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Sentença dos escolhidos e dos réprobos no Juízo Universal

Juízo Final (Peter Paul Rubens)
Juízo Final (Peter Paul Rubens)

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para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!

Venite, benedicti Patris mei, possidete paratum vobis regnum… Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum – “Vinde, benditos de meu Pai, possui o reino que vos está preparado… apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno” (Mt 25, 34-41)

Sumário. No Juízo final, a fim de que os réprobos sintam mais a grandeza do bem que perderam, será primeiro pronunciada a sentença dos escolhidos. E enquanto estes entrarem triunfantes no paraíso, o divino Juiz se voltará para os réprobos, e amaldiçoando-os, condená-los-á a se afastarem d’Ele para queimarem no fogo eterno. Meu irmão, com a vida que vais levando, qual das duas sentenças julgas que naquele dia será a tua?

I. São Bernardo diz que no Juízo universal Jesus pronunciará primeiramente a sentença dos justos, chamando-os à glória do paraíso, a fim de que os réprobos sintam maior pena à vista do que perderam. Jesus Cristo, pois, voltar-se-á para os escolhidos, e com o semblante cheio de benevolência lhes dirá: Venite, benedicti Patris mei — “Vinde, benditos de meu Pai”. São Francisco de Assis, sabendo por uma revelação que era predestinado à glória, não podia conter a alegria. Qual não será então a alegria dos que ouvirem estas palavras do Juiz: “… Vinde, filhos benditos, entrai no reino que vos espera; não tendes mais nada a sofrer, nada mais a recear; estais salvos, e salvos por toda a eternidade. Abençôo o sangue que por vós derramei, e abençôo as lágrimas que vós derramastes sobre os vossos pecados. Vamos ao paraíso onde juntos permaneceremos eternamente.” A Santíssima Virgem abençoará também os seus dedicados servos e os convidará a acompanhá-la à celeste morada; e assim cantando aleluia! aleluia! Os escolhidos entrarão triunfantes no paraíso, para possuírem, louvarem e amarem eternamente a Deus.

Ao contrário, os réprobos voltados para Jesus Cristo dir-Lhe-ão: Que será feito de nós, desgraçados? — Vós, assim dirá o Juiz eterno, já que haveis recusado e desprezado a minha graça: Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum — “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno”. Discedite: apartai-vos, nunca mais vos quero ver nem ouvir. Maledicti, ide, malditos, ide, já que haveis desprezado a minha bênção. — Mas para onde, Senhor, para onde devem ir estes desgraçados? In ignem, para o inferno, onde devem arder em corpo e alma. Mas, por quantos anos ou por quantos séculos? O que? Anos? Séculos? In ignem aeternum, por toda a eternidade, enquanto Deus for Deus.

Ó pecado maldito, a que triste destino levarás um dia tantas pobres almas, remidas pelo sangue de Jesus Cristo! Ó almas desgraçadas, às quais está reservado um destino tão lastimável. — Dize-me, meu irmão, qual das duas sentenças julgas que será a tua naquele dia. Queres ser um dia abençoado com os escolhidos à tua direita! Deixa então o caminho que te leva a ser maldito com os réprobos à esquerda.

II. Depois da sentença, os réprobos, segundo Santo Efrém, despedir-se-ão dos Anjos, dos Santos, dos parentes e da divina Mãe. E neste instante um vasto abismo se abrirá no meio do vale, e nele cairão juntamente os demônios e os condenados, que sobre si ouvirão fechar essas portas, que, durante toda a eternidade, nunca e nunca se hão de abrir.

Ah, meu Deus e meu Salvador, qual será a sentença que me tocará no último dia? Se neste momento, meu Jesus, me pedísseis contas da minha vida, que outra coisa poderia responder-Vos, senão que mereço mil vezes o inferno? Sim, meu amado Redentor, é verdade que mereço mil vezes o inferno; mas sabei que Vos amo e que Vos amo mais que a mim mesmo. Quanto às ofensas que Vos fiz, estou possuído de tal dor, que antes quisera ter sofrido todos os males que ter-Vos desagradado. Ó Jesus meu, condenais os pecadores obstinados, mas não os que se arrependem e Vos querem amar. Aqui me tendes aos vossos pés com o coração contrito; deixai-me ouvir uma palavra de perdão.

Já mo declarastes pela boca do Profeta: Convertimini ad me, et convertar ad vos (1) — “Convertei-vos a mim, e Eu me converterei a vós”. Tudo abandono, renuncio a todos os gozos, a todos os bens do mundo; converto-me e ligo-me a Vós, Redentor meu amabilíssimo. Ah! Recebei-me em vosso Coração e ali abrasai-me com o vosso santo amor; inflamai-me de tal modo que nunca mais pense em separar-me de Vós. Jesus meu, salvai-me, e que a minha salvação consista em amar-Vos sempre, e louvar para sempre as vossas misericórdias: Misericordias Domini in aeternum cantabo (2) — “Eternamente cantarei as misericórdias do Senhor”.

— Maria, minha esperança, meu refúgio e minha Mãe, ajudai-me e alcançai-me a santa perseverança. Ainda não se perdeu ninguém que recorresse a vós; a vós me recomendo, tende piedade de mim.

Referências:

(1) Zc 1, 3
(2) Sl 88, 2

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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 364-367)