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Aparição a Maria Madalena

Meditação para a Quinta-feira da Páscoa. Aparição a Maria Madalena

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 20, 11-17

Maria estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo, e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.»

Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.» Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» – que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: ‘Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.’»

Meditação para a Quinta-feira da Páscoa

SUMARIO

Meditaremos na aparição de Jesus ressuscitado a Maria Madalena como no-lo refere o Evangelho do dia, e veremos:

1.° O ardente amor desta santa alma em busca do Salvador;

2.° A maneira como Jesus respondeu ao seu amor.

— Tomaremos depois a resolução:

1.° De fazermos muitas vezes no dia atos de amor para com Nosso Senhor;

2.° De nos animarmos, cada vez que soar a hora, a viver melhor e a fazer melhor a ação presente.

O nosso ramalhete espiritual será esta palavra da Sabedoria:

“Aqueles que buscam a sabedoria, acham-a” – Sapientia… invenitur ab his quiquaerunt illam (Sb 6, 13)

Meditação para o Dia

Adoremos Jesus Cristo fazendo a Santa Madalena o favor de ser a primeira, depois da Santíssima Virgem, a quem Ele apareceu ao sair do sepulcro. Felicitemos por isto esta ilustre devota do Salvador, e demos graças a Jesus Cristo, dizendo-Lhe, como ela: Bom Mestre – Rabbuni. Oh! Quão bom é efetivamente, e quão bem merece todo o nosso amor!

PRIMEIRO PONTO

Ardente amor de Maria Madalena em busca do Salvador

Depois da morte de Jesus, Madalena parece que não pode viver separada dAquele que ela amava unicamente: corre ao sepulcro, e não achando lá o sagrado corpo, imagina que O tiraram. Onde o puseram? Quer a todo o custo sabê-lo; e em vez de se retirar como os discípulos e as outras mulheres, fica ali, retida pelo amor, para buscar Aquele que ela não pôde achar. Fica ali sem nada temer, porque depois de haver perdido Jesus, nada há já que receie perder. Jesus era a vida da sua alma: e tendo-O perdido, desejava antes morrer do que viver, esperando achar, depois da morte, Aquele que ela não podia achar estando viva. Conserva-se ali em pé, olha para o sepulcro amiudadas vezes, para ver se Jesus lá estaria. Porque choras? Lhe diz o anjo, que estava sentado no lugar onde fôra posto o corpo de Jesus. Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. Ela volta-se, e avista um homem: é Jesus, que se lhe apresenta sem se dar a conhecer.

“Senhor, exclama ela, se tu o tirante, dize-me onde o puseste; e eu o levarei” – Et ego eum tollam (Jo 20, 15)

Um desejo veemente nada conhece impossível e torna-se rapaz de tudo. Quão admirável é o amor de Madalena e quão veemente, quão intenso é o desejo que a consome de achar Jesus! Bem-aventurada a alma que ama a Jesus até o desejar assim! Deus faz dos nossos desejos a medida dos seus beneficies, e junto dEle os maiores bens não custam muitas vezes mais que um suspiro. Se algumas vezes nos não atende logo, não é senão para nos fazer desejar mais os Seus bens, e no-los fazer apreciar, quando no-los dá. Oh! Se desejássemos possuir Jesus em nós pelo recolhimento de espírito, e pelo amor, não digo como o desejava Madalena, mas somente como o homem mundano deseja a riqueza e a glória, quão depressa seriamos santos! A nossa grande desgraça é não amar, e, por conseguinte, não desejar com veemência a nossa perfeição. Perde-se uma bagatela, sente-se tristeza; perde-se a Jesus perdendo o recolhimento de espírito, a humildade, a paciência, a mortificação, a caridade e não se sente nenhuma dor e não se diz interiormente como Madalena: Dize-me onde está, tudo farei para O achar!

Supliquemos a Nosso Senhor que nos inspire esses veementes desejos, que formam os santos.

SEGUNDO PONTO

Como responde Jesus ao amor de Madalena?

Era muito imperfeita, ao princípio, a fé de Santa Madalena, pois que, não encontrando Jesus Cristo, supôs que O tinham tirado, e não que havia ressuscitado. Todavia Jesus, comovido do seu amor, enviá-lhe primeiramente dois anjos vestidos de branco que ela vê sentados no lugar onde fôra posto o corpo de Jesus, um à cabeceira, outro aos pés; depois Ele mesmo lhe aparece em pessoa na figura de um humilde hortelão. Ela não O reconhece; mas Ele com uma palavra faz se conhecer: Maria! Lhe diz Ele. Madalena então já se não contém; cheia de alegria e de amor, cai aos pés de Jesus, dizendo-lhe:

Bom Mestre! – Rabbuni!

Quisera conservar-se sempre ali, beijando os seus sagrados pés.

«Não, diz Jesus; faze alguma coisa melhor do que gozar da minha presença: vai ter com os meus irmãos, e dize-lhes que ressuscitei, e que me hão de ver brevemente subir para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus»

Ditosa Madalena! Ela é a primeira, depois de Maria, a quem Jesus se haja mostrado; é a escolhida do Salvador para ser o apóstolo dos mesmos Apóstolos, e ir-lhes anunciar Jesus ressuscitado! Obedece imediatamente, e ensina-os com o seu exemplo, que é preciso saber deixar Jesus para socorrer e consolar o próximo; que vale mais ser obediente e humilde que gozar as consolações divinas; que não basta amar, é preciso fazer que os outros amem o Deus que amamos; que finalmente, é preciso saber moderar a nossa alegria, por mais santa e espiritual que seja, e nunca nos entregarmos a ela inteiramente, com temor de que nos não leve a alguma leviandade, que ela nos não faça esquecer este temor respeitoso que é devido a Deus, e o prudente receio de perder as graças recebidas. Que preciosos ensinos neste procedimento de Madalena!

Resoluções e ramalhete espiritual como acima

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(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo II, p. 249-252)