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Da Ação de Graças depois da Comunhão

Meditação para o Quarto Sábado depois de Pentecostes. Da Ação de Graças depois da Comunhão

Meditação para o Quarto Sábado depois de Pentecostes

SUMARIO

Meditaremos:

1.° A importância da Ação de Graças depois da Comunhão;

2.° O modo de a fazer.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De fazermos com a maior exatidão e perfeição a nossa Ação de Graças;

2.º De lembrarmos muitas vezes, durante o dia, da Comunhão da manhã, dos bons sentimentos, que formamos de viver mais santamente.

O nosso ramalhete espiritual será a palavra do Salmista:

Que darei eu em retribuição ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito no só benefício da Comunhão?” – Quid retribuam Domino pro omnibus quae retribuit mihi? (Sl 115, 3)

Meditação para o Dia

Adoremos Nosso Senhor ensinando-nos, com o Seu exemplo no Cenáculo, a fazer a Ação de Graças, depois da Sagrada Comunhão (1). Ah! Quão ternos e cheios de amor foram os sentimentos de reconhecimento, que Ele manifestou então perante Seu Pai! Unamos a esta Ação de Graças tão fervorosa.

PRIMEIRO PONTO

Importância da Ação de Graças depois da Comunhão

A devoção, o reconhecimento, os nossos próprios interesses nos impõem a obrigação de a fazer.

1.° A devoção. Quando Nosso Senhor nos honra até vir ao nosso coração, não é justo que todas as faculdades da nossa alma se juntem, por assim dizer, em redor dEle para Lhe fazer companhia, Lhe tributar os seus respeitos, conversar com Ele, falar-Lhe e ouvi-lO? Não seria uma extraordinária irreverência deixá-lO só no fundo do nosso coração, não reparar nEle, e ocupar-nos em qualquer outra coisa? É assim que se recebe uma grande personagem ou um amigo, que vem visitar-nos?

2.° O reconhecimento. Devemos agradecer a Deus Pai, que nos dá, não já o maná como aos israelitas no deserto, mas o Seu próprio Filho (2). Devemos agradecer a Deus Filho, que se dá a todos, que se dá sempre sem jamais ficar exausto. Oh! Quão boa ocasião é esta de dizer:

“Graças a Deus pelo seu dom inefável?” – Gratias Deo super inenarrabili dono ejus (2 Cor 9, 15)

Se compreendêssemos quanto reconhecimento merece este dom de Deus (3), os nossos corações se derreteriam em amor.

3.º Os nossos próprios interesses. Porque é em seguida à Comunhão, que a alma pode melhor gostar Jesus Cristo, encher-se do Seu espírito e amor; é então também, que Jesus Cristo está mais disposto a esclarecer, a inflamar, a comover a alma, e que o sacramento produz principalmente o seu efeito, contanto que não haja algum obstáculo. Ora, omitir a Ação de Graças, seria por obstáculo à graça; seria imitar o pobre, que não quer esperar a esmola, que o rico ia fazer-lhe.

— Entremos aqui em nós mesmos. Temo-nos sempre ocupado ao menos um quarto de hora em dar graças? Durante esse quarto de hora, não deixamos o nosso espírito transviar-se por não querermos violentar-nos um pouco, por não nos conservarmos recolhidos conosco, ou por não nos sujeitarmos aos atos próprios deste exercício? Não temos demorado, ou abreviado, ou interrompido a nossa ação de graças, ao menor pretexto? Ai! De onde provém, que temos tirado tão pouco fruto de tantas comunhões? As Ações de Graças mal feitas são a causa mais ordinária disto.

SEGUNDO PONTO

Modo de fazer a Ação de Graças

O primeiro meio de ouvir o que Jesus Cristo nos diz ao coração em tão precioso momento, é seguir o impulso da graça. O segundo é recitar os atos, cuja inicial forma a palavra Ardor.

A designa a adoração, a admiração, o amor; a adoração, que consiste em nos aniquilarmos diante das grandezas infinitas de Nosso Senhor, oferecendo-Lhe as adorações dos Anjos e dos Santos, para suprir as nossas, e ficando prostrados a Seus pés; a admiração, com que se entra em profundos espantos de que um Deus se digne humilhar-Se tanto; o amor, com esses transportes, essas efusões do coração, que fazem que nos afeiçoemos somente a Jesus, que só a Ele desejemos neste mundo e que tudo o mais tenhamos em conta de nada.

A letra R indica o reconhecimento que Lhe devemos por tão grande beneficio, e que Lhe pedimos, que ofereça por nós a Seu Pai.

A letra D diz-nos as deprecações que devemos dirigir-Lhe, expondo-Lhe com simplicidade e confiança as nossas necessidades e misérias, como um filho fala a seu pai. É esta a o ocasião de pedir e obter tudo (4).

A letra O designa a oferta, que devemos fazer-Lhe então de tudo o que temos e somos, para que disponha disso como for do Seu agrado (5).

Finalmente a letra R significa as boas resoluções, que devem ser o fruto da nossa comunhão.

É assim, que fazemos a nossa Ação de Graças?

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

Referências:

(1) Accipiens calicem gratias egit… et hymno dicto exieruut (Mt 26, 27)

(2) Videte qualem charitate dedit nobis Pater (1 Jo 3, 1)

(3) Si scires donum Dei (Jo 4, 10)

(4) Tempus beneplaciti Deus (Sl 68, 14)

(5) Dilectus meus mihi, et ego illi (Ct 2, 16)

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo III, p. 229-232)