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Regra da Vida

Meditação para a Sétima Sexta-feira depois de Pentecostes. Regra da Vida

Meditação para a Sétima Sexta-feira depois de Pentecostes

SUMARIO

Depois de termos meditado sobre as nossas ações em geral, meditaremos:

1.º Sobre a importância de uma regra de vida, que assine a cada ação em particular o seu tempo e o modo de a praticar;

2.º Sobre o modo de fazer e observar esta regra.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De compor esta regra de vida, se ainda não a temos;

2.° De a observar com pontualidade e amor até nas suas menores partes.

Conservaremos como ramalhete espiritual a palavra dos santos:

“Quem vive segundo a regra, vive segundo Deus” – Qui regulae vivit, Deo vivit (São Gregório de Nissa)

Meditação para o Dia

Adoremos Nosso Senhor Jesus Cristo trazendo sempre gravada no Seu coração a santíssima vontade de Seu Pai, como a única norma das nossas ações grandes ou pequenas. Nunca fez a Sua própria vontade (1); foi sempre a vontade de Seu Pai que regulou a Sua conduta. Quão adorável é nesta vida de amorosa submissão à vontade divina! Demos-Lhe graças por isto.

PRIMEIRO PONTO

Importância de uma Regra de Vida

Um cristão sem regra vive segundo o seu capricho e a sua vontade inconstante, ou segundo as circunstâncias, que o arrastam como em um redemoinho. Nenhuma ordem no emprego do seu tempo; nenhum intuito de fé nas suas ações. Não é a Deus que ele serve, é a sua vontade ou o seu gênio, que preside a tudo o que obra. Daí os exercícios de piedade omitidos, abreviados ou mal feitos; daí tantos deveres desprezados, tanto tempo perdido, tantos instantes mal empregados. Com uma regra de vida sucede o contrário. A regra, que dirige tudo, chama incessantemente o pensamento para Deus; recolhe a alma em si; e a ordem que existe nas ações exteriores, se reflete dentro. Dominamo-nos e fazemos sempre bem todas as coisas, pequenas e grandes. Como cada viver tem seu tempo determinado, não só não omitimos nenhum, mas cumprimo-lo com mais felicidade, porque seguimos um caminho traçado; com mais perfeição, porque a obediência realça e enobrece tudo o que se faz; com mais merecimento, porque a regra previne as faltas e conserva tudo na ordem. Então entregamo-nos de todo e unicamente à coisa presente, o tempo é sempre bem empregado, e bastamos para um trabalho, que não pode compreender o homem sem regra. Quando vemos os numerosos escritos dos nossos grandes doutores ou as obras prodigiosas de certos homens, perguntamos a nós mesmos como puderam bastar para tantas coisas; a razão é porque tudo era regulado no emprego do seu tempo, e a regra multiplica o tempo. Quando temos ordem, e sabemos aproveitar os momentos, achamos tempo para tudo. A regra dá o espírito de ordem, e o espírito de ordem acelera todas as coisas. Examinemos aqui a nossa consciência. Não é desordenada a nossa vida: ora ociosa, como se não tivéssemos nada que fazer; ora precipitada por um ardor inquieto, que confunde tudo, como se nunca pudéssemos conseguir coisa alguma; sempre indecisa, sobre o que se tem de fazer, e as mais das vezes empregada no que não se deveria então fazer? A causa disto é porque ou não temos regra de vida ou não fazemos caso dela.

SEGUNDO PONTO

Modo de fazer e de observar a Regra de Vida

Toda a boa regra de vida deve ser coordenada com a nossa posição, de sorte que nenhum dever do nosso estado padeça e ninguém tenha de que queixar-se. Deve abranger o plano do dia, da semana, do mês, do ano, e dispor tão bem os exercícios de piedade, a frequentação dos Sacramentos, o cuidado da família, o emprego dos momentos livres, que todos, em vez de achar nisso que dizer, sejam forçados a admirar a bela ordem que terá em resultado. Feita assim a regra, cumpre observar tanto as suas menores como as suas mais importantes prescrições com essa reta e pura intenção, que só busca agradar a Deus; com esse ânimo que sabe violentar-se para lhe submeter a vontade própria; com essa alegria que se compraz em se sacrificar completamente a Deus; com essa prontidão, que não demora sequer um momento a execução; com essa exatidão, que nada transtorna por capricho, e todavia com essa discrição, que sabe derrogá-la de bom grado todas as vezes que a caridade, o decoro ou os deveres do estado o exigem. É assim que nós observamos a nossa regra de vida?

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Christus non sibi placuit

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo III, p. 291-294)