Maria e de José;

2.° O regresso à sua terra;

3.° A sua conduta depois do seu regresso.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De protestarmos muitas vezes no dia o Nosso Senhor, que não queremos já viver senão para Ele;

2.° De nos animarmos, em cada uma das nossas obras, a fazê-las com a maior perfeição.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra que o Evangelho diz dos magos:

“Voltaram por outro caminho para a sua terra” – Per aliam vian reversi sunt in regionem suam (Mt 2, 12)

Meditação para o Dia

Adoremos o menino Jesus recebendo as despedidas dos magos e fazendo-lhes as suas despedidas, não com palavras exteriores, pois que se impôs a lei do silêncio, mas com a doçura das suas vistas, que lhes falam aos olhos, com a suavidade das suas inspirações, que lhes falam aos corações. Oh! Quantas graças estes piedosos magos conseguiram desta última visita; e quão preciosamente as conservaram no seu coração, até ao seu último suspiro! Bendigamos por isto a Nosso Senhor, e felicitemos os nossos santos viajantes.

PRIMEIRO PONTO

Despedidas dos Magos de Jesus, de Maria e de José

Se os magos houvessem consultado unicamente o seu coração, teriam permanecido mais tempo ou antes sempre em Belém; era para eles o paraíso na terra; mas o dever chama-os a outra parte, e compreendem que é preciso sacrificar até os prazeres da piedade, até as delícias que gozamos nos exercícios espirituais, para ir aonde nos chamam os deveres do nosso cargo. Por mais que lhes custe, decidem-se a partir, e vão fazer as suas últimas despedidas a Jesus, Maria e José. Quem poderia dizer quão tocantes foram essas despedidas, com que ternura eles beijaram e regaram com as suas lágrimas pela última vez os pés do Menino, quanto Lhe agradeceram de novo tê-los chamado pela estrela milagrosa, Lhe juraram fidelidade para sempre julgando-se mais honrados de serem os seus súditos do que de governarem o universo? Maria, em lugar do seu Filho, respondeu a estas fervorosas despedidas e confirmou os magos na fé das excelências do Menino Deus, na prática da vida perfeita que eles haviam de ter dali em diante. O humilde José animou-os por seu lado a gravar nos seus corações estas boas palavras, e retiraram-se alegres de tão santa entrevista.

Oh! Quão bom é conversar com Jesus, Maria e José, quer na oração, quer diante dos tabernáculos, e ficarmos-lhes unidos de coração pelo hábito do recolhimento de espírito.

SEGUNDO PONTO

Regresso dos Magos à sua terra

Os magos, depois de terem feito as suas despedidas no presépio, foram tomar algum descanso, para partir no dia seguinte de madrugada. Mas eis que, durante a noite, vem do céu um anjo informá-los de que Herodes, conhecendo que foi iludido por eles, intentava dar-lhes a morte, e que convém que se retirem por outro caminho. Há nisto três pequenos ensinos. O primeiro é, que Jesus vigia sobre nós continuamente, até quando dormimos; e que muitas vezes afasta de nós os perigos, que nos ameaçam e que não podemos prever; o segundo é, que depois de termos achado e gozado a Deus como os magos, não devemos seguir já o mesmo caminho que antes, mas um caminho novo e mais perfeito, diferente do que segue grande número de pessoas. Deus não concede as Suas graças particulares senão com este intuito, e é abusar delas seguir sempre os mesmos erros. O terceiro ensino é que, depois de termos deixado o caminho do céu pela culpa, não podemos voltar a ele senão pela inocência; depois de nos termos afastado dele pelos prazeres do mundo, não podemos tornar a entrar nele senão pelas lágrimas da penitência. Fora disto não há salvação pensemo-lo bem.

TERCEIRO PONTO

Conduta dos Magos depois do regresso à sua terra

Apenas os magos voltaram à sua pátria, fizeram-se Apóstolos do Deus recém-nascido; anunciaram por toda a parte o nascimento do rei do universo, pregaram o espírito novo que Ele vinha trazer à terra, o espírito de humildade, de pobreza, de mortificação, o espírito de caridade, de mansidão e de sacrifício; e confirmaram estes belos ensinos com a santidade da sua vida, com o poder da graça de que estavam cheios, com um fervor apostólico que revelava neles homens celestes e profundamente convencidos; finalmente com o seu sangue, que tiveram a felicidade de derramar pelo Evangelho, sendo assim ao mesmo tempo Apóstolos e mártires. Tal foi a admirável mudança que obraram nos magos alguns dias passados no presépio.

Porque é que, gozando todos os dias do Menino Deus no sagrado altar, nos não tornamos melhores? Que esperamos para nos entregarmos inteiramente a Ele? Será tempo de começar a bem viver, quando for preciso morrer?

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 174-177)