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A Assunção da Santíssima Virgem Maria

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Ressurreição gloriosa de Maria

Todos os homens ressuscitarão no fim dos séculos; porém Maria, a Mãe daquele Senhor, que é a ressurreição e a vida, por privilégio especial, ressuscita ao terceiro dia depois da sua morte. A sua alma bem-aventurada torna a vir do céu, para se reunir de novo ao corpo e comunicar-lhe a glória e felicidade. Este corpo sagrado sai do sepulcro mais brilhante do que o sol, mais resplandecente do que a lua, revestido das qualidades dos corpos gloriosos, agilidade, sutileza, impassibilidade e imortalidade. Maria é isenta para sempre de todas as misérias da vida, e começa um a vida nova, que jamais há de acabar.

Regozijemo-nos com a nossa amável Mãe por esta venturosa e singular prerrogativa. Lembremo-nos muitas vezes de que também havemos de ressuscitar no último dia; mas será para o céu, para o inferno?!

Sua entrada triunfante no céu

Todas as hierarquias celestes se empenham à porfia em honrar a triunfante Assunção da Mãe de Deus: todos os espíritos bem-aventurados vêm tributar-lhe vassalagem e entoar cânticos à sua glória; todo o céu parece vestir-se de novo esplendor com a chegada de sua augusta Soberana. O mesmo Jesus Cristo sai ao encontro de sua divina Mãe, cheio de ternura e amor, e a introduz no seio da glória, no meio das repetidas aclamações de toda a côrte celeste. Deus Pai recebe com bondade a sua Filha muito amada; fá-la sentar no trono que lhe está preparado à direita de seu Filho; põe-lhe sobre a cabeça a corôa da imortalidade; estabelece-a rainha do céu e da terra; constitui-a depositária de todos seus tesouros; ordena a todas as criaturas que a honrem e sirvam como Mãe de Deus e soberana do universo.

Participemos com alegria dos sentimentos de toda a côrte celeste neste dia tão glorioso para Maria; felicitemo-la pela ventura e glória a que se acha elevada: excitemos em nossos corações vivos desejos de nos reunirmos a ela no céu; e peçamos-lhe que nos alcance, esta graça de seu divino Filho, o amantíssimo Jesus.

Glória e poder de que lá goza

A glória que a Santíssima Virgem goza no céu é proporcionada à augusta qualidade de Mãe de Deus, aos tesouros de graça de que foi enriquecida, aos merecimentos de sua longa vida, toda empregada na prática das mais heroicas virtudes, aos importantes serviços que fez a seu Filho, enfim à sublime santidade a que chegou. Por isso e muito mais elevada a sua glória do que a de todos os bem-aventurados. Colocada acima de todos os anjos e inteligências celestes e só inferior a Deus, Maria forma uma hierarquia particular, a primeira em dignidade e poder; vê abaixo de si tudo o que não é Deus, tudo o que existiu; o que existe, o que é possível à onipotência divina. E no meio de tanta glória e felicidade, não se esquece dos filhos que ainda gemem no desterro deste mundo! É protetora, rainha, mãe da Igreja e de todos os fiéis; objeto da esperança dos justos e dos pecadores: não cessa de interessar-se em nosso favor; procura a todos os que a invocam as mais saudáveis e preciosas graças.

Penetrados do mais profundo respeito, da mais viva confiança, do mais sincero amor para com esta Mãe amabilíssima, apliquemo-nos a servi-la e honrá-la constantemente, peçamos-lhe que nos proteja durante a vida e que nos introduza no céu no momento da morte.

ORAÇÃO

Divina Mãe de Jesus, eis chegado o momento em que deixais a terra para vos elevardes ao céu. Não, a terra já não merece possuir-vos, é tempo de irdes para uma habitação mais feliz, mais digna de vós. Ide, pois, amável Maria, ide receber a corôa de glória, que no mando adquiristes; ide gozar a recompensa que tão justamente merecestes; tomar posse do trono que vos está destinado. Mas. antes de vos separar dos tristes filhos, recebei as suas ternas despedidas, e dignai-vos dar-lhes um penhor da vossa proteção e amor. Ó Mãe superior a todas as mães! Dulcíssima Virgem Maria, deixai-nos o vosso coração maternal, esse coração tão terno, tão generoso, tão amável. Ficando órfãos neste vale de lágrimas, ele será para nos asilo, refúgio e socorro; será a arca santa onde nos refugiaremos, para sermos preservados do naufrágio, até que por vossa poderosa proteção tenhamos a ventura de nos reunirmos convosco no céu.

Agora se faz o Ato após a Meditação

EXEMPLO

Poder da Ave-Maria

José Recamier, um ilustre médico, uma reputação européia, tão bom cristão como notabilíssimo sábio, quando a medicina lhe parecia impotente, dirigia-se Àquele que tudo sabe curar, e tomava a Santíssima Virgem, por intermediaria.

Uma noite, concluídas as orações que ordinariamente dizia em família, anunciou que ia recitar três Ave-Maria pela conversão de um seu doente, que estava em gravíssimo perigo de vida.

Ditas as ires Ave-Maria, como para se levantar era preciso encostar o braço à cadeira, junto da qual ajoelhava, involuntariamente bateu com o relógio num dos ângulos da mesma cadeira, e, ou fosse efeito do choque ou simples coincidência, quebrou a mola real, fazendo tanto estrondo que uma das pessoas presentes perguntou:

— Que é isso?

— É o diabo que não gostou — respondeu sorrindo o religioso médico.

No dia seguinte de manhã, às 6 horas, Recamier levanta-se e corre à rua do Bac, saber notícias do enfermo por quem havia rezado. Encontra todas pessoas da casa alegres; a mãe do enfermo agradece a Recamier afetuosamente, e sua mulher aperta-lhe reconhecida a mão.

O doente pede para se sentar numa cadeira, logo que percebe o médico.

— Aproxime-se, doutor, exclama ele, aproxime-se! Agora julgo-me feliz por me haver reconciliado com Aquele que tanto amais!.. Dê- me um abraço.

O médico senta-se ao pé do doente e contam-lhe que fora o próprio Frederico que pediu que fossem chamar um padre e que, depois da confissão, pediu o Viático e a Extrema Unção.

Recamier agradece a Frederico, e declara-lhe que fez orar muita gente por sua intenção.

Cinco minutos depois, o novo convertido para no meio de um sorriso para exalar um profundo suspiro. Este suspiro fôra o último; Frederico tinha morrido.

A mãe e a esposa do enfermo passaram do júbilo às lágrimas, da felicidade ao desespero. Recamier, mostrando-lhes uma estátua da Virgem, recentemente colocada no quarto do falecido, diz-lhes:

— Coragem, senhoras, coragem: orai à Virgem Santíssima, e recordai confiadamente tudo quanto ela já tem feito por vos. O pobre Frederico estava perdido, irrevogavelmente condenado há muito tempo. A Santíssima Virgem quis que ele vivesse quase por milagre, para que se preparasse para a morte; não queria receber os sacramentos, e Nossa Senhora fez com que ele próprio os pedisse…

A propósito, a que horas lhes pediu ele que fossem chamar um padre? — perguntou Recamier.

— Ontem à noite, às 9 horas e meia.

A esta resposta, Recamier puxa pelo relógio e exclama:

— 9 horas e meia! Foi precisamente às 9 e meia que terminamos as três Ave-Maria que eu e minha família rezamos por Frederico.

Sei-o, porque o meu relógio parou nesse mesmo instante, e vede que marca 9 horas e 28 minutos!

Oh! Orai à Santíssima Virgem, minhas caras senhoras, orai e estai certas que ela vos dará a força de que precisais neste momento tão cruel.

OUTRO EXEMPLO

Rasgo de misericórdia em favor de um apóstata

Este exemplo mostra claramente até que ponto uma paixão cega, cativa e endurece as almas, e ao mesmo que Maria Santíssima é igualmente poderosa, cheia de bondade para com os que ela recorrem.

O famoso Teófilo, ecônomo da igreja de Adana, tornou-se verdadeiramente notável pela sua queda e penitência.

Era tão notória a sua virtude que quiseram elevá-lo à dignidade de bispo; porém nunca foi possível determiná-lo a aceitar tamanha dignidade. Pois apesar da sua vida exemplaríssima não faltou quem se atrevesse a acusá-lo de delapidador dos rendimentos da igreja cuja direção lhe estava confiada, e foi tão longe a calúnia que o Prelado o demitiu de tão importante cargo. Tamanha afronta feriu vivamente a Teófilo e, despertando-lhe sentimentos de vingança, fez-lhe abrir o coração a esta terrível paixão que, não se sentindo combatida, se lhe arraigou tão profundamente na alma que chegou a fazer deste santo padre, um desgraçado apóstata. Resolvido a vingar-se, nada o deteve, chegou até a recorrer ao inferno para a realização dos seus malignos desejos. Um impio judeu a quem Teófilo pediu o auxílio, prometeu prestar-lh’o com a condição porém de que havia de fazer quanto ele lhe ordenasse. Aceite o contrato, levou-o durante a noite a uma praça pública prevenindo-o de que se não assustasse com o que ia ver, e principalmente de que não fizesse o sinal da cruz.

Teófilo, ainda que aparentemente tranquilo, sentiu-se dominado pelo terror, à vista do espetáculo que se lhe apresentou. Viu no meio de numerosa assembleia o demônio sentado sobre um trono. O judeu disse a Teófilo que se aproximasse dele, e implorou em seu auxílio o poder do príncipe das trevas, que lh’o concedeu com a condição de renunciar a Jesus e a Maria.

Esta proposta fez estremecer o sacerdote, mas sequioso de vingança, escreveu e assinou a renuncia.

Entretanto, a Providência permitia que o bispo convencido da falsidade de acusação chamasse Teófilo à sua igreja, para lhe fazer uma pública reparação e restituir-lhe o cargo.

Este procedimento tão digno consolou-o sobremodo da afronta que recebera, mas fazendo-lhe conhecer também a enormidade da sua apostasia, despertou-lhe remorsos, que em vão tentou abafar.

Aterrado com a ideia do julgamento divino, afligia o corpo com austeras penitências, sem contudo ver brilhar um único raio desperança; sobretudo o que mais o atormentava era a ideia de ter renunciado à sua divina Mãe, Maria Santíssima, que teria sido o único recurso para obter o perdão de tão
enorme crime. Contudo, meditando na incomparável misericórdia de Maria, animou-se a implorar o seu socorro, para se salvar do profundo abismo em que se lançara.

Dirigindo-se para uma capelinha que lhe era consagrada, ali, ante a sua bendita imagem, derramando torrentes de lágrimas, e rojando a face por terra exclamou com vivíssima dor:

— Oh! Virgem Santa, refúgio dos pecadores, confesso à face do céu e da terra que o crime que cometi para convosco e para com o vosso divino Filho, me torna indigno da graça que venho implorar: mas animado pela recordação da vossa extrema bondade, peço-vos por essa incansável misericórdia com que vos comprazeis em socorrer ainda os maiores pecadores, que tenhais compaixão deste desgraçado, aplaqueis o vosso divino Filho, tão justamente irritado contra mim, e lhe apresenteis as minhas lágrimas e a sincera resolução que tomei de para o futuro, viver e morrer fiel ao seu santo serviço!

Por espaço de 40 dias continuou Teófilo as suas orações e penitências, até que a augusta Mãe de Deus se dignou aparecer-lhe, e fazendo-lhe notar a gravidade do seu crime, o obrigou a pronunciar uma nova profissão de fé, principalmente sobre a divindade de Jesus e a Sua suprema qualidade de Juiz dos vivos e dos mortos. Teófilo cumpriu isto com a mais viva convicção e arrependimento, e Maria, prometendo-lhe interceder por ele, desapareceu.

O penitente continuou as suas súplicas e austeridades, prostrado ante a imagem dAquela de quem esperava a eterna salvação, até que a Santíssima Virgem aparecendo-lhe novamente lhe disse com um terno sorriso:

— Consola-te, meu filho; apresentei a Deus as tuas lágrimas, orações e penitências e Ele se dignou recebê-las favoravelmente. Agora conserva até à morte a fidelidade que juraste a mim e a meu Filho.

Esta graça por tanto tempo esperada, inundou de alegria a alma do sacerdote, mas a recordação do ato de renúncia que deixara nas mãos de satanás, veio em breve atormentá-lo.

Recorreu novamente a Maria pedindo-lhe com inteira confiança que lhe restituísse esse funesto documento, e, decorridos três dias, despertando de madrugada, encontrou-o sobre o peito. Teófilo se dirigiu, então à igreja aonde o Prelado dizia missa, e lançando-se-lhe aos pés, contou-lhe tudo quanto se havia passado, e entregando-lhe o funesto documento, pediu-lhe que o fizesse ler diante da numerosa assembleia.

O digno prelado, comovido, levantou Teófilo, e abraçando-o ternamente, deu graças ao divino Salvador e à sua Santíssima Mãe, fazendo em seguida queimar o fatal papel na presença dos fiéis que exclamavam com transportes de alegria e compaixão:

— Senhor compadecei-Vos dele!

Por fim o bispo, ordenou silêncio, e acabou a missa ministrando a comunhão ao ilustre penitente. Este, recebendo o Corpo do Cordeiro Imaculado, retirou-se novamente para a capela aonde tinha obtido o perdão de seus crimes, e ali, depois de algumas horas de oração, sentiu os primeiros sintomas de uma enfermidade que lhe anunciava que Deus o ia chamar para si.

Com efeito, passados alguns dias exalou o último suspiro, publicando até ao último momento da sua vida os santos louvores de Deus e de sua divina Mãe.

LIÇÃO
Sobre a recompensa do Céu

Ninguém entra no céu sem primeiro se santificar.

Não é à nobreza, nem às riquezas, nem aos talentos que Deus concede o prêmio da bem-aventurança; mas sim ao santo uso que se faz destes bens; aos merecimentos que se granjearam na vida.

“Deus não faz excepção de pessoas. A cada um retribuirá conforme as suas obras”

As almas que forem mais virtuosas e perfeitas na terra, são as mais elevadas e distintas no céu.

O sublime trono em que Maria está elevada na glória, não é simples e gratuito dom de Jesus a sua Mãe; era devido a quanto ela praticou, correspondendo fielmente às graças que recebeu.

Deus julga de modo muito diverso do que homens: estes, as mais das vezes, param nas aparências, no exterior. Deus é o único que aprecia exatamente o mérito e a virtude.

Destina-vos grandes recompensas, mas quer que as mereçais. Para as merecerdes prodigaliza-vos graças e socorros; se usardes bem deles, terão efeito as suas promessas.

Deus tem uma conta fiel de quanto obrais por Seu amor: até um copo de água dado em Seu nome terá prêmio.

Quanto vos deve consolar servir a um Senhor tão bom, tão generoso e magnífico!

O mundo a quem tanto se deseja agradar, premeia mal os seus servos; mas vós podeis dizer com São Paulo:

“Sei em quem confio: estou certo de que não se perderá o depósito dos meus merecimentos nas mãos do justo Juiz a quem sirvo”

Máxima Espiritual

“Não será coroado senão o que combater como deve” – São Paulo Apóstolo

Jaculatória

Regina Confessorum, ora pro nobis

Rainha dos Confessores, rogai por nós

Agora se faz as Encomendações e outras Orações


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(SILVA, Pe. Martinho António Pereira da. Flores a Maria ou Mês de Maio consagrado à Santíssima Virgem Mãe de Deus. Tipografia Lusitana, Braga, 1895, 7.ª ed., p. 362-373)